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Estado de Minas ESTATUTO DO PEDESTRE

Sabia que BH tem h� 10 anos um Estatuto do Pedestre? Veja onde ele trope�a

Lei completa uma d�cada, mas buracos, travessias perigosas e at� falta de banheiros ainda desafiam quem se locomove a p� por BH


18/07/2022 04:00 - atualizado 18/07/2022 06:27

Faixa de pedestres na Avenida Afonso Pena, na Praça Sete, com pintura apagada
At� mesmo em um dos mais conhecidos cruzamentos da capital, faixas apagadas d�o sinal de que os cuidados com quem se desloca a p� est� ainda longe do ideal (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

“Sempre ando na faixa, mas os carros e as motos partem pra cima da gente.” O relato da caixa de supermercado Ana Paula Viana, de 48 anos, resume os desafios de quem anda a p� nas ruas de Belo Horizonte. Dez anos depois de sancionado, o Estatuto do Pedestre mal saiu do papel e � pouco conhecido pela popula��o.

A Lei municipal 10.407, de 2012, previu investimentos para que quem caminha pela cidade tenha mais seguran�a e conforto, por�m, ainda surte pouco efeito na rotina dos belo-horizontinos. S�o buracos em cal�adas, pontos de �nibus sem abrigos, falta de banheiros p�blicos na regi�o central...

A cidade esconde armadilhas para quem � obrigado a caminhar por suas vias. A prefeitura informa que vem realizando interven��es para aumentar a seguran�a dos pedestres, como implanta��o de travessias e expans�o do n�mero de abrigos. Quanto aos banheiros, os sete que administra est�o sendo revitalizados e outros dever�o ser abertos em parceria p�blico-privada.

No estatuto n�o h� indica��o de prazos para garantir os direitos dos pedestres. Na �poca, o Projeto de Lei 1.167/10, de autoria do vereador Adriano Ventura (PT), tinha um artigo que previa o Conselho Municipal de Pedestres, com papel fiscalizador, composto por representantes da C�mara, Secretaria de Pol�ticas Urbanas, BHTrans e entidade representativa dos pedestres e idosos, mas o item foi vetado.

Tamb�m n�o foi sancionado o artigo que criava a Ouvidoria do Pedestre, pondo � disposi��o um telefone para sugest�es, reivindica��es e den�ncias, sem custo.

Restou na lei os “direitos e deveres” do pedestre. Na primeira lista, est�o sistemas de sinaliza��o eficiente, com sem�foros que permitam a travessia da via de um lado a outro, sem interrup��o; alerta contra riscos � integridade do pedestre e abrigo contra intemp�ries (chuva, sol etc.).

Entre os deveres, bom comportamento para n�o impedir a terceiros o exerc�cio da circula��o, beneficiando especialmente cadeirantes, atendimento � sinaliza��o e o comportamento respeitoso diante de motoristas e tr�fego de ve�culos.

Interven��es no Centro da capital

No Centro de BH, a principal queixa � na hora de atravessar a rua, onde os pedestres, muitas vezes, t�m que disputar espa�o com carros e motocicletas.

“O tr�nsito aqui � ca�tico. � um verdadeiro Deus nos acuda. Tenho medo de ser atropelada. Alguma coisa tem que ser feita para nos proteger”, reclama a caixa de supermercado Ana Paula.

A maioria dos condutores continua sem parar nas faixas, apesar de o C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) e o Estatuto do Pedestre da capital garantirem prefer�ncia para quem est� a p� e de campanhas educativas municipais, que tentam conscientizar motoristas.

Carro estacionado em cima da faixa de pedestre na Rua Cicero Ferreira, esquina de Avenida do Contorno, Bairro Serra
Em plena esquina de Avenida do Contorno, ve�culo estacionado sobre a �rea de travessia, com sinaliza��o desgastada, atrapalha a vida de quem caminha (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

No cruzamento das ruas Guaicurus e S�o Paulo, por exemplo, pedestres se arriscam na travessia entre os carros, j� que n�o h� faixa no local. A �rea � um dos pontos previstos para interven��o da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que abriu, no in�cio do m�s, consulta p�blica on-line para receber sugest�es e entender os principais gargalos para tornar a travessia de pedestres mais segura na regi�o.

O plano prev� altera��o nas proximidades do terminal rodovi�rio de Belo Horizonte e de shoppings populares. Tamb�m contempla mudan�as na altura da Galeria do Ouvidor, na esquina da Rua S�o Paulo com Carij�s e Tamoios, e no encontro com a Avenida Amazonas. A consulta p�blica recebeu sugest�es at� o �ltimo 30 de junho.

A PBH informou, por meio de nota, que vem realizando a��es relacionadas � amplia��o das condi��es de seguran�a aos pedestres. Entre janeiro e abril, foram implantadas e recuperadas 81 travessias na Regi�o Central, implantadas quatro travessias seguras na porta de escolas e 21 rampas para acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida.

Passageiros de �nibus sofrem sem abrigos

N�o bastassem problemas como os constantes atrasos e lota��o das linhas de �nibus, a maioria dos que usam o servi�o tamb�m precisa esperar pela condu��o em p� e sem ter onde se esconder do sol.

Conforme dados da BHTrans, quase 70% dos pontos de coletivos da capital n�o oferecem abrigos para passageiros. Na capital, h� aproximadamente 9.600 locais de embarque e desembarque, sendo que cerca de 3 mil t�m prote��o.

Segundo a PBH, nos quatro primeiros meses deste ano foram implantados 47 novos abrigos e reformados outros 33.

Mas em outros, como na Rua Junquilhos, no Bairro Nova Su��a, a sombra do poste � o que sobra para passageiros como o estudante Jo�o Victor de Souza Oliveira, de 27, se protegerem do sol.

“Fico aqui em p� uns 30 minutos esperando o �nibus passar. � isso ou sentar no ch�o sujo”, relata. A pouco menos de 300 metros dali, na Avenida Bar�o Homem de Melo, quase todos os pontos de �nibus t�m abrigos.

Desafios

Segundo o arquiteto e urbanista Sergio Myssior, depois de 10 anos do Estatuto do Pedestre, a cidade j� deveria contar com a��es e pol�ticas p�blicas efetivas para valoriza��o e a seguran�a de quem caminha.

“� fundamental colocar as pessoas no centro da pr�pria pol�tica de desenvolvimento da cidade. Mais de 40% das pessoas se deslocam exclusivamente a p�. Cidade boa � aquela onde o pedestre tem prioridade no deslocamento”, afirma.

Na avalia��o de Myssior, a cidade precisa priorizar a infraestrutura para o pedestre tamb�m nas regi�es perif�ricas.

“Esse talvez seja o maior desafio. As a��es est�o concentradas na Regi�o Centro-Sul. Se voc� for a regi�es perif�ricas, n�o tem o m�nimo de infraestrutura para o pedestre”, afirma.

Faixa de auxílio para deficientes visuais estão quebrada já causou acidentes com pedestres, na Rua São Paulo, próximo à Galeria do Ouvidor, no Centro
At� nas cal�adas, territ�rio dos pedestres, armadilhas se multiplicam. E s�o maiores para portadores de defici�ncia (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Ele tamb�m aponta que o conforto para quem se desloca a p� vai al�m da seguran�a. “Muitos bairros afastados da Regi�o Central mal t�m passeios. N�o t�m uma arboriza��o urbana que possa trazer tamb�m uma sombra, um conforto para as pessoas. N�o t�m ilumina��o. Precisamos levar essa infraestrutura para as pessoas que mais precisam”, afirma.

A valoriza��o dos espa�os p�blicos tamb�m � um desafio. “As ruas precisam ser pensadas em v�rias dimens�es. Tanto na quest�o da infraestrutura f�sica, quanto na ocupa��o dos espa�os. As pessoas nas ruas s�o um componente fundamental para a vitalidade urbana. Se n�s queremos ser uma cidade cada vez mais democr�tica, com prosperidade em todos campos, � fundamental uma pol�tica que valorize as pessoas nas ruas e garanta seguran�a”, afirma.

Falta banheiros p�blicos em BH

Um dos problemas cr�nicos de BH que o Estatuto do Pedestre tamb�m n�o conseguiu resolver � a falta de banheiros p�blicos no hipercentro da cidade. Lojistas, comerciantes e pedestres reclamam da situa��o da unidade da Pra�a Sete, no Centro da capital, interditado h� mais de seis anos. O sanit�rio fica dentro de uma galeria no quarteir�o fechado da Rua Rio de Janeiro.

“As tr�s lojas (ocupadas pelo banheiro) s�o da prefeitura. Pagam condom�nio normalmente, em dia. Eles v�m a algumas reuni�es de condom�nio, e ficam mudos”, conta o s�ndico da galeria, Marcos Taveira, de 48. Ele afirma que a prefeitura, inclusive, j� fez contato sugerindo uma parceria para que o pr�dio administrasse o banheiro, mas isso nunca foi para frente. “Eu concordei, mas tamb�m n�o tive retorno”, disse.

Lojas da prefeitura de BH que funcionavam como banheiro público estão fechadas
Sanit�rio n�o t�o p�blico: estrutura do munic�pio em galeria da Pra�a Sete, no Centro, est� fechada h� anos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Segundo Marcos, houve at� inaugura��o do banheiro p�blico na �poca em que foi aberto, em gest�o anterior da prefeitura. “Eu j� estava descrente naquela �poca. J� sabia que n�o ia funcionar. Quando me tornei s�ndico, j� estavam falando em fechar o banheiro. Parece que a conta de �gua era muito alta. Uns dois meses depois, mais ou menos em junho de 2015, o banheiro foi fechado e n�o voltou mais a abrir”, revela.

V�nia Quaresma Souza, de 36 anos, se lembra da �poca em que o sanit�rio ainda funcionava. “Eu tenho aonde ir, mas vejo muita gente passando aperto, principalmente turistas. Tem que ir na rodovi�ria ou no shopping. E os dois s�o pagos”, conta ela, que trabalha h� 18 anos em uma banca de jornais na Pra�a Sete.

Questionada sobre o fechamento do banheiro, a prefeitura n�o esclareceu o motivo da interrup��o do servi�o. Por meio de nota, a PBH disse, no entanto, que os sete banheiros p�blicos que administra est�o passando por uma revitaliza��o. Al�m disso, cita uma parceria p�blico-privada (PPP) para instala��o de 75 sanit�rios em locais mais movimentados da cidade. “O processo est� em andamento e depende da realiza��o de audi�ncia p�blica e de licita��o, com previs�o para o in�cio de 2023”, informou.

DIREITOS VERSUS REALIDADE

O que o Estatuto do Pedestre recomenda...

Sistema de sinaliza��o eficiente

Seguran�a, conforto e tranquilidade

Sinaliza��o que lhe permita a travessia da via de um lado a outro, sem interrup��o

Alerta contra risco � sua integridade

Instala��es sanit�rias de uso gratuito
Abrigos contra intemp�ries

… a situa��o atual em BH (e o que diz a prefeitura)]

Pedestres enfrentam travessias de risco na Regi�o Central.
A PBH informa que implantou ou recuperou 81 travessias na Regi�o Central entre janeiro e abril deste ano, al�m de quatro travessias seguras diante de de escolas e 21 rampas para acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida.

Quase 70% dos pontos de �nibus da capital n�o oferecem abrigos para passageiros.
A PBH contabiliza a implanta��o de 47 novos abrigos entre janeiro e abril deste ano, e reformou outros 33

Faltam banheiros p�blicos nas �reas de maior movimento, em especial no Centro
 A administra��o municipal prev� a abertura de 75 sanit�rios p�blicos a partir de 2023 e est� revitalizando sete.


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