
Os focos de inc�ndio que j� atingem as matas em Minas Gerais, com destaque para a regi�o da Serra do Cip�, deixam as equipes de combate a trag�dias em alerta. As queimadas ainda est�o dentro do n�vel normal, segundo o Corpo de Bombeiros, apesar de mais de 300 focos de inc�ndio terem sido registrados por brigadistas. A sequ�ncia de alta em inc�ndios nos �ltimos anos, no entanto, demandou uma atitude in�dita. Pela primeira vez, Minas Gerais vai contar com o efetivo da For�a Nacional para apoio no combate a queimadas.
Cerca de 70 homens especializados em �reas de preven��o e combate a inc�ndios florestais chegam a Minas a partir de 18 de julho. Eles integram a Opera��o Guardi�o dos Biomas, iniciativa do Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica que vai atuar ainda em outros 14 estados. O efetivo que chega � uma estrat�gia de preven��o, conforme orienta o capit�o Warley de Paula Vieira Barbosa, do Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Respostas a Desastres, do Corpo de Bombeiros. “Inc�ndio n�o � algo que a gente consegue definir para se preparar para o pior cen�rio, ent�o estamos nos precavendo”, diz. Mas ele reitera que a situa��o n�o deixa de ser preocupante.
O capit�o Warley de Paula lembra que atear fogo em matas e florestas e causar inc�ndios ou queimadas � um crime sujeito a pena de reclus�o de seis meses a 4 anos, al�m de multa.
Serra do Cip�
Cinco dias ap�s o in�cio dos focos de inc�ndio na �rea do Parque Nacional da Serra do Cip�, na regi�o Central de Minas Gerais, � poss�vel observar �reas queimadas at� mesmo no acostamento da estrada que atravessa a reserva ambiental. O avan�o das queimadas foi presenciado pela reportagem do Estado de Minas. O combate ao fogo, entretanto, � feito quase sempre em locais de dif�cil acesso, por uma rede de brigadas volunt�rias que conta com o aux�lio de helic�pteros.
“Daqui em diante a tend�ncia � piorar. H� qualquer momento pode acontecer. Os meses de agosto e setembro s�o os mais cr�ticos”, declarou o m�sico Vilmar Aparecido, que h� dez anos � integrante da Brigada Volunt�ria da Lapinha, mais conhecida como Guardi�es da Serra.
Temor parecido � manifestado pelo capit�o Warley de Paula, do Batalh�o de Emerg�ncias Ambientais e Respostas a Desastres. “Esse per�odo que se inicia agora � preocupante por causa da falta de chuvas, do aumento nas temperaturas, da diminui��o da umidade relativa do ar. A vegeta��o fica mais seca e propensa a inc�ndios”, explicou. Ele pontua, no entanto, que o mais preocupante � a a��o humana, ou seja, pessoas que colocam fogo e causam inc�ndios, sejam intencionais ou n�o.

Mobiliza��o
Desde muito cedo, dedicados integrantes de outras brigadas de volunt�rios atuavam no combate ao fogo, com destaque na regi�o entre o Alto Pal�cios e a Serra dos Alves. Pelas redes sociais, eles se demonstravam assustados com o avan�ar dos estragos. “Nem chegamos no auge da seca, por�m nossa serra est� queimando de todos os lados, assustador”, dizia uma mensagem. A mobiliza��o tem sido constante entre as equipes. Al�m das duas entidades, tamb�m participaram dos combates a Brigada do ParnaCip�, Brigada do Parque da Serra do Intendente e Brigada de Concei��o do Mato Dentro.
Apesar dos epis�dios recorrentes, os moradores da comunidade do Parque Nacional da Serra do Cip� n�o demonstraram tanta preocupa��o. Pr�ximo � entrada principal, um jovem disse que n�o viu nenhum inc�ndio ao longo dos �ltimos dias, mas que eles s�o comuns nesta �poca do ano. Na avenida principal, o atendente de um restaurante tamb�m n�o soube dizer onde estavam os focos de fogo. J� a funcion�ria de uma loja de bebidas disse que seu pai, que trabalha no mirante vendendo cocos, saberia passar informa��es. Cerca de dez minutos depois, l� estava Samuel Fernandes de Ara�jo, sentado no muro que d� vista para boa parte da Serra do Cip�, ao lado do seu carro de coco. “Eu tamb�m j� fui brigadista volunt�rio durante anos. Hoje apenas ajudo os demais integrantes informando quando vejo focos de inc�ndio aqui do mirante”, revelou.
A semana foi intensa e os colaboradores se revezam em turnos. Claudiney Luiz Da Silva disse que chegou em casa na noite da �ltima sexta-feira, por volta de 20h, ap�s mais um dia de combate. "Os fogos no momento est�o extintos, mas a qualquer momento pode aparecer. O ano est� at�pico, com muito sereno, vegeta��o bem seca e muito vento", explicou.
Organismo Vivo
A for�a-tarefa criada no ano passado pelo governo estadual para combate a inc�ndios criminosos voltou a ser demandada na temporada atual. Desde junho, os trabalhos est�o sendo realizados em v�rias partes de Minas, e seguem at� outubro. As atividades envolvem a Pol�cia Militar, Pol�cia Civil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) e Instituto Estadual de Florestas (IEF).
Para o tenente-coronel Sandro Vieira Corr�a, coordenador estadual adjunto de Defesa Civil, o �ndice atual de inc�ndios est� dentro da m�dia dos anos anteriores. “Mas o planeta � um organismo vivo e n�o temos condi��es de fazer estimativas”, avalia. “Ningu�m imaginava que ter�amos um per�odo chuvoso t�o grave no in�cio do ano com 450 cidades em situa��o de emerg�ncia”, completa.