No local, o que se v� � um cen�rio desolador. Barracos amontoados em barrancos com v�rios pontos de desmoronamento e acessos prec�rios fazem com que um trajeto de poucos metros da rua at� a porta das casas seja dif�cil e perigoso.
Dayane Ferreira, 30 anos, catadora de materiais recicl�veis, mora h� seis anos com o filho Miguel, 8, que usa pr�tese em uma de suas pernas por uma malforma��o cong�nita, em um dos barracos onde ocorreram deslizamentos. Ela afirmou que nessas situa��es, quando precisa deixar sua moradia, recorre a parentes. “Fico na casa de parentes, de um, de outro, pois as casas s�o muito cheias. Durmo na casa de minha tia, dos meus vizinhos, que me ajudam tamb�m.”
A catadora afirmou que a Defesa Civil vai ao local periodicamente para analisar os riscos e que a prefeitura de Belo Horizonte j� ofereceu lev�-la para abrigos. Mas a dist�ncia dos pontos de acolhimento e o medo de perder o que j� foi constru�do, somado � falta de condi��es financeiras de se estabelecer em outro endere�o, impossibilita a mudan�a definitiva. Ela pede ajuda. “Quem puder me ajudar com alimentos, carrinhos de areia, roupas para o meu menino, qualquer coisa mesmo. A situa��o est� dif�cil.”
Dayane se arrisca subindo as encostas que levam at� sua casa, com o filho nas costas, diariamente. N�o h� escada. Segundo ela, quedas e les�es s�o comuns pelo risco, principalmente durante o per�odo chuvoso.
Miguel, com dificuldades de se locomover, tamb�m sofre com dores causadas pelo caminho acidentado e costuma pedir para que a m�e construa uma escada ou que se mude do local. “J� ca� com ele no colo. Ele j� caiu tamb�m, porque estava sem pr�tese. A pr�tese dele sai muito.”
“Uma ajuda num aluguel, num c�modo que for, j� seria algo muito aben�oado”, finalizou Dayane.

Deslizamento de encosta
A Defesa Civil de Belo Horizonte afirmou que a vistoria constatou ocorr�ncia de deslizamento de encosta ao lado do im�vel de Dayane, mas que n�o houve necessidade de interdi��o do barraco. Apesar disso, a catadora afirmou que foi orientada a deixar o local.
Hist�rico
De acordo com Geni Mendes, 50 anos, manicure e l�der comunit�ria do local, o problema com as chuvas � recorrente e j� foram registrados desabamentos e interdi��es nos �ltimos anos. “Chega essa �poca de chuva e a gente n�o dorme, preocupada com os pais e m�es que precisam sair para trabalhar e deixar os filhos dentro de casa. � um sofrimento muito grande.”
“Isso aqui � um ponto cr�tico para a Defesa Civil. Tudo aqui � um aterro. J� tiveram deslizamentos e desabamentos no ano passado, no ano retrasado, em 2019, tudo caiu. J� chegaram a cair oito casas de uma vez”, afirmou Geni.
O que diz a PBH?
Procurada pelo Estado de Minas, a prefeitura de Belo Horizonte (PBH) afirmou que existem cerca de 1.700 moradias em �reas de alto risco em BH. O �rg�o informou tamb�m que neste per�odo chuvoso, entre setembro e hoje, 20 de dezembro — at� o momento de fechamento desta mat�ria — 551 vistorias e 96 remo��es foram realizadas. Segundo a administra��o municipal, a maioria das fam�lias foi acolhida no Programa Bolsa Moradia.
Segundo a PBH, as moradias em risco est�o localizadas em diversas regi�es da capital, principalmente nas �reas informais, vilas e favelas.
J� no per�odo entre janeiro e novembro deste ano, 2.067 moradias passaram por vistorias e 327 fam�lias foram removidas de locais com risco alto de deslizamento. Destas, 58 remo��es s�o de car�ter definitivo e as demais fam�lias retornar�o para as moradias ap�s finaliza��o de obras de manuten��o e mitiga��o de risco geol�gico.
Como funciona o monitoramento das �reas de risco?
De acordo com a prefeitura de Belo Horizonte, o monitoramento de �reas de risco � feito em conjunto entre os moradores e o poder p�blico. “Quando h� necessidade, o morador � removido temporariamente ou definitivamente para a execu��o de obras. Caso n�o haja necessidade da retirada, o morador � orientado a acionar o Poder P�blico quando houver sinal de perigo no terreno ou na moradia”, disse a PBH em resposta � reportagem.
A PBH informou ainda que at� o m�s de novembro foram conclu�das 79 obras de mitiga��o de risco geol�gico e outras 41 est�o em andamento. Das obras de manuten��o, 27 j� foram feitas e mais 15 est�o em execu��o. As interven��es, que acontecem por meio da Companhia Urbanizadora e de Habita��o de Belo Horizonte (Urbel), ocorrem em todas as regionais da capital mineira.
A��es preventivas
A Prefeitura destacou tamb�m que desde o s�bado (17) equipes da Defesa Civil, Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte, Secretaria de Obras e Infraestrutura, Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), Superintend�ncia de Limpeza Urbana (SLU), Secretaria de Assist�ncia Social e Cidadania, BHTrans e Guarda Municipal est�o em alerta 24 horas por dia para atua��o imediata.
Outra a��o preventiva levantada pela PBH foi o lan�amento do Programa de Risco Geol�gico-Geot�cnico, com a previs�o de mais de 200 obras emergenciais para mitigar os riscos geol�gicos na capital, beneficiando cerca de 245 mil pessoas. Segundo o �rg�o, o investimento � de R$ 118 milh�es em at� 18 meses. Al�m disso, no mesmo projeto est� prevista a realiza��o do diagn�stico de todas as �reas de risco da cidade.
Recomenda��es
A PBH tamb�m emitiu recomenda��es � popula��o. S�o elas:
Durante a chuva:
- Redobre a sua aten��o! Evite �reas de inunda��o e n�o trafegue em ruas sujeitas a alagamentos ou perto de c�rregos e ribeir�es nos momentos de forte chuva;
- N�o atravesse ruas alagadas nem deixe crian�as brincando nas enxurradas e pr�ximo a c�rregos;
- N�o se abrigue nem estacione ve�culos debaixo de �rvores;
- Aten��o especial para �reas de encostas e morros;
- Nunca se aproxime de cabos el�tricos rompidos. Ligue imediatamente para a Cemig (116) ou Defesa Civil (199).
- Se notar rachaduras nas paredes das casas ou o surgimento de fendas, depress�es ou minas d’�gua no terreno, avise imediatamente a Defesa Civil e saia de casa. S� retorne ap�s vistoria da PBH.
- Em caso de raios, n�o permane�a em �reas abertas nem use equipamentos el�tricos.
Alerta de risco geol�gico
Se voc� observar alguns destes sinais, saia imediatamente do seu im�vel, e ligue para a Defesa Civil (199) e, em caso de emerg�ncia, ligue para a o Corpo de Bombeiros Militar (193). S� retorne ap�s vistoria da PBH.
Sinais de que deslizamentos podem acontecer
Trinca nas paredes;
�gua empo�ando no quintal;
Portas e janelas emperrando;
Rachaduras no solo;
�gua minando da base do barranco;
Inclina��o de poste ou �rvores;
Muros e paredes estufados;
Estalos;
%u200BPequenas quedas de terra de barranco pr�ximos a sua casa
• N�o fa�a cortes muito altos e inclinados nos barrancos;
• Coloque calha no telhado da sua casa;
• Conserte vazamentos em reservat�rios e caixas-d’�gua;
• N�o jogue lixo ou entulho na encosta;
• N�o despeje esgoto nos barrancos;
• N�o fa�a queimadas.
Emiss�o de alertas
Os moradores de Belo Horizonte podem receber os alertas de risco de chuvas fortes, granizo, tempestades, vendavais, alagamentos, risco de deslizamentos de terra e outros fen�menos meteorol�gicos por SMS. Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem de texto com o CEP da sua rua para o n�mero 40199 e uma mensagem de confirma��o ser� enviada na sequ�ncia. O servi�o n�o tem custo.
A popula��o tamb�m pode acompanhar os alertas e as recomenda��es da Subsecretaria de Prote��o e Defesa Civil por meio do Instagram, Twitter, Facebook e pelo canal p�blico do Telegram no endere�o: defesacivilbh.