
Alguns dos alunos estavam em aula, e outros, no p�tio, segundo os bombeiros, chamados por volta de 8h. De acordo com a Secretaria Municipal de Sa�de, nove deles foram encaminhados a unidades de pronto-atendimento da capital, cinco para a UPA Oeste, e quatro para o Hospital Odilon Behrens. N�o foram divulgadas informa��es sobre o estado de sa�de dos adolescentes.
Outras sete meninas foram atendidas no Jo�o XXIII, ap�s procurarem atendimento acompanhadas dos pais e respons�veis. Elas foram liberadas � tarde sem sintomas graves. Tamb�m n�o h� informa��es sobre o restante dos alunos atendidos pelas equipes do Samu.
Segundo o Corpo de Bombeiros, al�m da dificuldade respirat�ria, alguns jovens tiveram crises de ansiedade na hora do atendimento. Um aluno, que precisou carregar duas amigas que desmaiaram nesta manh�, afirmou que essa n�o foi a primeira vez em que houve um problema com o g�s lacrimog�neo na escola.
Na noite desta ter�a, a PMMG anunciou que o uso do g�s lacrimog�neo (muni��o qu�mica) em treinamentos est� suspenso.
Mas como exatamente o g�s lacrimog�neo afeta o corpo humano?
O g�s lacrimog�neo � o nome gen�rico usado para subst�ncias qu�micas que irritam a pele, os olhos e as vias respirat�rias, como o brometo de benzila ou o g�s CS (2-clorobenzilideno malononitrilo), al�m do OC (oleorresina Capsicum), o spray de pimenta, usado tamb�m como forma de prote��o pessoal.
O g�s lacrimog�neo foi banido pela Conven��o Mundial de Armas Qu�micas de 1993, da qual o Brasil � signat�rio. No entanto, a proibi��o s� vale para guerras, e as subst�ncias s�o usadas por for�as de seguran�a principalmente para conter ou reprimir multid�es, como em protestos e manifesta��es de massa.
O g�s lacrimog�neo � considerado uma arma qu�mica n�o letal, mas tem efeitos graves para o organismo, principalmente em contato prolongado, com pouca dist�ncia e/ou em ambientes fechados. Causa lacrima��o nos olhos (por isso o nome), coceira na pele, inflama��es nos olhos e na mucosa nasal e bucal, dor de cabe�a e falta de ar, entre outros, com graus variados. Tamb�m pode causar n�usea.
Segundo o Dr. Luiz Carlos Molinari, oftalmologista que atuou por 37 anos no Hospital Jo�o XXIII, os impactos do g�s lacrimog�neo no organismo podem variar de acordo com a composi��o qu�mica espec�fica de cada subst�ncia, al�m do tempo de contato, a concentra��o do g�s e as condi��es pr�vias da pessoa atingida, como bronquite ou asma.
“O g�s causa uma ‘conjuntivite qu�mica’. Primeiro os olhos ficam vermelhos, lacrimejando, e podem ter espasmos [latejar] ou edemas [ac�mulo anormal de l�quidos]”, explica o oftalmologista. Quando � inalado, o g�s afeta os br�nquios, nos pulm�es, o que causa tosse, queima��o e possivelmente asfixia. A subst�ncia pode gerar uma alergia respirat�ria e tamb�m cut�nea, na pele.
O m�dico lembra que n�o h� ant�doto espec�fico para a contamina��o e/ou intoxica��o pelo g�s lacrimog�neo. “Tem que deixar o local imediatamente, e remover roupas, acess�rios, lentes de contato, quaisquer objetos que tenham tido contato com a subst�ncia. � importante tomar banho e lavar o corpo e os cabelos vigorosamente para remover as part�culas, que podem ficar ativas por at� uma semana”, explica Molinari.
No atendimento imediato, como aconteceu no Col�gio Tiradentes, olhos, nariz e boca devem ser limpos com soro fisiol�gico. No caso das alergias respirat�rias e na pele, medicamento anti-histam�nicos s�o recomendados, al�m do acompanhamento m�dico prolongado.
* Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Thiago Prata