
O inc�ndio na Santa Casa de Belo Horizonte na noite de segunda-feira levou duas v�timas j� identificadas � morte, obrigou a hospitaliza��o de dezenas de funcion�rios e ainda ter� um impacto significativo no sistema de sa�de da capital e do estado. O hospital tem um papel fundamental no atendimento de pacientes do Sistema �nico de Sa�de e a falta de leitos em momento de aumento de casos de doen�as respirat�rias preocupa. Segundo os bombeiros, as chamas come�aram ap�s a pane de um aparelho em um leito do Centro de Terapia Intensiva (CTI), no 10º andar do hospital. Todos os 50 leitos do setor est�o interditados por tempo indeterminado. A Pol�cia Civil abriu inqu�rito para investigar o incidente e a pr�pria institui��o anunciou que vai contratar equipe t�cnica para apurar as causas do inc�ndio.

Para o infectologista e membro do Comit� Popular de Combate � COVID-19 de BH Carlos Starling, a perda de tantos leitos na capital preocupa diante do cen�rio de aumento de casos, n�o apenas da infec��o provocada pelo coronav�rus, mas de doen�as respirat�rias em geral. O m�dico, no entanto, afirma que ainda h� uma margem razo�vel entre a oferta e a demanda por vagas de interna��o na cidade.
“Apesar dos casos em alta, em fun��o da vacina, n�o estamos tendo tanta necessidade de interna��o. Por�m, qualquer redu��o de vagas no momento em que se tem demanda em alta � preocupante e estamos falando de 50, existem hospitais inteiros que n�o t�m tantos leitos. � importante que a cidade tenha um plano de conting�ncia, porque a situa��o pode piorar rapidamente”, avalia.
A presidente do Conselho Municipal de Sa�de de BH, Carla Anunciatta, compartilha da preocupa��o de Starling. Ela informa que o conselho se reunir� hoje para discutir o tema e enviar� uma demanda � Secretaria Municipal de Sa�de com os pontos apontados.“Faremos um pronunciamento e vamos solicitar as medidas necess�rias, porque isso impacta muito a rede. A Santa Casa � um equipamento muito importante”.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) disse que j� trabalha na busca de vagas em outras institui��es da rede e monitora a solicita��o de leitos na cidade. A Secretaria de Estado de Sa�de (SES-MG) informou que, na pr�xima semana, vai abrir novos leitos de tratamento semi-intensivo no Hospital Eduardo de Menezes para suprir a necessidade moment�nea.
CRUCIAL NO Setor A Santa Casa de Belo Horizonte � a unidade de sa�de com maior n�mero de leitos destinados ao SUS do estado, com mais de mil vagas. Dados do hospital apontam que mais de 80% dos munic�pios mineiros t�m pacientes atendidos por sua estrutura anualmente, o que a torna crucial para todo o sistema de sa�de.
Carlos Starling ressalta que, al�m das doen�as respirat�rias, existe uma demanda represada para outros tratamentos que ficaram em segundo plano durante a pandemia. Ele avalia que a perda de leitos na Santa Casa pode significar um efeito cascata em outras unidades que atendem o sistema p�blico de sa�de. “A Santa Casa de BH � um hospital que tem uma import�ncia estrat�gica enorme para a cidade e para o estado. � hora de dar as m�os e ajudar. As santas casas, em geral no Brasil, vivem uma situa��o muito complicada financeiramente e t�m um papel important�ssimo no atendimento � popula��o brasileira como um todo. N�o podem nunca ser negligenciadas”, aponta.
Em entrevista ao Estado de Minas, o diretor-jur�dico da Santa Casa, Jo�o Costa, disse que o hospital tentar� retomar o ritmo normal de forma gradativa, mas n�o h� previs�o para que os leitos sejam restabelecidos. “No CTI do 10º andar, temos cinco unidades, com 10 leitos em cada uma e o inc�ndio aconteceu em uma das unidades. Um leito ficou carbonizado e outros dois tamb�m tiveram avarias devido ao inc�ndio. Ainda estamos avaliando as condi��es para os demais voltarem a funcionar. Precisamos antes entender o motivo do inc�ndio para reativar o funcionamento no andar”, disse.
CIRURGIAS SUPENSAS As cirurgias eletivas, que foram temporariamente suspensas na Santa Casa, devem voltar de forma mais r�pida. Como 29 dos pacientes do CTI tiveram de ser remanejados para outras �reas dentro do hospital ap�s o inc�ndio, os blocos cir�rgicos foram aproveitados para dar suporte aos casos que precisam de uma estrutura mais completa. Segundo Jo�o Costa, a normaliza��o desses procedimentos ser� mais breve.
*Estagi�rios sob supervis�o da subeditora Rachel Botelho