
Segundo o Pai Murilo de Oxal�, da Casa Fraternidade Jesus Amigo, no total foram cinco atos de viol�ncia em dois meses em templos de matriz africana na cidade, motivos para que as den�ncias feitas em boletins de ocorr�ncia cheguem ao conhecimento da popula��o.
“Queremos tornar nossa den�ncia p�blica e tamb�m conscientizar as pessoas de que intoler�ncia religiosa � crime. Acredito que para construir uma sociedade justa precisamos de romper com o preconceito e o conhecimento � um bom in�cio para interromper esse ciclo”.
Pai Murilo de Oxal� conta que � a primeira vez que as 12 casas de religi�es afro v�o se reunir na cidade. Durante o manifesto “Respeite meu Ax�” ter�o cantos em l�ngua portuguesa comuns na umbanda e tamb�m cantos na l�ngua iorub�, utilizados no candombl�, como forma levar ao conhecimento as tradi��es das religi�es.
Os ataques
A filha da casa Il� As� Od� Ay� - que em portugu�s significa “A casa de felicidade” - Lav�nia Ferraz Dofona de Oy�, conta que o templo religioso existe desde 2015 em im�veis alugados e que os ataques come�aram ap�s o in�cio da constru��o da sede em um terreno comprado.
Ela relata que o primeiro ataque de intoler�ncia religiosa ocorreu no dia sete maio deste ano em que foram furtados e destru�dos materiais de constru��o e divindades sagradas do candombl� foram quebradas. O segundo ataque foi poucos dias depois quando os autores voltaram ao local e furtaram as imagens.
“N�o t�m palavras que descrevam o que sentimos, quebraram a representa��o f�sica do nosso orix�, foi a mesma coisa de quebrar um membro da nossa fam�lia. Fizemos um boletim de ocorr�ncia, a pol�cia foi de imediato, mas at� hoje os autores n�o foram identificados”, disse.
Para dar continuidade � constru��o do templo, o dirigente do Il� As� Od� Ay�, o babalorix� Joaquim de Ox�ssi, est� fazendo rifas, vaquinhas e recebendo doa��es. “A nossa casa � simples, mas foi fruto de muito trabalho e que agora precisa de apoio”, explica.
Outros tr�s atos de intoler�ncia religiosa aconteceram na Fraternidade Jesus Amigo. Segundo o pai de santo Murilo de Oxal�, o primeiro ataque foi em 11 de junho quando foram arrancadas as plantas utilizadas nos rituais sagrados. Na segunda a��o de vandalismo, as plantas foram novamente arrancadas e pe�as do assentamento de exu – uma esp�cie de altar – foram quebradas.
Na terceira vez, as plantas voltaram a ser alvo e novamente o assentamento do orix� foi destru�do.
O pai de santo conta que a comunidade lida constantemente com o preconceito religioso e assim muitos atos criminosos n�o s�o denunciados na pol�cia “por j� estarem acostumado com as ofensas”, mas devido ao furto e destrui��o dos objetos dos cultos, ele sentiu a necessidade de unir for�as com os outros terreiros da cidade.
“Agora queremos criar em Esmeraldas uma rede de apoio a outras pessoas que est�o sofrendo o mesmo que a gente, ou que poder�o a vir a sofrer at� que a nossa religi�o seja respeitada e o respons�vel pelas a��es criminosas seja identificado e a justi�a feita”, protesta.