A Pol�cia Civil (PC) indiciou 41 investigados por esquema de “rachadinha” entre propriet�rios de pousadas e desalojados que tiveram que sair de suas casas por estas estarem na �rea de risco de rompimento de barragem da Vale no distrito de S�o Sebasti�o das �guas Claras, conhecido como Macacos, em Nova Lima, Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com a corpora��o, o preju�zo � empresa foi estimado em cerca de R$ 100 milh�es.
Segundo o delegado Rodrigo Ot�vio Rodrigues, que falou sobre a apura��o na 3ª Delegacia de Pol�cia Civil, em Nova Lima, na tarde desta sexta-feira (30/9), at� o momento, 83 pessoas e nove pousadas foram investigadas, sendo quatro dos estabelecimentos apontados pelo policial como participantes do esquema.
O esquema
De acordo com a Pol�cia Civil, as investiga��es come�aram em 2021, quando a corpora��o e Vale receberam den�ncias an�nimas de que donos de pousadas e h�spedes estavam fazendo "rachadinhas". O trabalho apontou que entre fevereiro de 2019 e julho de 2022, a mineradora Vale desalojou 250 pessoas que viviam em �reas de risco das barragens B1 e B2 da Mina Mar Azul, alocando-as em pousadas da regi�o.
A situa��o foi definida ap�s acordo com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, que definiu que as fam�lias retiradas de suas casas teriam hospedagem, alimenta��o e demais gastos pagos pela empresa.
A cada quarto ocupado por fam�lias, a Vale pagava mensalmente R$ 20 mil para as pousadas, al�m de um valor di�rio de cerca de R$ 400 por pessoa, destinado a alimenta��o, lavanderia e demais gastos.
Segundo as apura��es, pousadas envolvidas na irregularidade apresentavam notas e comandas falsas, assinadas por h�spedes, com valores de servi�os que jamais foram prestados. Ap�s o pagamento, as quantias eram divididas entre estabelecimentos e benefici�rios da hospedagem.
Segundo a pol�cia, os valores pagos aos h�spedes variavam entre R$ 1,5 mil e R$ 4,6 mil, em esp�cie, quantias inferiores �s desembolsadas pela Vale. As pousadas envolvidas ficavam com o restante.
Cerca de 16 mil comandas apontadas como falsas foram apreendidas nas investiga��es.
Benefici�rios n�o moravam nas pousadas
De acordo com o delegado Rodrigo Rodrigues, parte dos benefici�rios n�o morava nas pousadas, mas, ainda assim, os propriet�rios recebiam como se os desalojados estivessem vivendo no local. “Recebemos den�ncias an�nimas de que donos de pousadas estariam aliciando os desalojados para que simulassem a hospedagem, que deveria incluir servi�os como limpeza de quartos e caf� da manh�, o que, na realidade, n�o acontecia. Os desalojados n�o ocupavam as pousadas, alguns viviam com familiares ou em locais prec�rios oferecidos pelos pousadeiros.”
Rodrigues afirmou que, em uma das pousadas que se apresentava como hospedagem de 38 fam�lias, apenas tr�s efetivamente moravam no local.
N�o-participantes foram amea�ados
O delegado Rodrigo afirmou ainda que alguns dos benefici�rios de hospedagem que n�o aceitaram participar do esquema de rachadinhas foram amea�ados. “Houve casos de h�spedes recebendo amea�as, que foram coagidos. Houve h�spedes que, inclusive, pediram prote��o policial temendo risco � pr�pria vida, porque ap�s a nossa investiga��o eles passaram a receber uma forma de coer��o de donos de pousada. Tem dois h�spedes que est�o sob prote��o.”
Preso na lista de recebedores
O delegado Rodrigo Ot�vio Rodrigues contou que dentre os participantes das rachadinhas havia um presidi�rio, que foi detido traficando drogas dentro de uma pousada, mas que permaneceu na lista dos benefici�rios do servi�o de moradia.
Ou seja, mesmo com o homem na cadeia, a pousada seguia recebendo os valores como se ele estivesse hospedado.
O delegado Rodrigo Rodrigues afirmou que as investiga��es continuam e que mais pessoas podem ser indiciadas.