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Estado de Minas VALORIZA��O

Minas: produtos ganham registro como bem cultural imaterial

Mecanismo agrega valor, impulsiona o turismo e aquece a economia, segundo integrantes da cadeia produtiva


17/08/2022 16:38 - atualizado 18/08/2022 01:30

Queijos e doces no mercado central em belo horizonte
O modo de preparo do queijo artesanal � um patrim�nio imaterial de n�vel federal (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
A m�o na massa transforma a mat�ria-prima, o conhecimento mant�m as tradi��es e o of�cio, documentado, preserva o modo de fazer �s gera��es futuras.
 
Minas mexe seu caldeir�o de cultura e tempera sua hist�ria com o trabalho de produtores de todas as regi�es que, com pr�ticas artesanais, fazem queijos, doces, quitandas, o genu�no p�o de queijo e muitas iguarias.
 
Tamb�m com arte e talento, o estado mostra o potencial em diversas express�es, um chamariz para dinamizar o turismo e atrair visitantes do mundo inteiro para uma experi�ncia sensorial.

No Dia Nacional do Patrim�nio, celebrado hoje (17/8), as homenagens se dirigem aos monumentos de Minas, erguidos desde os tempos coloniais, e tamb�m aos tesouros culturais imateriais, que se traduzem pelas “viv�ncias, identidade e mem�ria”, conforme explica a gerente de Patrim�nio Cultural Imaterial do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), D�bora Ra�za Rocha.
 
Na pr�tica, � o registro do modo de fazer e saber de produtos, da celebra��o de festas religiosas e populares, da preserva��o de tradi��es das comunidades.

Se impulsiona o turismo, o registro dos bens culturais imateriais, em n�veis federal, estadual e municipal, agrega valor aos produtos, aquece a economia, tomando a forma de selo de qualidade ou cart�o de visitas para as regi�es.
 
“O reconhecimento como patrim�nio imaterial do queijo do Serro foi muito importante. Trouxe mais notoriedade e respeito, funcionando como um selo de qualidade. Dessa forma, o queijo do Serro s� pode ser produzido aqui na nossa regi�o”, diz o presidente da Associa��o de Produtores Artesanais de Queijo do Serro (Apaqs), Jos� Ricardo Oz�lio.

Embora traga no nome apenas o Serro, a Apaqs engloba 10 munic�pios no Vale do Jequitinhonha, onde vivem 756 produtores rurais dedicados � atividade. Segundo dados da associa��o, a regi�o produz oito toneladas de queijo por dia.
 
“O reconhecimento faz com que todos mantenham a qualidade, e sinaliza ainda uma melhor forma de posicionar o queijo no mercado nacional. Da� a import�ncia do ‘modo de fazer’”, diz Jos� Ricardo. Em 2008, o produto derivado do leite ganhou o reconhecimento do Iphan. Seis anos antes, o modo de fazer o queijo artesanal do Serro conquistou o mesmo feito em n�vel estadual.

Para valorizar o queijo do Serro e orientar os pequenos produtores, o Sebrae Minas desenvolve a��es na regi�o, com o foco na import�ncia do trabalho em grupo, fortalecimento do associativismo, revis�o do regulamento de uso da Indica��o de Proced�ncia (IP) e an�lise do mercado, junto ao apoio na participa��o em feiras e eventos.
 
Entre os resultados, est�o o lan�amento da marca Regi�o do Serro em 2018, em parceria com a Apaqs, e a san��o da Lei 13.680/2018, criando o Selo Arte, que certifica produtos aliment�cios agro artesanais de origem animal.

Salvaguarda como mecanismo de incentivo

3 cerâmicas de barro expostas a venda, duas são figuras femininas olhando para cima
Cer�mica do Vale do Jequitinhonha, � venda em loja de Ouro Preto (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

“Trabalhamos para colocar um holofote sobre um bem cultural, com um plano de salvaguarda que garanta a��es para valorizar e promover os produtos, assim como criar uma din�mica para impulsionar uma rede de comercializa��o, sempre com a prote��o das t�cnicas tradicionais”, explica D�bora Rocha. Dessa forma, para atender �s demandas das comunidades, o Iepha atua em parceria com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econ�mico, Empresa de Assist�ncia T�cnica e Extens�o Rural (Emater) e outras institui��es.

Ainda no Vale do Jequitinhonha, o reconhecimento da arte em barro da regi�o, em 2008, pelo Conselho Estadual do Patrim�nio Cultural (Conep), que tem o Iepha na secretaria executiva, levou os artes�os ao desejo de se conhecerem melhor, a partir de levantamentos t�cnicos. “N�o sabemos quantos somos, nem os volumes da nossa produ��o. � o que mais queremos neste momento”, diz a coordenadora da Rede de Artesanato do Vale do Jequitinhonha, Maria do Carmo Barbosa Sousa.
 
Residente no povoado de Campo Buriti, em Turmalina, Maria do Carmo diz que s� na comunidade h� 70 artes�os ou 100 fam�lias vivendo indiretamente da atividade.

Os produtores das famosas bonecas de barro, vasos, travessas, flores, galinhas e outras pe�as se distribuem ainda por Minas Novas, Cara�, Itinga e outras. “Fazemos de tudo um pouco, com uma demanda sempre crescente. Nosso objetivo � n�o deixar a atividade acabar e ensinar aos mais jovens para manter a tradi��o que vem de s�culos atr�s”, explica Maria do Carmo. No per�odo de 12 a 17 de setembro, os produtores do Vale do Jequitinhonha participam, no c�mpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Pampulha, em Belo Horizonte, da 21ª Feira de Artesanato do Vale do Jequitinhonha UFMG.

Ampliando horizontes

Conhecido internacionalmente, o hist�rico distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central do estado, tem nos doces de fruta seu carro-chefe, tanto que, em 2008, a tradicional produ��o artesanal (doces de frutas) se tornou o primeiro bem do munic�pio reconhecido como patrim�nio imaterial, orgulha-se a vice-presidente da Associa��o dos Doceiros e Agricultores Familiares de S�o Bartolomeu, Pia M�rcia Chaves Carvalho Guerra, incans�vel � frente dos doces Vov� Pia, no S�tio Jequitib�.

Nos �ltimos tempos, a turma de S�o Bartolomeu n�o tem do que se queixar. “O t�tulo abriu caminho para os visitantes, fomentou a atividade, garantiu maior divulga��o na imprensa. Muita gente chega aqui querendo conversar, provar de todos os doces, participar de eventos, enfim, viver esta experi�ncia”, afirma Pia.

Para os produtores de S�o Bartolomeu, o registro marcou um novo tempo. “Come�ou com o invent�rio dos doces, quatro anos antes do reconhecimento. Foi fundamental para participarmos de eventos e abrimos um leque de oportunidades, com melhoria de renda”, contextualiza a microempreendedora. Para se ter uma ideia, somente Pia vendeu 100 quilos de goiabada no feriad�o mais recente, enquanto uma vizinha “limpou” tr�s tachos de doce de leite. “Vamos nessa linha, s� n�o podemos industrializar, pois, a�, perdemos o t�tulo”, avisa a doceira.

A for�a da economia criativa 

Ainda este ano, entrar� na pauta do Conep o reconhecimento da Cozinha Mineira como patrim�nio cultural imaterial do estado, que tem merecido grande aten��o do secret�rio de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Le�nidas Oliveira. “Ao reconhecer saberes tradicionais do nosso povo, nos �mbitos municipais, estaduais ou como patrim�nio nacional, s�o evidenciados valores fundamentais das diversas culturas do nosso povo. Na arte ou na cozinha mineira, h�, de forma quase imediata, a transversalidade com a economia criativa, da qual o turismo � grande aliado”, defende Le�nidas.

Para o secret�rio, a cozinha mineira vem, nesse sentido, valorizar as matrizes tradicionais da cultura alimentar, dando-lhe conhecimento mais amplo e oferecendo a possibilidade de outras culturas dela vivenciarem como uma verdadeira experi�ncia, outro elemento importante para o turismo contempor�neo. “Dessa forma, o turismo de experi�ncia est� fortemente vinculado �s culturas, que s�o as �nicas capazes de oferecer um verdadeiro encontro com outros povos e costumes. Ao comer, em Minas, o frango com ora-pro-n�bis, ou experimentar o queijo, patrim�nio do Brasil, o visitante faz uma comunh�o com nossa cultura. Esse fen�meno fomenta, sobremaneira, a economia criativa, seja ela na cozinha, nas artes e artesanato ou ainda na experi�ncia de nossa paisagem cultural”, finaliza o chefe da pasta.

O homem do patrim�nio

O Dia Nacional do Patrim�nio � comemorado em 17 de agosto, data de nascimento de Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969). A mem�ria desse belo-horizontino � reverenciada em todo o pa�s, tendo seu nome se tornado tradu��o da preserva��o do acervo cultural. Primeiro presidente do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o advogado, jornalista e escritor esteve � frente do �rg�o federal por tr�s d�cadas, sempre com a miss�o de fazer o tombamento dos monumentos, evitar a evas�o de obras, objetos de arte e outras pe�as de relev�ncia, enfim, proteger os tesouros do Brasil.

Riquezas da terra

Conhe�a produtos e express�es culturais de Minas e o ano de reconhecimento nas esferas federal, estadual e municipal:

N�VEL MUNICIPAL

  • Tradicional produ��o artesanal do distrito de S�o Bartolomeu, em Ouro Preto, na Regi�o Central – 2008.
  • Saberes da Produ��o Artesanal de doce de leite de Pomp�u, na Regi�o Central – 2016.
  • Modo de fazer a queca, um tipo de bolo com frutas cristalizadas (2014) e a lamparina (2019), em Nova Lima (RMBH).
  • Pastel de S�o Jos�, em Nova Era, na Regi�o Central – 2020.
  • Modo de fazer o p�o de queijo (2017) e quitandas de Paracatu (2020), na Regi�o Noroeste.
  • Modo de fazer o p�o cheio (2019) e a lingui�a curada de varal, de Santa Rita do Sapuca� (2021), na Regi�o Sul.

N�VEL ESTADUAL

  • Modo de fazer o queijo artesanal da regi�o do Serro, no Vale do Jequitinhonha – 2002.
  • Festa de Nossa Senhora do Ros�rio dos Homens Pretos, de Chapada do Norte, no Vale do Jequitinhonha – 2013.
  • Comunidade dos Arturos, em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) – 2014.
  • Folias de Minas (pastorinhas, folias de Reis, S�o Sebasti�o, charola e outras) – 2017.
  • Viola de Minas – Saberes e fazeres da viola e express�es musicais – 2018.
  • Comunidades quilombolas Manzo Ngunzo Kaiango, no Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Leste de Belo Horizonte e territ�rio original at� Santa Luzia (RMBH) – 2018.
  • Artesanato em barro do Vale do Jequitinhonha – 2018.

N�VEL FEDERAL

  • Modos de fazer o queijo artesanal – 2008
  • Toque dos sinos (2009) e Of�cio do sineiro (2009)
  • Roda de Capoeira (2008) e Of�cio dos mestres de capoeira (2008)
  • Jongo na Regi�o Sudeste (2005)

Processos abertos: Congadas de Minas e Of�cio das Quitandeiras


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