Beleza de quedas d'�gua e bares flutuantes est�o entre os trunfos do turismo na regi�o (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press - 14/1/22)
A represa da hidrel�trica de Furnas foi instalada como alternativa energ�tica para o Brasil, em franco crescimento do fim da d�cada de 1950. Al�m de ser uma das maiores obras de engenharia da �poca, a a��o vision�ria do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) permitiu a cria��o do “Mar de Minas”, que se tornou a base da economia de 34 munic�pios do entorno. Mas, quase sete d�cadas depois, o complexo enfrenta um desafio para se manter como um dos principais pontos tur�sticos do estado.
A trag�dia de janeiro, quando a queda de uma rocha em um dos c�nions mais visitados do lago vitimou 10 pessoas, e um acidente entre barcos que resultou em mais duas mortes, em junho, trouxeram tristeza e como��o. As imagens do rompimento no pared�o, que correram a internet e redes sociais, geraram um temor, reaceso pelo desastre com as embarca��es. Uma crise na sequ�ncia de um longo per�odo de queda de movimento determinado pela pandemia de COVID-19, que abalou o turismo em todo o planeta.
A comunidade luta para dar a volta por cima e demonstrar que os c�nions, que fazem pulsar a economia da regi�o, n�o podem ser motivo de medo. O esfor�o � apoiado por inqu�rito da Pol�cia Civil, que concluiu que o incidente em janeiro resultou de um evento natural, atestando n�o ter havido neglig�ncia com a seguran�a. Com base nessa conclus�o, empres�rios criaram a Capit�lio em Movimento, organiza��o da sociedade civil cuja meta � alavancar o turismo na regi�o.
O fasc�nio pela regi�o se deve em grande parte � beleza dos c�nions, e moradores das cidades do Lago de Furnas reconhecem a import�ncia deles. Em torno dessas maravilhas da natureza gira o turismo, mas tamb�m � da represa que muitas fam�lias tiram o sustento, seja na atividade pesqueira, seja em postos de trabalho, desde a opera��o dos barcos �s pessoas que atendem nos bares flutuantes, passando pelos que produzem a “bala do tropeiro”, lembrancinha para quem visita Capit�lio.
A gratid�o aos c�nions � t�o grande que, em 2020, a empres�ria Ana Maria de Oliveira P�dua criou um prato para homenage�-los, o “Fil� nascente das Gerais” – feito com til�pia, peixe criado por produtores locais, envolta no bacon. “Temos consci�ncia da for�a dos c�nions, criamos esse medalh�o em forma de rocha, realmente muito sedimentada, e desse medalh�o sai um creme de palmito, que representa a cachoeira que forma o Lago de Furnas”, afirma.
Ana Maria do restaurante Turvo (foto: M�rcia Maria Cruz/EM/D.A Press)
H� 59 anos, a fam�lia de Ana est� � frente do Turvo, restaurante que fica �s margens do lago e � um dos mais tradicionais da cidade de Capit�lio. Antes do incidente de janeiro, o estabelecimento chegou a comercializar 1 mil quilos de tra�ra e 800 mil quilos de til�pia por m�s. Pratos que garantem o sustento de muitos dos moradores locais, j� que a produ��o de peixes faz parte das atividades familiares da regi�o. Somente em Capit�lio, h� quatro peixarias registradas para a produ��o de til�pia, com 30 pessoas envolvidas.
Ana Maria cresceu no entorno do Lago de Furnas. Nasceu em S�o Jo�o Batista do Gl�ria e, hoje, mora em S�o Jos� da Barra e trabalha em Capit�lio. “Os c�nions s�o �ncoras para toda a regi�o. Temos consci�ncia do quanto Capit�lio � respons�vel por outras cidades pr�ximas, na rede hoteleira, na gastronomia, no com�rcio em geral”, diz.
Ana ainda se emociona ao falar da trag�dia do in�cio do ano, que gerou muita como��o, mas defende a seguran�a do turismo no local. “O que aconteceu foi um incidente da natureza”, afirma. “A queda da rocha foi muito forte para Capit�lio, para todo e qualquer segmento. Mas acredito na retomada. J� percebemos procura pela regi�o”, observa, estimando um aumento de 25% no fluxo de visitantes.
Com inspe��es di�rias de equipe de especialistas e apoio da Marinha, visitas a c�nions seguem como grande atra��o em Capit�lio (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 14/1/22)
Ge�logos fazem vistorias di�rias
Desde o incidente do in�cio do ano, uma equipe de ge�logos faz vistoria di�ria nos c�nions mais visitados. Eles chegam por volta das 7h e percorrem toda a extens�o dos pared�es, no per�odo de duas horas. �s 9h, a regi�o se abre para a visita��o.
Em um passeio de tr�s horas, � poss�vel conhecer, al�m dos c�nions, atra��es como a Lagoa Azul, a estrutura da hidrel�trica e barzinhos flutuantes. “J� era superseguro. A gente aprimorou as medidas de seguran�a, com o monitoramento di�rio da entrada dos c�nions por uma equipe de ge�logos, fiscaliza��o, uso de coletes, capacetes, atua��o da Marinha na fiscaliza��o e monitoramento da Defesa Civil. Est� mais seguro do que j� era”, diz Marco Ant�nio da Silva, propriet�rio da empresa de turismo FMS Capit�lio. Segundo ele, a expectativa � de que o movimento esteja normalizado no pr�ximo ver�o, ou bem pr�ximo do normal.
AVENTURA
Somada �s belezas naturais, a aventura � uma das apostas para a retomada do turismo na regi�o do Lago de Furnas. Para isso, a receita � um misto de atrativos que combina canionismo, tirolesa, balonismo e outras atividades movidas a adrenalina. Op��es que permitem contemplar do alto o encanto dos c�nions, com os diferentes tons de azul do Lago de Furnas.
Uma riqueza que pode ser admirada no circuito de ida e volta de 600 metros de extens�o da tirolesa em cima dos c�nions. S�o 40 segundos que parecem muito mais quando se admira a exuber�ncia da regi�o a uma altura de 100 metros. “Estamos com esse projeto para tornar este um dos pontos tur�sticos mais visitados do estado”, afirma Matheus Henrique Turri, gestor de aventura no Parque Mirante dos Canyons.
Para quem prefere menos adrenalina, toda a beleza pode ser contemplada dos mirantes. O Mirante Escondido fica em uma plataforma suspensa a 50 metros de altura, de onde se avistam duas cachoeiras. A ponte de 40 metros de altura e 100 metros de comprimento que atravessa os c�nions � outra atra��o. Os organizadores garantem que todos os pontos de seguran�a s�o checados em detalhes para dar tranquilidade a quem opta pela aventura e a quem fica na contempla��o.
Capit�lio tamb�m conta com um circuito de quedas d'�gua. Duas bel�ssimas s�o a Cachoeira da Pedra Ancorada e a Cachoeira da Capivara. Nesse circuito, os visitantes podem se refrescar em �guas cristalinas que formam ofur�s e piscinas naturais.
Complexo da Cachoeira da Capivara (foto: M�rcia Maria Cruz/EM/D.A Press)
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