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Estado de Minas ALMO�O DE NATAL

Fartura na mesa do Restaurante Popular em BH neste Natal

Tradicional refei��o � op��o de confraterniza��o para os mais carentes e interessados em economizar com alimentos


25/12/2022 04:00 - atualizado 25/12/2022 07:54

Fila no Restaurante Popular
Restaurante Popular tem grande movimenta��o no dia a dia, situa��o que deve ser repetida no evento natalino (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 
Em �poca de carestia e de comemora��es de fim de ano batendo na porta, o tradicional Almo�o de Natal no Restaurante Popular � uma boa – talvez a �nica – alternativa para a popula��o carente das grandes cidades. A refei��o, gratuita, ser� oferecida hoje pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), das 11h �s 14h, na unidade do Restaurante Popular I – Herbert de Souza (Avenida do Contorno, 11.484, Centro). A expectativa � de que sejam servidos cerca de 4,5 mil almo�os.

Com a escalada dos pre�os em 2022, consequ�ncia de uma conjuntura de fatores, principalmente as dificuldades impostas pela pandemia da COVID 19, a popula��o segue com o bolso apertado para comprar itens b�sicos, como arroz, caf� e carnes. A solu��o encontrada por muitos para driblar esse cen�rio � justamente almo�ar, e at� jantar, em restaurantes populares.

A possibilidade de grande movimenta��o, e at� superlota��o, desses espa�os no dia a dia, e inclusive no Almo�o de Natal, � uma das maiores evid�ncias da brusca queda na renda da popula��o e pode ser constatada em qualquer Restaurante Popular. 

O card�pio de hoje inclui arroz, tutu de feij�o, maionese de legumes, salada de alface com espinafre e manga, lombo assado ao molho de mostarda e abacaxi. Para quem n�o consome carne, a op��o � ovo cozido. Para aquelas que optam pelo almo�o � base de vegetais, ser� oferecida alm�ndega de gr�o-de-bico.

O Papai Noel participa da celebra��o e, com o apoio de volunt�rios, realiza a entrega de presentes, doados pela popula��o de BH �s crian�as.

A subsecret�ria de Seguran�a Alimentar e Nutricional da PBH, Darklane Rodrigues, conta sobre a import�ncia de manter a tradi��o de realizar o Almo�o de Natal. “Esse � um momento de alegria para a pol�tica de seguran�a alimentar e nutricional. Os Restaurantes Populares, presentes diariamente na vida de tantas pessoas, neste dia de Natal abre as portas para celebrar em conjunto com as fam�lias. � um dia festivo, com brinquedos, teatro, m�sica e, � claro, com a oferta de refei��es saud�veis e saborosas, garantindo o direito � alimenta��o para as pessoas que mais precisam.”

Al�m do tradicional almo�o no Restaurante Popular I, as demais unidades tamb�m realizar�o oferta de almo�o gratuito exclusivamente � popula��o em situa��o de rua, conforme ocorre nos fins de semana e feriados desde o in�cio da pandemia.

O almo�o de Natal dos Restaurantes Populares � realizado no munic�pio h� 28 anos, com exce��o de 2020, devido � pandemia de COVID-19. O evento � realizado pelos funcion�rios dos restaurantes, que preparam e servem as refei��es, e conta com volunt�rios que apoiam a iniciativa da prefeitura.

Infla��o dos alimentos

Na capital, quatro unidades refor�am a alimenta��o da popula��o mais carente: em frente � Rodovi�ria, no Centro de BH, na Regi�o Hospitalar e nas regionais Barreiro e Venda Nova. Para quem gasta tudo ou quase tudo que ganha com comida, n�o h� escapat�ria diante da infla��o dos alimentos: � preciso deixar de comer ou substituir uma comida nutricionalmente saud�vel por ultraprocessados e refei��es que deixam as pessoas satisfeitas, como o fub� suado.

Com isso, o pre�o nos restaurantes Populares � visto como uma ajuda e tanto para enfrentar a crise econ�mica e ainda conseguir manter uma refei��o nutritiva. “A gente une a fome com a vontade de comer”, brinca a gari Marisa Jos� Leite, de 61 anos, que almo�a todos os dias no Restaurante Popular Josu� de Castro, no Bairro Santa Efig�nia, Regi�o Hospitalar de Belo Horizonte.

Ela afirma que, com o valor dos alimentos nas alturas, a sa�da mesmo � o popular, e n�o mede elogios � comida do local. “Est� tudo arrebentando, n�o tem condi��es. Tem que ir no lugar mais barato. Venho aqui h� anos. Cada dia que passa a comida fica melhor. Tudo gostoso, nutritivo. � muito especial”, disse.

Na unidade, s�o servidas, em m�dia, mil refei��es por dia. Ao ano, s�o mais de 2 milh�es de refei��es entre caf� da manh�, almo�o e jantar. Mesmo com a alta nos pre�os dos alimentos, a prefeitura conseguiu manter os valores de antes da pandemia. Tomar um caf� da manh� em um Restaurante Popular custa R$ 0,75, enquanto o almo�o tem pre�o de R$ 3 e o jantar, R$ 1,50.

As refei��es servidas para as pessoas em situa��o de rua s�o 100% subsidiadas. J� os benefici�rios do Programa Bolsa-Fam�lia pagam metade do pre�o. Os valores s�o os mesmos desde 2015. 

Concentrado em �reas mais centrais, o servi�o, por�m, n�o chega �s comunidades mais vulner�veis, dificultando o  acesso de pessoas que, por exemplo, n�o t�m condi��es nem mesmo de pagar um transporte p�blico para chegar a esses locais.
 
Frequentador do Restaurante Popular
Claudiano Rodrigues almo�a "todos os dias" em espa�os populares
 

Espa�o bem democr�tico

O perfil das pessoas que utilizam o servi�o varia bastante com a regi�o da capital mineira, aponta a subsecret�ria de Seguran�a Alimentar e Nutricional da PBH, Darklane Rodrigues. “Na Regi�o Central, atendemos um n�mero muito grande de trabalhadores do com�rcio popular, moradores do entorno, idosos que moram sozinhos ou j� n�o produzem as refei��es em casa. Temos unidades descentralizadas, de forma que a gente consiga atender todas as macrorregi�es da capital”, conta.

A quantidade de refei��es servidas nas unidades de BH cresceu cerca de 40% nos primeiros quatro meses de 2022 em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Por�m, segundo a subsecret�ria, esse aumento est� associado � flexibiliza��o da pandemia, j� que cresceu a circula��o de pessoas pela cidade.

O capoteiro Claudiano de Paula Rodrigues, de 45 anos, diz que percebeu um aumento no n�mero de pessoas sendo atendidas no Restaurante Popular Josu� de Castro. Para ele, o movimento est� maior do que em per�odos anteriores � pandemia, apesar de a prefeitura n�o confirmar essa informa��o. “Almo�o aqui todos os dias. T� bem mais cheio nos �ltimos meses. Muito mais do que era antes da pandemia. Mas ainda assim � muito bom. Voc� sai satisfeito e gastando pouco”, conta.

O servente Matheus Eduardo da Silva, de 26, teve a mesma impress�o que Claudiano, e avalia: “Acho que est� todo mundo procurando com o aumento dos alimentos”. Ele at� levou a esposa, Stephanie Karoline Fernandes, de 24, e a filha Yasmin, de 6, para almo�arem juntos. “Sempre como aqui. Com R$ 9, tenho tr�s almo�os. Ia gastar muito mais de R$ 40 se fosse em outro lugar”, conta.  “� a primeira vez que a gente vem aqui. Sai bem mais em conta, porque o pre�o no restaurante normal est� bem puxado”, complementa Stephanie.

Para o professor H�lio Amaral Ribeiro de Assis, de 48, a economia � no bolso e tamb�m na sa�de. “Com R$ 3 eu n�o consigo comprar nada na rua que atenda � minha demanda nutricional da mesma forma. As refei��es do Restaurante Popular s�o muito boas, balanceadas. Venho aqui muito pela qualidade da comida e o pre�o atrativo”, afirma.

A estudante Viviane Almeida, de 33, diz que se precisar comer fora prefere ir ao Restaurante Popular ou levar marmita. “Se eu n�o conseguir comer aqui, levo comida de casa. Est� tudo muito caro”, conta. Ela tamb�m reclama da alta de pre�o nas prateleiras dos supermercados. “Ultimamente, voc� vai fazer compras e com R$ 100 n�o leva nada”, calcula.

Restaurante da C�mara

No meio desse cen�rio, o Restaurante Popular da C�mara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), no bairro Santa Efig�nia, continua fechado h� mais de dois anos. A reportagem do Estado de Minas foi at� o local e conversou com um funcion�rio da C�mara. Segundo ele, o coment�rio geral no �rg�o � de que “o restaurante fechou de vez”.

Darklane Rodrigues aponta que o munic�pio tem desenvolvido diversas a��es para minimizar o cen�rio de inseguran�a alimentar, que � um problema nacional. “BH foi a �nica cidade que estabeleceu estrat�gias continuadas durante a pandemia. Atendemos mais 2 mil fam�lias de forma ininterrupta”, disse. Segundo ela, os �ndices de vulnerabilidade do pa�s seguem trajet�ria de crescimento desde 2016.



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