A defesa de Mary Hellen Coelho Silva tem a expectativa do perd�o real para a jovem de 22 anos, condenada a 9 anos e 6 meses de pris�o na Tail�ndia, por tr�fico internacional de drogas. As advogadas e a fam�lia da mineira de Pouso Alegre receberam a not�cia sobre a pena aplicada pela corte tailandesa com um certo 'al�vio'.
“N�s recebemos com, n�o vou dizer felicidade, mas al�vio. � o momento que a defesa respira com certo al�vio em raz�o dessa condena��o, dessas informa��es prestadas pelo agente consular”, contou a advogada Kaelly Cavoli.
A senten�a foi proferida no domingo (8/5), mas apenas foi comunicada pelo consulado brasileiro para a defesa da jovem por e-mail na madrugada desta quinta-feira (12). Os advogados agora aguardam o recebimento da condena��o integral para darem os pr�ximos passos.
“N�s n�o obtivemos ainda a senten�a integral. O que obtivemos foi uma resposta a um e-mail que encaminhamos cobrando esse posicionamento. Ent�o o funcion�rio da embaixada nos relata que entrou em contato com o funcion�rio da corte e que a Mary Hellen foi condenada”, explicou Kaelly.
“Ela foi assistida por um defensor p�blico l�, nomeado pela pr�pria corte, por�m n�s acompanhamos todo esse processo, juntada de provas, aquilo que se fez necess�rio para demonstrar a menor participa��o da Mary Hellen poss�vel”, complementou.
Em entrevista ao Terra do Mandu nesta quinta-feira (12/5), a advogada afirmou que a condena��o abre uma janela de oportunidades para recursos, e os anos de reclus�o que ela pegou foram divididos em dois, por crime civil, e sete anos e seis meses, por crime penal.
O que pode ajudar para que um perd�o seja conseguido � o anivers�rio do rei da Tail�ndia, Maha Vajiralongkorn, a ser comemorado no dia 28 de julho. Ele est� no trono desde 2019 e costuma abrir exce��es para alguns crimes durante as celebra��es, segundo explicou a advogada.
"Todos os anivers�rios do Rei, que � 28 de julho, ele consegue para v�rios estrangeiros e tamb�m para penados ali do pa�s, o que chamamos de perd�o real. E n�s estamos com certa expectativa neste momento que esse perd�o se estenda tamb�m para a Mary Hellen”.
“O pedido do perd�o real j� est� sendo confeccionado; n�s come�amos a trabalhar nele, trazendo elementos da Mary Hellen, e estaremos encaminhando para a Tail�ndia para tentarmos essa possibilidade a priori”.
Sobre o pedido de extradi��o, a advogada afirmou que ser� solicitado em caso da n�o concess�o do perd�o. Ela explicou que se trata de uma situa��o mais complexa, com necessidade de pelo menos se ter em m�os a senten�a condenat�ria.
“O pedido de extradi��o � um pedido um pouco mais complexo do que o de perd�o real, por�m n�s precisamos aguardar ter em m�os a senten�a condenat�ria, que � esse documento que traz subst�ncias para que a defesa possa se alocar at� mesmo nesse pedido de extradi��o”.
“Posterior a isso, podemos pensar nesse pedido de extradi��o, caso a pena seja reduzida, at� porque essa pena de 9 anos e 6 meses � compat�vel com a legisla��o brasileira, onde a pena por tr�fico de drogas vai de 5 anos at� 15 anos, o que talvez facilitaria o nosso pedido de extradi��o”.
Por outro lado, o Itamaraty, por meio da Embaixada em Bangkok, afirmou que foi informado da condena��o e acompanha a situa��o, prestando-lhe toda a assist�ncia cab�vel, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e a legisla��o local.
�ntegra do e-mail do consulado
“A embaixada foi avisada ontem, 11/5, por telefone, sobre a audi�ncia de Mary Hellen Coelho Silva perante a Corte de Samut Prakan, realizada no dia 8/5. O funcion�rio que informou a embaixada afirmou que a audi�ncia foi agendada com um dia de anteced�ncia, raz�o pela qual n�o teria sido poss�vel alertar as partes interessadas antecipadamente”.
“De acordo com o funcion�rio da Corte, Mary Hellen foi condenada a 9 anos e 6 meses de pris�o (divididos em: 2 anos, por crime civil; e 7 anos e 6 meses, por crime penal). A brasileira teria sido assistida por defensor p�blico nomeado pela pr�pria Corte. O setor consular est� tentando, desde ontem, obter c�pias dos documentos da senten�a da brasileira”.
Relembre o caso
Mary Hellen foi detida ao chegar no aeroporto de Bangkok, capital da Tail�ndia, em 13 de fevereiro. Ela estava acompanhada de um rapaz, de 27 anos, que � paranaense. Os dois embarcaram juntos no aeroporto de Curitiba.
Conforme comunicados das autoridades do pa�s asi�tico, o sistema de raio-x mostrou que nas tr�s malas usadas pelo casal havia cerca de nove quilos de coca�na.
Um terceiro brasileiro, de 24 anos, foi preso no mesmo dia em Bangkok, com mais seis quilos de coca�na. Ele estava em outro voo, que tamb�m tinha partido de Curitiba.
Pris�o de poss�vel aliciadora
Na semana passada (05/05), a Pol�cia Federal prendeu, em Curitiba (PR), uma mulher apontada como aliciadora dos brasileiros presos na Tail�ndia por tr�fico internacional de drogas.
Um v�deo junto ao processo da PF na opera��o ‘ONG BAK’ mostra Mary Hellen junto com o rapaz e uma mulher, que seria a aliciadora, momentos antes do embarque no aeroporto de Curitiba.
Investiga��o
As investiga��es da Pol�cia Federal tiveram in�cio logo ap�s a pris�o dos brasileiros em Bangkok e apontaram que os dois homens j� haviam viajado para o exterior, antes do per�odo da pandemia de Covid-19, em situa��es que denotam que estariam transportando drogas.
A reportagem do Terra do Mandu conversou com a advogada Kaelly Cavoli. Segundo ela, Mary Hellen ainda n�o � investigada pela Pol�cia Federal.
A Pol�cia Federal examina a possibilidade de requerer � Justi�a Federal a extradi��o dos presos na Tail�ndia, para que respondam pelos crimes praticados no Brasil. A advogada de Mary Hellen refor�a esse pedido para que a jovem volte ao Brasil.
Primeira chamada de v�deo e morte da m�e
No �ltimo dia 26 de abril, Mary Hellen fez a primeira v�deo chamada do pres�dio em Bangkok com a irm� Mariana Coelho, que est� em Pouso Alegre. Desde que foi presa, a jovem tinha conseguido enviar apenas uma carta, escrita por terceiros.
A m�e de Mary Hellen, Thelma Coelho, faleceu no dia 13 de abril, dois meses ap�s a pris�o da filha. A fam�lia conseguiu avisar a jovem ap�s cinco dias, devido �s dificuldades de comunica��o com o consulado brasileiro em Bangkok.
Iago Almeida - Especial para o Estado de Minas