
Minas mexe seu caldeir�o de cultura e tempera sua hist�ria com o trabalho de produtores de todas as regi�es que, com pr�ticas artesanais, fazem queijos, doces, quitandas, o genu�no p�o de queijo e muitas iguarias.
Tamb�m com arte e talento, o estado mostra o potencial em diversas express�es, um chamariz para dinamizar o turismo e atrair visitantes do mundo inteiro para uma experi�ncia sensorial.
No Dia Nacional do Patrim�nio, celebrado hoje (17/8), as homenagens se dirigem aos monumentos de Minas, erguidos desde os tempos coloniais, e tamb�m aos tesouros culturais imateriais, que se traduzem pelas “viv�ncias, identidade e mem�ria”, conforme explica a gerente de Patrim�nio Cultural Imaterial do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), D�bora Ra�za Rocha.
Na pr�tica, � o registro do modo de fazer e saber de produtos, da celebra��o de festas religiosas e populares, da preserva��o de tradi��es das comunidades.
Se impulsiona o turismo, o registro dos bens culturais imateriais, em n�veis federal, estadual e municipal, agrega valor aos produtos, aquece a economia, tomando a forma de selo de qualidade ou cart�o de visitas para as regi�es.
“O reconhecimento como patrim�nio imaterial do queijo do Serro foi muito importante. Trouxe mais notoriedade e respeito, funcionando como um selo de qualidade. Dessa forma, o queijo do Serro s� pode ser produzido aqui na nossa regi�o”, diz o presidente da Associa��o de Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), Jos� Ricardo Oz�lio.
Embora traga no nome apenas o Serro, a Apaqs engloba 10 munic�pios no Vale do Jequitinhonha, onde vivem 756 produtores rurais dedicados � atividade. Segundo dados da associa��o, a regi�o produz oito toneladas de queijo por dia.
“O reconhecimento faz com que todos mantenham a qualidade, e sinaliza ainda uma melhor forma de posicionar o queijo no mercado nacional. Da� a import�ncia do ‘modo de fazer’”, diz Jos� Ricardo. Em 2008, o produto derivado do leite ganhou o reconhecimento do Iphan. Seis anos antes, o modo de fazer o queijo artesanal do Serro conquistou o mesmo feito em n�vel estadual.
Para valorizar o queijo do Serro e orientar os pequenos produtores, o Sebrae Minas desenvolve a��es na regi�o, com o foco na import�ncia do trabalho em grupo, fortalecimento do associativismo, revis�o do regulamento de uso da Indica��o de Proced�ncia (IP) e an�lise do mercado, junto ao apoio na participa��o em feiras e eventos.
Entre os resultados, est�o o lan�amento da marca Regi�o do Serro em 2018, em parceria com a Apaqs, e a san��o da Lei 13.680/2018, criando o Selo Arte, que certifica produtos aliment�cios agro artesanais de origem animal.
Salvaguarda como mecanismo de incentivo

“Trabalhamos para colocar um holofote sobre um bem cultural, com um plano de salvaguarda que garanta a��es para valorizar e promover os produtos, assim como criar uma din�mica para impulsionar uma rede de comercializa��o, sempre com a prote��o das t�cnicas tradicionais”, explica D�bora Rocha. Dessa forma, para atender �s demandas das comunidades, o Iepha atua em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico, Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater) e outras institui��es.
Ainda no Vale do Jequitinhonha, o reconhecimento da arte em barro da regi�o, em 2008, pelo Conselho Estadual do Patrim�nio Cultural (Conep), que tem o Iepha na secretaria executiva, levou os artes�os ao desejo de se conhecerem melhor, a partir de levantamentos t�cnicos. “N�o sabemos quantos somos, nem os volumes da nossa produ��o. � o que mais queremos neste momento”, diz a coordenadora da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, Maria do Carmo Barbosa Sousa.
Ainda no Vale do Jequitinhonha, o reconhecimento da arte em barro da regi�o, em 2008, pelo Conselho Estadual do Patrim�nio Cultural (Conep), que tem o Iepha na secretaria executiva, levou os artes�os ao desejo de se conhecerem melhor, a partir de levantamentos t�cnicos. “N�o sabemos quantos somos, nem os volumes da nossa produ��o. � o que mais queremos neste momento”, diz a coordenadora da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, Maria do Carmo Barbosa Sousa.
Residente no povoado de Campo Buriti, em Turmalina, Maria do Carmo diz que s� na comunidade h� 70 artes�os ou 100 fam�lias vivendo indiretamente da atividade.
Os produtores das famosas bonecas de barro, vasos, travessas, flores, galinhas e outras pe�as se distribuem ainda por Minas Novas, Cara�, Itinga e outras. “Fazemos de tudo um pouco, com uma demanda sempre crescente. Nosso objetivo � n�o deixar a atividade acabar e ensinar aos mais jovens para manter a tradi��o que vem de s�culos atr�s”, explica Maria do Carmo. No per�odo de 12 a 17 de setembro, os produtores do Vale do Jequitinhonha participam, no c�mpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, em Belo Horizonte, da 21ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG.
Os produtores das famosas bonecas de barro, vasos, travessas, flores, galinhas e outras pe�as se distribuem ainda por Minas Novas, Cara�, Itinga e outras. “Fazemos de tudo um pouco, com uma demanda sempre crescente. Nosso objetivo � n�o deixar a atividade acabar e ensinar aos mais jovens para manter a tradi��o que vem de s�culos atr�s”, explica Maria do Carmo. No per�odo de 12 a 17 de setembro, os produtores do Vale do Jequitinhonha participam, no c�mpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, em Belo Horizonte, da 21ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG.
Ampliando horizontes
Conhecido internacionalmente, o hist�rico distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central do estado, tem nos doces de fruta seu carro-chefe, tanto que, em 2008, a tradicional produ��o artesanal (doces de frutas) se tornou o primeiro bem do munic�pio reconhecido como patrim�nio imaterial, orgulha-se a vice-presidente da Associa��o dos Doceiros e Agricultores Familiares de S�o Bartolomeu, Pia M�rcia Chaves Carvalho Guerra, incans�vel � frente dos doces Vov� Pia, no S�tio Jequitib�.
Nos �ltimos tempos, a turma de S�o Bartolomeu n�o tem do que se queixar. “O t�tulo abriu caminho para os visitantes, fomentou a atividade, garantiu maior divulga��o na imprensa. Muita gente chega aqui querendo conversar, provar de todos os doces, participar de eventos, enfim, viver esta experi�ncia”, afirma Pia.
Para os produtores de S�o Bartolomeu, o registro marcou um novo tempo. “Come�ou com o invent�rio dos doces, quatro anos antes do reconhecimento. Foi fundamental para participarmos de eventos e abrimos um leque de oportunidades, com melhoria de renda”, contextualiza a microempreendedora. Para se ter uma ideia, somente Pia vendeu 100 quilos de goiabada no feriad�o mais recente, enquanto uma vizinha “limpou” tr�s tachos de doce de leite. “Vamos nessa linha, s� n�o podemos industrializar, pois, a�, perdemos o t�tulo”, avisa a doceira.
Nos �ltimos tempos, a turma de S�o Bartolomeu n�o tem do que se queixar. “O t�tulo abriu caminho para os visitantes, fomentou a atividade, garantiu maior divulga��o na imprensa. Muita gente chega aqui querendo conversar, provar de todos os doces, participar de eventos, enfim, viver esta experi�ncia”, afirma Pia.
Para os produtores de S�o Bartolomeu, o registro marcou um novo tempo. “Come�ou com o invent�rio dos doces, quatro anos antes do reconhecimento. Foi fundamental para participarmos de eventos e abrimos um leque de oportunidades, com melhoria de renda”, contextualiza a microempreendedora. Para se ter uma ideia, somente Pia vendeu 100 quilos de goiabada no feriad�o mais recente, enquanto uma vizinha “limpou” tr�s tachos de doce de leite. “Vamos nessa linha, s� n�o podemos industrializar, pois, a�, perdemos o t�tulo”, avisa a doceira.
A for�a da economia criativa
Ainda este ano, entrar� na pauta do Conep o reconhecimento da Cozinha Mineira como patrim�nio cultural imaterial do estado, que tem merecido grande aten��o do secret�rio de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Le�nidas Oliveira. “Ao reconhecer saberes tradicionais do nosso povo, nos �mbitos municipais, estaduais ou como patrim�nio nacional, s�o evidenciados valores fundamentais das diversas culturas do nosso povo. Na arte ou na cozinha mineira, h�, de forma quase imediata, a transversalidade com a economia criativa, da qual o turismo � grande aliado”, defende Le�nidas.
Para o secret�rio, a cozinha mineira vem, nesse sentido, valorizar as matrizes tradicionais da cultura alimentar, dando-lhe conhecimento mais amplo e oferecendo a possibilidade de outras culturas dela vivenciarem como uma verdadeira experi�ncia, outro elemento importante para o turismo contempor�neo. “Dessa forma, o turismo de experi�ncia est� fortemente vinculado �s culturas, que s�o as �nicas capazes de oferecer um verdadeiro encontro com outros povos e costumes. Ao comer, em Minas, o frango com ora-pro-n�bis, ou experimentar o queijo, patrim�nio do Brasil, o visitante faz uma comunh�o com nossa cultura. Esse fen�meno fomenta, sobremaneira, a economia criativa, seja ela na cozinha, nas artes e artesanato ou ainda na experi�ncia de nossa paisagem cultural”, finaliza o chefe da pasta.
Para o secret�rio, a cozinha mineira vem, nesse sentido, valorizar as matrizes tradicionais da cultura alimentar, dando-lhe conhecimento mais amplo e oferecendo a possibilidade de outras culturas dela vivenciarem como uma verdadeira experi�ncia, outro elemento importante para o turismo contempor�neo. “Dessa forma, o turismo de experi�ncia est� fortemente vinculado �s culturas, que s�o as �nicas capazes de oferecer um verdadeiro encontro com outros povos e costumes. Ao comer, em Minas, o frango com ora-pro-n�bis, ou experimentar o queijo, patrim�nio do Brasil, o visitante faz uma comunh�o com nossa cultura. Esse fen�meno fomenta, sobremaneira, a economia criativa, seja ela na cozinha, nas artes e artesanato ou ainda na experi�ncia de nossa paisagem cultural”, finaliza o chefe da pasta.
O homem do patrim�nio
O Dia Nacional do Patrim�nio � comemorado em 17 de agosto, data de nascimento de Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). A mem�ria desse belo-horizontino � reverenciada em todo o pa�s, tendo seu nome se tornado tradu��o da preserva��o do acervo cultural. Primeiro presidente do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o advogado, jornalista e escritor esteve � frente do �rg�o federal por tr�s d�cadas, sempre com a miss�o de fazer o tombamento dos monumentos, evitar a evas�o de obras, objetos de arte e outras pe�as de relev�ncia, enfim, proteger os tesouros do Brasil.
Riquezas da terra
Conhe�a produtos e express�es culturais de Minas e o ano de reconhecimento nas esferas federal, estadual e municipal:
N�VEL MUNICIPAL
- Tradicional produ��o artesanal do distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central – 2008.
- Saberes da Produ��o Artesanal de doce de leite de Pomp�u, na Regi�o Central – 2016.
- Modo de fazer a queca, um tipo de bolo com frutas cristalizadas (2014) e a lamparina (2019), em Nova Lima (RMBH).
- Pastel de S�o Jos�, em Nova Era, na Regi�o Central – 2020.
- Modo de fazer o p�o de queijo (2017) e quitandas de Paracatu (2020), na Regi�o Noroeste.
- Modo de fazer o p�o cheio (2019) e a lingui�a curada de varal, de Santa Rita do Sapuca� (2021), na Regi�o Sul.
N�VEL ESTADUAL
- Modo de fazer o queijo artesanal da regi�o do Serro, no Vale do Jequitinhonha – 2002.
- Festa de Nossa Senhora do Ros�rio dos Homens Pretos, de Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha – 2013.
- Comunidade dos Arturos, em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – 2014.
- Folias de Minas (pastorinhas, folias de Reis, S�o Sebasti�o, charola e outras) – 2017.
- Viola de Minas – Saberes e fazeres da viola e express�es musicais – 2018.
- Comunidades quilombolas Manzo Ngunzo Kaiango, no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Leste de Belo Horizonte e territ�rio original at� Santa Luzia (RMBH) – 2018.
- Artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha – 2018.
N�VEL FEDERAL
- Modos de fazer o queijo artesanal – 2008
- Toque dos sinos (2009) e Of�cio do sineiro (2009)
- Roda de Capoeira (2008) e Of�cio dos mestres de capoeira (2008)
- Jongo na Regi�o Sudeste (2005)
Processos abertos: Congadas de Minas e Of�cio das Quitandeiras