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Estado de Minas PATRIM�NIO

Vida nova da matriz

Ap�s nove anos de obras na igreja do s�culo 18, restaura��o do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o, em Ouro Preto, � finalizada


18/08/2022 04:00 - atualizado 18/08/2022 06:31

A Matriz Nossa Senhora da Conceição é um dos mais importantes exemplares da arquitetura religiosa brasileira
(foto: Edesio Ferreira/em/d.a press)

 

Ouro Preto – Irene do Sacramento deixou fluir suavemente a emo��o. Os olhos brilhavam diante dos altares, os dedos apontavam as imagens, a voz embargada comentava sobre o forro do corredor da sacristia, que, ao longo de d�cadas, ficou escondido sob sete camadas de tinta. “Estamos felizes, pois nossa igreja matriz ganhou vida nova, encontra-se livre das infiltra��es, do barro que descia do telhado, pelas paredes, na �poca das chuvas, dos cupins”, afirmou a senhora de 80 anos, provedora da Irmandade de Nossa Senhora da Concei��o e atuante na comunidade de Ant�nio Dias, em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas.

 

A alegria de Irene veio completa, pois, no pr�ximo dia 20, durante a missa das 19h, posterior � prociss�o com a imagem da padroeira, haver� uma b�n��o para comemorar o t�rmino da restaura��o do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o, do s�culo 18, ap�s nove anos de obras estruturais e dos elementos art�sticos. O resultado � um espet�culo de beleza absoluta, esmero, dedica��o e cuidado com um bem cultural e espiritual da primeira cidade do pa�s reconhecida como patrim�nio  mundial pela Unesco, t�tulo conquistado em 1980. No ar, uma devo��o � constru��o barroca e o respeito �s tradi��es.

 

O padre Edmar Jos� da Silva, p�roco e reitor do Santu�rio Nossa Senhora da Concei��o, onde est�o sepultados Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), e seu pai, o portugu�s Manuel Francisco Lisboa, falecido em 1767 e autor do projeto arquitet�nico do templo, levou um grupo da comunidade para ver o restauro, que demandou recursos federais de R$ 7 milh�es. Os servi�os foram supervisionados pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), respons�vel pelo tombamento em 1939, ficando a atual fase (elementos art�sticos), iniciada em 2019, a cargo da Anima Conserva��o e Restaura��o, de S�o Jo�o del-Rei.

 

Acompanhado por paroquianos, o padre Edmar José da Silva celebra a conclusão dos trabalhos, após nove anos de intervenções
(foto: Edesio Ferreira/em/d.a press)
 

 

PENTE-FINO Padre Edmar fez um comunicado importante: “Vamos celebrar o final da obra, com a b�n��o do arcebispo de Mariana, Dom A�rton Jos� dos Santos. As celebra��es ir�o de 19 a 26 de agosto, mas, em seguida, fecharemos o santu�rio por um tempo. Ser� feita avalia��o de todo o pr�dio, tipo opera��o pente-fino, para a equipe de restauro verificar todos os pontos. Ainda este ano, com data a ser divulgada, reabriremos para missas, casamentos, batizados e demais celebra��es.

 

“O restauro refor�ou a seguran�a e ampliou a beleza”, orgulha-se o p�roco. Ao lado dele, Irene do Sacramento aprova a iniciativa e adianta que vai comemorar seus 81 anos, em 26 de dezembro, com missa. “Acompanhei a restaura��o em 1949 e outra, n�o t�o completa, 30 anos depois. A atual, que come�ou em 19 de janeiro de 2013, ficou uma maravilha”, garante a provedora da irmandade.

 

No grupo de visitantes, a ministra da Eucaristia e integrante do Coral S�o Pio X Maria de Lourdes Marques n�o conteve as l�grimas ao admirar o ret�bulo-mor, que abriga a imagem da padroeira, os oito altares laterais (sob o de Nossa Senhora da Boa Morte est� sepultado Aleijadinho), os lustres agora reluzentes, os oito pain�is, a cimalha, a porta para-vento, na entrada o arco-cruzeiro e a tarja sobre ele. Ela lembrou que, pouco antes de come�ar a obra, os integrantes do coral foram advertidos por um funcion�rio do escrit�rio t�cnico do Iphan, em Ouro Preto, sobre a situa��o do coro, onde estavam ensaiando. “Falou que o piso estava arriando. Ficamos muito preocupados. Agora, vem o al�vio.”

 

Com o fechamento do santu�rio, incluindo os dois �ltimos anos de pandemia, as lojas do entorno perderam vendas, algumas sendo obrigadas a fechar as portas. “Esperamos que a reabertura da igreja traga de volta os turistas e fa�a o com�rcio florescer novamente. Moro aqui perto e vi as dificuldades”, destacou o coordenador leigo paroquial e prior da Ordem Merced�ria, Mauro Francisco de Souza. Ressaltando as tradi��es do espa�o sagrado, que recuperou, no in�cio das interven��es, as cores originais da fachada (amarelo-ocre e branco), o sacrist�o Abel Andr� de Melo comparou dois momentos nesta hist�ria: “Quando soubemos do in�cio da restaura��o, o sentimento foi de j�bilo. E ele nos preenche com o t�rmino das obras”.

 

O impactante resultado da restauração na Igreja Matriz, onde foi sepultado Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814)
(foto: Edesio Ferreira/em/d.a press)

 

MISS�O CUMPRIDA Nas palavras dos volunt�rios e em cada canto da igreja, o clima � de miss�o cumprida. Com o cora��o em festa, padre Edmar mostra o forro do corredor em dire��o � sacristia, do qual foram retiradas sete camadas de tinta branca. “Pode ser que esse recurso tenha sido usado para clarear o ambiente, mas veja a diferen�a. Ningu�m aqui nunca viu. Podemos ver a decora��o (rocalhas) original, em suas formas e cores”, mostrou o padre.

 

Na sacristia, a equipe da Anima continua os trabalhos com afinco, sob o olhar atento da restauradora e coordenadora Isabel Cristina A�rton. “Sou de Ouro Preto, ent�o a satisfa��o � dupla, pois trabalho desde 2019 num bem t�o importante para a cidade. O santu�rio faz parte da minha identidade, da nossa cultura. A cada dia, fui conferindo ainda mais esta import�ncia para todos”, contou Isabel ao percorrer a igreja com a equipe do EM.

 

Diante dos altares, Isabel explica que havia perda de suporte, o que se traduz por madeiras, douramentos e policromias – como inimigos da joia barroca, estavam o ataque de cupins, as infiltra��es e as repinturas, que fizeram estragos generalizados. Nos ajustes finais do restauro da porta para-vento, usada para que as velas n�o se apaguem, a restauradora L�lian Oliveira, tamb�m de Ouro Preto, contou que essa � sua primeira experi�ncia, o que alia o prazer do trabalho com a contribui��o ao patrim�nio municipal.

 

HIST�RIA Vinculado � Arquidiocese de Mariana, o Santu�rio Nossa Senhora da Concei��o, tamb�m chamado de Matriz Nossa Senhora da Concei��o de Ant�nio Dias, foi erguido pelo grupo do bandeirante Ant�nio Dias no ent�o arraial hom�nimo, como uma pequena capela devotada a Nossa Senhora da Concei��o. Por volta de 1705, a ermida foi ampliada, reflexo do desenvolvimento local e da subsequente demanda pela constitui��o de uma par�quia pr�pria. A freguesia de Ant�nio Dias, junto com a de Nossa Senhora do Pilar, passou a compor a rec�m-fundada Vila Rica, unificando, sob a mesma jurisdi��o pol�tica e administrativa, dois dos principais arraiais de Ouro Preto.

 

Em 1727, o templo come�ou a ser reconfigurado e ampliado por Manoel Francisco Lisboa, pai de Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Nos anos seguintes, a igreja passou por diversas obras, interven��es e melhoramentos internos at� a segunda metade do s�culo 18. A Matriz Nossa Senhora da Concei��o, tombada isoladamente pelo Iphan em 1939, foi sede de v�rios eventos hist�ricos importantes, como a posse do governador Gomes Freire de Andrade, em 1735.

 

Tamb�m abriga os restos mortais de Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), patrono das artes no Brasil, sepultado em frente ao altar de Nossa Senhora da Boa Morte; e de seu pai, Manoel Francisco Lisboa, na capela-mor. Um dos mais importantes exemplares da arquitetura religiosa brasileira – tanto sob o contexto arquitet�nico no panorama das matrizes mineiras setecentistas quanto na excepcionalidade da qualidade art�stica do seu acervo de bens integrados –, a edifica��o passou por duas etapas de servi�os de conserva��o e restaura��o. 

 

Memória
(foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS %u2013 6-5-2021)
 

Mem�ria
Imagens restauradas voltam aos altares
 

Paralelamente �s obras de restauro do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o, Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas, deu um bom exemplo de conserva��o e preserva��o, mostrando que a comunidade � a melhor guardi� do seu patrim�nio. Em 2021, o p�roco e reitor Edmar Jos� da Silva, h� dois anos e meio � frente da par�quia, criou a campanha de apadrinhamento de 23 imagens sacras do s�culo 18 pertencentes � igreja. A ades�o foi t�o grande (mais de 200 fam�lias), que o padre conseguiu os recursos bem antes do prazo programado. Algumas imagens j� se encontram nos altares, outras continuam entregues �s m�os dos restauradores. O trabalho foi acompanhado pelo EM desde maio de 2021. 

 

PROGRAMA��O

 

 

  • 19 de agosto, �s 19h – Missa festiva na Igreja S�o Francisco de Assis, seguida de prociss�o ao Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o.
  • Dia 20, �s 18h –  Prociss�o com a imagem de Nossa Senhora da Concei��o, saindo da Igreja S�o Francisco em dire��o ao Santu�rio Nossa Senhora da Concei��o. �s 18h30, haver� a abertura da porta principal, e, �s 19h, missa cantada, presidida pelo arcebispo de Mariana, Dom A�rton Jos� dos Santos. Ele far� o rito da b�n��o do templo, seguindo-se a coroa��o da padroeira.
  • Dia 21 – �s 6h, alvorada com repique de sinos. O domingo ter� ainda missa festiva (10h), concerto de cravo (16h), com a organista Josineia Godinho, e celebra��o solene com o canto do “Te Deum Laudamus”. As festividades v�o at� o dia 26, e a programa��o est� dispon�vel nas redes sociais da par�quia. 

 

 


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