
O ato aconteceu na Rua Pernambuco, Savassi, na Regi�o Centro-Sul de BH, no local onde est� instalada a est�tua da escritora Henriqueta Lisboa (1901-1985), diante do pr�dio onde ela morou at� sua morte.
Primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras
Rog�rio Faria Tavares, presidente da Academia Mineira de Letras, contou como surgiu a iniciativa do ato, destacando a necessidade de honrar a mem�ria da escritora.
"A ideia partiu de coletivos ligados � literatura, Minas Pelo Livro, Literatura de Minas e, sobretudo, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, tendo � frente a jornalista Alessandra Melo, e esse movimento contou com o apoio imediato da Academia Mineira de Letras. Henriqueta Lisboa foi a primeira mulher a eleger-se para a Academia Mineira de Letras, em 1963, e cabe � Academia honrar e celebrar a mem�ria daqueles que passaram pelos seus quadros."
Tavares citou a import�ncia de Henriqueta Lisboa para a literatura mineira e brasileira e ressaltou que vandalismos como os que v�m ocorrendo n�o podem ser aceitos.
‘Henriqueta honrou n�o s� a Academia Mineira de Letras, mas a cultura do nosso estado e do nosso Brasil. � uma poeta de grande import�ncia para a literatura brasileira e cujo legado deve ser valorizado, respeitado, difundido e propagado, sobretudo para as novas gera��es. Ela n�o pode ser esquecida e tamb�m n�o pode ter sua mem�ria vilipendiada, agredida, atacada como aconteceu em Belo Horizonte.’

Homenagem merecida
Maria Lisboa, sobrinha de Henriqueta, foi uma das familiares da poetisa a participar do ato e demonstrou indigna��o com os atos de vandalismo, apesar de se dizer feliz com as homenagens feitas para sua tia.
"� uma homenagem muito justa. Tia Henriqueta foi uma pessoa muito importante, uma poetisa important�ssima, cheia de bondade, cheia de valores e realmente esse vandalismo foi muito cruel e d� muita tristeza e indigna��o. Ela merece essa homenagem e eu fico feliz de ver v�rias pessoas aqui, o presidente da academia, a presidente do sindicato, todas prestando essa homenagem a ela."
Problema social
Luciana Tanure, editora na Quixote+Do Editoras Associadas, criticou o desrespeito e os ataques feitos a vida de Henriqueta Lisboa.
"Mais importante do que a mem�ria, � a vida cotidiana. Belo Horizonte est� ficando uma cidade suja, muito violenta, tem muitas diferen�as que n�o est�o sendo respeitadas e, principalmente, no caso da Henriqueta, � um em desrespeito para com a obra dela, com a vida dela, a quem ela foi, � falta de conhecimento. Mais importante que a escultura em si, � preciso lembrar a obra da Henriqueta, a obra e a for�a liter�ria e sens�vel. Isso para mim � um ataque a um territ�rio sens�vel. Um ataque a mulher que pensa, a pessoa que pensa."
Para Luciana, algumas das atitudes de vandalismo refletem o momento social que estamos vivendo, sendo este um problema de gest�o p�blica.
"As pessoas est�o fazendo isso porque elas est�o pobres, fazem para vender. Olha o tanto de gente que est� morando na rua. A sociedade como um todo � afetada por um agenciamento t�o violento. A gente tem visto um poder p�blico que n�o est� dando conta mais de cuidar das pessoas."

PBH anuncia restaura��o
Na tarde de ontem, a PBH divulgou nota informando sobre o restauro das esculturas dos escritores mineiros. “Com prazo estimado de 120 dias, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Funda��o Municipal de Cultura, anuncia a restaura��o das est�tuas p�blicas que homenageiam os grandes representantes da literatura mineira, Carlos Drummond de Andrade e Pedro Nava, Henriqueta Lisboa e Roberto Drummond. As esculturas foram confeccionadas em bronze e em tamanho real pelo artista Leo Santana, que acompanhar� todo o processo de restaura��o.”
Segundo a secret�ria municipal de Cultura, Eliane Parreiras, os tr�mites internos para que seja feita a recupera��o das esculturas j� est�o em andamento. “Realizamos um grande empenho para que pud�ssemos definir prazo e a total recupera��o das esculturas. Avan�amos internamente nos procedimentos burocr�ticos e definimos que todas as despesas ser�o pagas por meio de medida compensat�ria do Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural de Belo Horizonte. Essa decis�o vai garantir a completa e merecida restaura��o das obras, que re�nem parte da mem�ria da nossa cultura liter�ria.”
A nota oficial traz ainda uma declara��o da presidente da Funda��o Municipal de Cultura, Luciana F�res: “A depreda��o das obras nos causou muita tristeza, mas agora estamos otimistas com a proposta da completa recupera��o desse acervo t�o importante. As esculturas s�o obras de arte que est�o expostas no espa�o p�blico, que � coletivo, e esse patrim�nio cultural deve ser cuidado por todos. Esses elementos constituem a nossa mem�ria e identidade, nosso patrim�nio cultural que estava em deteriora��o e, agora, devolveremos � sociedade essa justa homenagem aos escritores que marcaram a hist�ria de nossa cidade”.
Ap�s o fim das restaura��es, adiantou Luciana F�res, ser� realizada uma campanha educativa sobre a import�ncia dos monumentos e a responsabilidade de cada cidad�o com os bens culturais.
Fraturas expostas
Na manh� da �ltima quinta-feira (8/9), a equipe do Estado de Minas percorreu v�rios pontos de BH, nos quais h� est�tuas de mineiros de renome nacional. Outro exemplo lament�vel, al�m de Henriqueta Lisboa, est� na Pra�a do Encontro, na esquina das ruas Goi�s e Bahia, no Centro. A poucos metros da sede da PBH, a est�tua em tamanho natural de Carlos Drummond de Andrade est� sem a m�o direita e com parte dos �culos quebrada. Ao lado, est� o m�dico e escritor Pedro Nava, tamb�m em tamanho natural, felizmente sem fraturas expostas.