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Estado de Minas TRISTEZA

Cachorro de estima��o morre ap�s ser atacado por dois c�es 'alugados'

Pitbulls teriam fugidos de uma constru��o, no Bairro Santo Ant�nio, onde foram contratados como 'vigias'. Empresas afirmaram n�o saber do ocorrido


15/07/2022 10:30 - atualizado 15/07/2022 10:51

Na foto, cachorrinho Simba. Ele é S.R.D, com pêlos castanhos e curtos.
O ataque ocorreu no dia 12 de junho, por volta das 7h30 da manh�, na Avenida Prudente de Moraes, regi�o Centro-Sul de BH. Nirley, dona do cachorrinho, tamb�m foi ferida (foto: Arquivo Pessoal)
O cachorro de estima��o de Nirley Costa, servidora do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), foi morto, ap�s ser atacado por dois pitbulls. Os animais teriam fugido de uma obra, localizada no Bairro Santo Ant�nio, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, onde foram contratados como ‘vigias’. As empresas negaram conhecimento do fato.

O ataque ocorreu no dia 12 de junho, por volta das 7h30 da manh�, na Avenida Prudente de Moraes. Nirley, que no momento passeava com Simba, tamb�m foi mordida, arranhada e derrubada pelos cachorros, o que causou rompimento de ligamentos e fraturas �sseas em um dos joelhos. A servidora p�blica era tutora do animal de estima��o havia nove anos. 

“Eu sempre tive o costume de passear com ele, a gente ia pela manh�. Neste dia, foi uma coisa horr�vel, eles atacaram de forma muito r�pida e n�o tive tempo de fazer muita coisa”, contou Nirley ao Estado de Minas

Ela disse que, por sorte, foi socorrida por dois rapazes, que t�m uma loja na regi�o. “Eles pararam o carro imediatamente e conseguiram tirar um dos cachorros, que estava em cima de mim, e o outro que atacava o Simba, mas meu cachorrinho estava muito machucado”, afirmou. 

Empresa n�o procurou saber o que havia ocorrido com os cachorros 

Segundo a mulher, a construtora contratante � a E.N Engenharia & Neg�cios LTDA, que tem uma constru��o em curso na Rua Quintiliano Silva, no Bairro Santo Ant�nio, pr�ximo � Avenida Prudente de Mores. Ela afirma que conseguiu v�deos e fotos, por meio das c�meras de seguran�a da rua, que mostram o momento que os cachorros fugiram, mas tanto a construtora quanto a empresa que ‘aluga’ os c�es n�o procuraram saber dela e dos animais.



“Um pitbull como aqueles costuma custar cerca de R$ 5 mil. � estranho os respons�veis n�o buscarem saber o que aconteceu, afinal, os cachorros fugiram. N�o prestaram respeito e assist�ncia aos c�es”, afirmou. 

Nirley conta que s� descobriu o local de onde os c�es fugiram devido � solidariedade de moradores da rua. “Quando ficaram sabendo o que havia acontecido comigo e o Simba, eles me mandaram os v�deos e fotos da rua. Eles tinham um grupo no WhatsApp, me colocaram e come�aram a enviar os arquivos. Inclusive, antes do ataque, os c�es acompanharam uma mo�a na rua, mas ela n�o sabia do perigo, pois pensou que algu�m os perdeu. Ela s� foi entender quando chegou � Av. e os c�es  atacaram”, disse. 

Segundo a servidora, ignorar o caso n�o � justificado, pois, ela fez Boletim de Ocorr�ncia (BO) e autorizou os militares a passarem o contato dela. “Se eles tivessem dado queixa da fuga dos cachorros, eles saberiam. Nem falaram comigo. Fica claro que, enquanto os animais prestavam o servi�o, os respons�veis estavam l�, mas, quando eles fogem, os c�es n�o servem para nada”, ressaltou. 

Para ela, � necess�rio que alguma provid�ncia seja tomada. “N�o quero gerar nenhuma como��o. Na verdade, o meu intuito � alertar. Ningu�m deve passar por uma situa��o dessas, o Simba foi estra�alhado. Isso precisa parar, e a empresa n�o fez um �nico movimento. Parece que os donos n�o querem se responsabilizar por absolutamente nada”, disse. 

Empresas afirmam n�o saber do caso

O Estado de Minas entrou em contato com a construtora, via e-mail, para se pronunciar sobre o ataque. A princ�pio, em nota, ela afirmou que “n�o existe nenhum animal locado pela empresa com paradeiro desconhecido ou registro de fuga”. Al�m disso, “n�o tem ci�ncia do suposto ataque relatado” pela reportagem.

Como o caso n�o ocorreu na Rua Quintiliano Silva, a EN Engenharia informou que “n�o possui nenhuma obra em curso que esteja localizada na Av. Prudente de Moraes”. A reportagem, ao responder ao pronunciamento, informou o local da obra informado por Nirley, mas, a construtura, outra vez, afirmou que n�o sabia do caso. 

“Como afirmado em nossa resposta anterior, a EN Engenharia & Neg�cios n�o tem ci�ncia do suposto ataque relatado pela rep�rter, tenha ocorrido com os cachorros da empresa GRUPO ROCCA que est�o locados na nossa obra”, disse a nota. 
 
O Grupo Rocca tamb�m informou n�o saber sobre a fuga dos c�es e os ataques contra Nirley e Simba. “N�o chegou ao nosso conhecimento nenhum incidente dessa natureza que narrou. Inclusive, estamos � disposi��o para que, tendo ocorrido, a pessoa que fez a den�ncia entre em contato conosco para devida apura��o dos fatos e da responsabiliza��o das partes”, disse.

Al�m disso, a empresa alegou que s� tomou conhecimento do fato quando a reportagem pediu uma resposta e que, “de qualquer forma, ser� aberta apura��o para tomar conhecimento da veracidade quanto ao narrado.”

Ap�s o Estado de Minas enviar os v�deos da rua, que mostram a fuga, o Grupo Rocca afirmou que o Canil Cervullus, respons�vel pelos animais, n�o tomou ci�ncia da fuga e ataque “porque at� o momento nenhuma autoridade informou”, e que a partir do registro do BO, entrar� em contato com a v�tima. A construtora, por sua vez, at� a publica��o, ainda n�o respondeu sobre o caso, e a reportagem aguarda novo pronunciamento. 
 
Na foto, fachada da obra. É possível ver o muro azul e também uma caçamba de entulhos da prefeitura
Segundo Nirley, os cachorros s�o da obra em curso da E.N Engenharia & Neg�cios, localizada no Bairro Santo Ant�nio (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
 

‘Somos quatro v�timas nesta hist�ria’

Simba foi atendido por uma cl�nica veterin�ria da regi�o, mas , bastante ferido, acabou morrendo. “Ele era um cachorrinho muito saud�vel, soci�vel e carinhoso. Eu n�o sei quando vou conseguir me recuperar, n�o consigo dormir e estou com alguns problemas de sa�de causados pela agress�o. � muito dif�cil”, disse Nirley.

Segundo a mulher, por conta dos machucados, est� imobilizada e, consequentemente, impossibilitada de trabalhar. “Eu tive rompimento de todos os ligamentos do joelho, alguns parciais e dois totais. Eu n�o posso andar normalmente e, por isso, estou usando um andador para poder me locomover em casa”, afirmou.

Ela conta que, apesar dos problemas f�sicos, o caso poderia ter tomado maiores propor��es. “Quando o homem removeu um dos pitbulls, ele estava bem pr�ximo ao meu pesco�o. Como eles s�o treinados para atacar a jugular, eu poderia ter morrido”, afirmou. 

Na foto, é possível ver Nirley Costa. Ela está sentada em um sofá, ao lado do andador, e com as pernas apoiadas em uma mesa. Fica visível a bota ortopédica que ela está usando
Nirley, por conta do ataque, rompeu v�rios ligamentos do joelho, alguns parciais e dois totais. Por isso, est� imobilizada (foto: T�lio Santos/EM/D.A Press)
Enquanto era imobilizado pelo homem, um dos pitbulls morreu.  "Infelizmente, foi uma l�stima, pois sabemos que a culpa n�o � deles. Esses cachorros s�o v�timas da irresponsabilidade dos maus-tratos e do abandono. Ele ficou muito triste, mas o animal estava muito agressivo e, ao tentar cont�-lo, acabou sufocado. Todos n�s ficamos muito sentidos”, explicou.

J� o pitbull que atacou Nirley foi resgatado pelo Grupo de Resgate Rio das Velhas, conforme a servidora do TRE-MG. “Ele est� com um tutor, estou acompanhando o caso. O animal, ap�s ser cuidado, est� convivendo muito bem com as pessoas e os outros bichos da ONG. Ap�s dois dias recebendo tratamento diferente, o cachorro � outro, interage e brinca com todos. � lindo de ver, mostra que, nessa hist�ria, somos quatro v�timas”, disse. 

A servidora do TRE-MG conta que, pr�ximo ao local, ocorria a “Rua do Lazer”, onde pessoas e outros animais de estima��o desfrutavam das atividades na Avenida Prudente de Moraes, a um quarteir�o de onde foram atacados. “� assustador. A gente imagina o quanto seria grave se esses c�es tivessem atacado as crian�as que brincavam ali perto e, muitas vezes, est�o com alimentos nas m�os. Os animais estavam ‘mortos’ de fome”, explicou. 

Ativistas da causa animal condenam a pr�tica de contratar animais de guarda

Conforme Adriana Ara�jo, coordenadora do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais (MMDA),  contratar cachorros de guarda na capital mineira � uma realidade crescente. “� uma pr�tica n�o fiscalizada. N�o existe crit�rio, a maioria dos c�es que prestam esse servi�o est�o em condi��es de maus-tratos e n�o s�o identificados. Neste caso, foi poss�vel localizar os respons�veis devido aos registros da rua”, disse. 

Ela afirma que o MMDA apresentou, para a C�mara Municipal, em 2021, um projeto de lei que pro�be essa pr�tica. “A iniciativa foi arquivada. Por isso, precisamos ter uma press�o popular, para mudar essa realidade. O caso de fuga desses animais n�o � rara, a condi��o em que eles s�o mantidos pelos contratantes e canis muitas vezes s�o p�ssimas”, contou. 

A ativista explica que j� oficializou uma den�ncia no Minist�rio P�blico. “N�o s� nas promotorias de meio ambiente, como tamb�m de crime. Existem duas quest�es nesses casos: as condi��es de maus-tratos vividas por esses c�es, e as trag�dias que podem ser causadas, caso eles fujam”, disse. 

Adriana ressalta que os cachorros 'alugados' n�o devem ser culpabilizados, pois s�o v�timas. “Tudo depende da forma como os c�es s�o tratados. Como s�o feitos de objetos, ou seja, s�o alugados e sem nenhuma condi��o de bem-estar, eles n�o se sentem seguros e respeitados. Por isso, acabam reagindo”, afirma. 



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