
O frio em Belo Horizonte tamb�m tem afetado em cheio quem vive em situa��o de rua. Desde a busca por um lugar para fazer de abrigo at� tra�ar estrat�gias para n�o ficar sem o �nico cobertor s�o alguns dos desafios enfrentados por essas pessoas.
“Esse per�odo de chuvas e frio � o pior. Ontem (segunda-feira, 16/05), colocamos nossa barraca em uma marquise ali na Amazonas para tentar nos proteger da chuva. Hoje de manh�, um comerciante veio e ligou uma mangueira em cima da nossa barraca. Tivemos que sair de l� escorra�ados”, contou uma mulher, de 32 anos, que preferiu n�o se identificar.
Ela e o companheiro vivem nas ruas h� mais de sete anos e armaram uma barraca na avenida Augusto de Lima, esquina com a Pra�a Raul Soares, no hipercentro de Belo Horizonte. O casal conta que at� tentou ir para um abrigo p�blico, mas n�o conseguiram porque a cachorrinha deles n�o � aceita nos espa�os.
O casal tamb�m reclamou de brigas e restri��o de hor�rios nesses locais, al�m de n�o encontrar abrigos para marido e mulher. “A gente aprende a se virar. Mas muitos n�o conseguem”, diz o homem, de 37 anos.
Quem n�o tem barraca se vira com papel�o e cobertores para driblar o frio. � o caso de um homem, de 42 anos, que tamb�m n�o quis se identificar. H� cerca de sete anos nessa condi��o, ele costuma dormir na Rua dos Tamoios, esquina com a Avenida Paran�. Sem emprego, ele afirma que precisa se virar como pode, j� que n�o gosta de abrigos.
“Eu j� fui para o abrigo, mas os hor�rios s�o ruins. Para ir tenho que chegar �s 17h. �s vezes, a gente quer fazer alguma coisa, pegar um bico para fazer um dinheiro e n�o consegue. Conto com doa��es de cobertores e roupas de frio que ajudam bastante nessa �poca”, contou.
E s�o as cobertas uma das maiores necessidades dos moradores de rua. Tanto que M�rcio L�cio Pacheco, de 51 anos, que fica na Pra�a Raul Soares, precisa ter estrat�gias para n�o ficar sem o dele. “Tenho algumas cobertas que guardo na barraca. A gente deixa escondido para ningu�m pegar. Frio � sempre dif�cil", disse.
Em rela��o ao frio, afirma que j� se acostumou. Inclusive, na manh� dessa segunda-feira (16/5), aproveitou para lavar t�nis e roupas na �gua gelada da fonte localizada na Pra�a Raul Soares.
Prefeitura da Capital refor�a a��es de prote��o
Com a previs�o da chegada de uma onda de frio, a prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que refor�ou as estrat�gias de prote��o da popula��o em situa��o de rua. Nesse per�odo, ser� adotado um plano de conting�ncia que utilizar� a estrutura do Centro de Opera��es (COP) do munic�pio.A estrutura do COP, que no cotidiano j� � usada em regime de plant�o de 24 horas, acionar� as equipes de atendimentos intersetoriais sempre que necess�rio. A sala de controle integrado do �rg�o municipal compartilhar� o fluxo e as orienta��es com todos os agentes de campos p�blicos no plant�o noturno, inclusive nos fins de semana.
A inten��o da medida � que qualquer agente p�blico que presencie ou perceba uma emerg�ncia possa ser orientado a solicitar apoio e interven��o imediata.
Ao todo, est�o mobilizadas as secretarias de Assist�ncia Social, Seguran�a Alimentar e Cidadania, Sa�de e Seguran�a e Preven��o, al�m da Defesa Civil. A Guarda Municipal e o COP est�o respons�veis por fazer monitoramento intenso nos pr�ximos dias e as articula��es necess�rias para o acolhimento desse p�blico.
Al�m disso, as equipes de servi�o especializado "Abordagem Social", "Consult�rio na Rua" e "BH de M�os Dadas", que atuam nas nove regionais de BH, intensificar�o a sensibiliza��o e orienta��es quanto � prote��o dessas pessoas nos dias mais frios, especialmente no per�odo noturno. As equipes tamb�m refor�ar�o o encaminhamento �s unidades de atendimento e a entrega de cobertores.
Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirma que foi feito um monitoramento especial de ocupa��o de vagas nas unidades de acolhimento. Se necess�rio, haver� amplia��o emergencial nas estruturas j� existentes. Atualmente, de acordo com a prefeitura, Belo Horizonte conta com 600 vagas di�rias de acolhimento na modalidade casa de passagem, com oferta de alimenta��o, higieniza��o, guarda de pertences e pernoite.
“Caso a ocupa��o chegue � totalidade, ser�o utilizadas as estruturas de hospedagens parceiras, preparadas para o acolhimento humanizado desta popula��o. Os servi�os municipais de plant�o ter�o acesso �s vagas em tempo integral, facilitando o encaminhamento e aloca��o de indiv�duos que busquem o acolhimento”, informou.
Al�m disso, nos servi�os de sa�de, o protocolo especial est� ativado e, desse modo, agentes p�blicos em campo, de qualquer �rea, que notarem sinais de hipotermia ou agravos em alguma pessoa em situa��o de rua, devem fazer o encaminhamento imediato, por meio das Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou SAMU. Os postos de sa�de est�o igualmente dispon�veis no per�odo diurno e para outros problemas, como sintomas gripais ou de COVID-19.
A popula��o tamb�m pode auxiliar, caso note alguma emerg�ncia durante a noite, acionando o 153, telefone de plant�o do Centro de Opera��es. Este plant�o deve ser utilizado para emerg�ncias apenas no per�odo noturno. Para solicita��es de atendimento que n�o s�o imediatas, a solicita��o pode ser feita no site da prefeitura.
A PBH informou que “a oferta de alimenta��o tamb�m passa por adequa��es nutricionais com card�pios preparados para esta��o do inverno, tanto nos Restaurantes Populares quanto nas unidades de acolhimento”.
* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Rafael Arruda