
O domingo ser� de festa em Belo Vale, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, para celebrar o t�rmino da restaura��o da Capela Nossa Senhora da Boa Morte, joia do s�culo 18 localizada no distrito de Boa Morte. Na programa��o de entrega do templo � comunidade, est� prevista missa �s 10h, celebrada pelo titular da Par�quia S�o Gon�alo, padre Wellington El�dio Nazar� Faria.
A comemora��o inclui carreata pelo distrito, para levar ao templo seis imagens tamb�m restauradas, incluindo a da padroeira daquele que � um dos n�cleos populacionais mais antigos da Serra da Moeda. No acervo, est�o Nossa Senhora do Carmo, Santa Efig�nia, S�o Sebasti�o, S�o Benedito e Santo Ant�nio, homenageado em v�rias cidades de Minas no dia seguinte, 13 de junho.

“� um momento importante para a comunidade, que sempre defendeu seu patrim�nio religioso e hist�rico. Est�o todos muito animados para a acolhida �s imagens e o cortejo de celebra��o do final do restauro. Temos, agora, mais duas obras em restaura��o, que s�o a Capela de Santana, com previs�o de t�rmino em setembro, e a Matriz de S�o Gon�alo, com previs�o este m�s de in�cio dos altares colaterais e do arco-cruzeiro, para conclus�o de todo o servi�o ainda este ano”, disse, ontem, o padre Wellington.
QUILOMBOLA
Tradi��es, ancestralidade e hist�ria se unem no distrito de Boa Morte, onde a comunidade quilombola, reconhecida pela Funda��o Palmares em 2007, tem na capela dedicada a Nossa Senhora da Boa Morte um dos seus maiores tesouros. Erguido antes de 1731, o templo, situado a seis quil�metros do Centro do munic�pio, demandou um ano de obras, a cargo do Grupo Oficina de Restauro, com acompanhamento do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, coordenado por Goretti Gabrich.
O restaurador Adriano Ramos, respons�vel pelo trabalho no interior da constru��o, ap�s contrato firmado pelo Grupo Oficina de Restauro com a Arquidiocese de BH, explicou que os estragos eram enormes, tanto que o forro da capela-mor perdeu a pintura devido � entrada de �gua da chuva, durante muitos anos. “As pinturas originais se perderam, sendo mantida a aplicada na primeira reforma da decora��o interna.”

Tombada pelo munic�pio de Belo Vale e pertencente � Par�quia S�o Gon�alo, a Capela Nossa Senhora da Boa Morte teve as obras civis (estrutura e arquitetura) conclu�das em 2016. Na �poca, ficou � frente da interven��o a Associa��o do Patrim�nio Hist�rico, Art�stico e Ambiental de Belo Vale (Aphaa-BV), seguindo recomenda��es do Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), que pediu provid�ncias para o bem n�o ruir.
Na atual fase, com recursos do Fundo de Direitos Difusos/Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social (Sedese), a equipe de restauradores trabalhou, al�m do altar-mor, nos ret�bulos colaterais, p�lpito, pia batismal, pias de �gua benta, arco-cruzeiro e 25 imagens de madeira policromada e gesso. “O forro da capela-mor foi totalmente refeito, pois n�o se aproveitou nada”, explica Adriano.
Uni�o para proteger tesouro de 300 anos
Natural de Belo Vale e integrante do Conselho Municipal do Patrim�nio Hist�rico, Cultural, Art�stico e Natural, o jornalista e ambientalista Tarc�sio Martins destaca a import�ncia da Capela Nossa Senhora da Boa Morte para os moradores. Pesquisador da hist�ria local, ele prepara um livro, a ser lan�ado ainda este ano, intitulado “Vest�gios coloniais e hist�rias de Boa Morte e arredores”. “Temos aqui uma comunidade quilombola de mais de 200 anos e uma capela quase tricenten�ria. Esse � um dos n�cleos mais antigos da regi�o da Serra da Moeda”, afirma.

No restauro da capela, jovens da comunidade atuaram como auxiliares de restaura��o. Em entrevista ao Estado de Minas, quando foi retratada a condu��o das obras, a moradora Tainara Isabela Ferreira, de 22 anos, satisfeita com o projeto, afirmou: “Trabalhar aqui � preservar nossa hist�ria”. Tamb�m estreante no of�cio, Marcelo Ces�rio Maia falou sobre o desafio “presente nos detalhes”, que estava sendo vencido com paci�ncia e aprendizado.
Conforme pesquisa do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, coordenado por Goretti Gabrich, a Capela Nossa Senhora da Boa Morte, em 1857, encontrava-se subordinada a S�o Gon�alo da Ponte, atual Belo Vale. Atualmente, o frontisp�cio traz gravado o ano de 1760, e consta que pertenceu �s freguesias de Congonhas e de Bonfim, sob cuja jurisdi��o ficou at� 1911.

O Arquivo Eclesi�stico de Mariana, no Livro de Batizados da Matriz Nossa Senhora da Concei��o de Congonhas, registra cerim�nias de batismo celebradas na capela j� em 1731, em sua maioria de filhos de escravos. No hist�rico do processo de tombamento municipal, h� informa��es que vinculam a cria��o do primitivo Arraial da Boa Morte a uma �rea de fortifica��o militar conhecida como Forte das Casas Velhas, hoje em ru�nas e situado em �rea pertencente a uma mineradora.