Pampulha � a segunda regional mais violenta de Belo Horizonte
Levantamento exclusivo do Estado de Minas mostra a Regional Pampulha atr�s somente da Centro-Sul, l�der nas taxas de crimes violentos por 100 mil habitantes
Moradores das �reas pr�ximas ao Mineir�o reclamam que em dias de jogos e eventos, agress�es e roubos aumentam nas ruas mais afastadas do est�dio, onde n�o h� policiamento (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press - 3/6/22)
Mesmo com a segunda menor popula��o das regionais de Belo Horizonte, com 226 mil habitantes, a Pampulha se destaca como a segunda com maior taxa de crimes violentos por 100 mil habitantes. � o que mostra levantamento exclusivo feito pelo Estado de Minas com base nas ocorr�ncias de crimes violentos por bairros de Belo Horizonte, entre janeiro e julho de 2022, segundo dados obtidos por fonte da Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG) e a orienta��o de especialistas.
Como foi mostrado na edi��o de ontem do EM, a Regional Centro-Sul, com 283 mil habitantes, � a concentradora de criminalidade, muito pelos altos �ndices de registros do Centro da capital mineira.
Contudo, a taxa de crimes por 100 mil habitantes da Centro-Sul � de 360,84, enquanto a da Pampulha registra 326,83, bem acima da terceira colocada, a Regional Noroeste, com 258,54 crimes por 100 mil habitantes.
Ou seja, mesmo sem grandes aglomerados urbanos ou centros com densa concentra��o de pessoas, os habitantes da Pampulha se encontram em conv�vio pr�ximo com a criminalidade e a inseguran�a. Pelo mesmo levantamento, as regionais Oeste, com 143,25 crimes violentos por 100 mil habitantes, e a Barreiro, com 134,84, s�o as que registaram menos crimes e inseguran�a.
S�o considerados crimes violentos pela Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) o estupro, a extors�o, a extors�o mediante sequestro (sequestro-rel�mpago), a tentativa de homic�dio, o homic�dio, a tentativa de roubo, o roubo, o sequestro e c�rcere privado tentado e a sua modalidade consumada.
Os crimes violentos na capital mineira, no entanto, n�o t�m aumentado, se encontrando em curva de estabilidade. Segundo dados da secretaria, de janeiro a setembro, ca�ram 0,78%, de 7.295, em 2021, para 7.238, em 2022.
Na Pampulha, observa-se a ocorr�ncia de bols�es de com�rcio onde se aglutinam mais pessoas, mas tamb�m quarteir�es residenciais de casas onde o tr�fego � pequeno, bem como a vigil�ncia em �reas como o Bairro S�o Lu�s, onde ficam o Mineir�o e o Mineirinho.
H� tamb�m muitos condom�nios verticalizados em torres em bairros como o Castelo, onde tamb�m as ruas acabam sendo pouco movimentadas, com as pessoas circulando preferencialmente de carro devido �s grandes dist�ncias para supermercados, padarias etc.
Rede de vizinhos pela seguran�a
O medo j� tem impactado a vida de muitos moradores e trabalhadores da regi�o. Uma das estrat�gias dos moradores tem sido a Rede de Vizinhos Protegidos da PMMG, iniciativa que transforma a vizinhan�a em um grupo. Por meio do aplicativo de comunica��o WhatsApp, representantes de condom�nios, s�ndicos ou donos de casas trocam informa��es sobre suspeitos de crimes e conhecem de perto oficiais da pol�cia especificamente incumbidos desse monitoramento.
“Pagamos tamb�m para vigias fazerem rondas de motos � noite. Eles passam pelas ruas apitando, e isso afugenta os criminosos. Se o vigilante ver algo suspeito, informa para a pol�cia”, afirma o propriet�rio de uma padaria no Bairro S�o Lu�s, Roberto Carlos dos Santos, de 56 anos.
O S�o Lu�s � o que mais tem registros de crimes violentos na regional, com 69 entre janeiro e julho, o quinto pior de BH, atr�s de Centro (474), Santa Efig�nia (76), Carlos Prates (75) e Floresta (71).
Aplicativos, seguran�as e prepara��o se tornaram mais necess�rios com o aumento da viol�ncia sentida por alguns moradores, como a dona de casa Carla Kalil, de 62, e que h� 53 mora no mesmo bairro.
“A Pampulha era afastada, tranquila, quase um interior. Mas agora sinto que se tornou uma cidade grande. A gente se assusta com os crimes, principalmente temos ouvido falar de sequestros-rel�mpago de vizinhos e gente sendo roubada por motoqueiros que querem que voc� fa�a PIX para eles pelo telefone celular”, afirma.
Uma das raras horas em que a dona de casa se permite sair pelas ruas � para levar o neto �s aulas particulares. “Toda vez que vejo motoqueiros com garupas suspeitos tento evitar ficar muito exposta. Prefiro sair tamb�m no hor�rio do almo�o, que � mais cheio de pessoas, e sempre passo pelos centros comerciais, na porta de lojas, padarias e lanchonetes”, afirma Carla.
A diarista Luciana Santiago, de 45, conta que os dias de jogos de futebol no Mineir�o ou de eventos acabam trazendo muita gente de fora, e os casos de roubos e agress�es costumam ser mais frequentes nessas ocasi�es.
“N�o � perto dos est�dios, mas � nas ruas mais afastadas, onde tem menos pol�cia e seguran�a, que isso ocorre. Muda demais o perfil das pessoas para os moradores daqui. Tem gente que coloca churrasqueira no jardim do passeio, gente que faz as necessidades na porta das casas. N�o d� para saber quem � suspeito, pode ser qualquer um”, pondera.
No Bairro Castelo, onde predominam edif�cios e condom�nios verticais, o registro de crimes violentos no per�odo foi de 40 ocorr�ncias, o 25º pior da capital.
“A gente tem not�cia de muitos roubos a m�o armada. Pessoa chegando em casa ou saindo pela garagem que acaba abordada por motociclista. Por isso, muita gente procura usar t�xi at� para fazer supermercado. A gente tamb�m precisa ficar atento, muitos bandidos chamam t�xi e aplicativo daqui por ser rota de fuga f�cil pelo Anel Rodovi�rio, BR-040. Um colega acabou sendo roubado e foi trancado dentro do porta-malas do t�xi”, conta o taxista e morador do Castelo Andr� Junio Silva, de 42.
Presen�a da PM tenta inibir a a��o de ladr�es, mas com�rcio reclama da inseguran�a (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A Press)
Vulnerabilidades abrem brechas para criminosos
A zona cinzenta do entorno de locais que sediam eventos esportivos e culturais, como Mineir�o e Mineirinho, tem sido motivo de preocupa��o das for�as de seguran�a p�blica, segundo o coronel Carlos J�nior, especialista em intelig�ncia de estado e seguran�a p�blica.
“Essa preocupa��o fez inclusive surgir um batalh�o espec�fico na PMMG, que � o Batalh�o de Eventos. A prefeitura tamb�m cobra estrutura dos eventos para que haja seguran�as, mas o entorno, em si, acaba se tornando vulner�vel, e � nessas brechas onde atuam os criminosos. O criminoso sabe por onde as pessoas passam e calcula onde est� mais afastado da a��o policial”, observa o coronel.
“Na �rea da Lagoa da Pampulha predominam grandes propriedades e lotes, sendo uma quest�o geogr�fica de dif�cil atu- a��o. S� as margens do lago t�m 18 quil�metros, que recebem uma intrincada malha de vias dos bairros, dificultando um controle pontual. A quest�o de termos ali locais baldios se torna uma oportunidade para os ladr�es e dificulta a den�ncia da vizinhan�a sobre a presen�a de suspeitos”, afirma o especialista em seguran�a p�blica.
J� na quest�o de bairros como o Castelo � necess�rio atua��o tanto de presen�a das for�as nas ruas como o uso de c�meras e bloqueios rodovi�rios para desestimular as rotas de fuga pelo Anel Rodovi�rio, afirma o coronel. H� muitas �reas de limite com Contagem.
Na �rea do shopping do Bairro Cabral, vemos grande expans�o, com empreendimentos de alto poder aquisitivo surgindo, mas um policiamento ainda aqu�m”, considera o especialista.
Orienta��es da Pol�cia Militar
Para os moradores da Pampulha e de outros bairros onde a viol�ncia esteja presente, a PMMG recomenda que, ao sair de casa, tranquem portas, janelas e port�es.
“Evitem deixar vis�veis ferramentas, escadas ou outros objetos que possam facilitar a entrada de pessoas (suspeitos)”, indica a corpora��o, destacando tamb�m cuidados E cuidados ao dirigir e quando estacionar carros: “Na condu��o de ve�culo, estacione sempre em locais iluminados e movimentados. Mantenha os vidros sempre fechados, portas travadas e alarme acionado. Evite deixar objetos � mostra no interior do ve�culo.”
Orienta��es ainda em rela��o ao comportamento preventivo quando a pessoa estiver nas ruas: “Se notar que est� sendo seguido, entre em algum local movimentado e acione a Pol�cia Militar pelo telefone 190. Procure caminhar no centro de cal�adas e contra o sentido do tr�nsito. Assim � mais f�cil perceber a aproxima��o de algum ve�culo suspeito. Evite passar por ruas ou pra�as mal iluminadas e ermas; fa�a op��o por locais iluminados e movimentados”.
Outros pontos importantes destacados pela PMMG dizem respeito ao entorno das resid�ncias: “Esteja alerta � presen�a de pessoas suspeitas nas imedia��es de sua resid�ncia, principalmente nos momentos de chegada ou sa�da. Ao atender estranhos, mantenha os port�es fechados e as pessoas do lado de fora. Em caso de assalto, n�o reaja. Sua vida � o mais importante. Mantenha a calma, guarde os tra�os f�sicos do infrator. N�o o enfrente, pois geralmente ele n�o atua sozinho. Acione a Pol�cia Militar assim que poss�vel”.
receba nossa newsletter
Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor