Ap�s estiagem, Norte de Minas e Jequitinhonha vivem preju�zos com a chuva
Atualmente, Minas Gerais conta com 129 munic�pios em situa��o de emerg�ncia devido �s enchentes, desmoronamentos e outros danos causados pelos temporais
Ruas e casas foram inundadas em Janu�ria, no Norte de Minas (foto: Jeferson Cardoso/Divulga��o)
As intensas chuvas dos �ltimos dias t�m provocado destrui��o em Minas Gerais. Na atual temporada chuvosa, 14 pessoas morreram, 1.754 moradores ficaram desabrigados enquanto outros 7.602 foram obrigados a deixar suas casas, ficando desalojados, segundo balan�o da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Minas Gerais (Cedec-MG) divulgado neste s�bado (7/1).
Uma boa parte dos mineiros sofre com o infort�nio em condi��es extremas do clima: primeiro, houve o castigo da falta de chuvas. Depois, iniciou o sofrimento decorrente do excesso das �guas do c�u. Atualmente, Minas Gerais conta com 129 munic�pios em situa��o de emerg�ncia devido �s enchentes, desmoronamentos e outros danos causados pelos temporais. Deles, 26 j� se encontravam no mesmo quadro emergencial em fun��o dos estragos decorrentes da seca enfrentada ao longo da maior parte do ano de 2022.
Os 26 munic�pios do “castigo duplo” est�o situados no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha. S�o cidades onde os estragos dos temporais s�o mais avassaladores porque as prefeituras n�o disp�em de estrutura e equipes capacitadas e preparadas para o enfrentamento de chuvas mais intensas. Esta situa��o decorre exatamente do fato que as duas regi�es s�o historicamente atingidas por longas estiagens. Ou seja: seus moradores vivem “acostumados” com a “seca braba” na maior parte do ano.
“O maior problema � uma prefeitura como a nossa, que vinha enfrentando seca, seca, seca, n�o tinha um corpo t�cnico preparado para enfrentar um per�odo desse (de chuvas intensas). A prefeitura n�o tinha uma equipe de engenharia com essa especialidade. Por que n�o tinha? Porque n�o precisava”, afirma um assessor da Prefeitura de Salinas, conhecida como a Capital da Cacha�a, uma das cidades do Norte do estado que entraram em estado de emerg�ncia devido � estiagem severa no ano passado e agora encontra-se em situa��o semelhante, mas por causa dos danos provocados pelos temporais.
SALINAS
Entre a segunda quinzena de janeiro e outubro do ano passado, a popula��o de Salinas (41,69 mil habitantes) enfrentou a estiagem, que, mais uma vez, motivou a decreta��o de estado de emerg�ncia no munic�pio. De acordo com a Defesa Civil de Salinas, a seca atingiu 8.464 pessoas com a falta de �gua, destrui��o das lavouras e perda de animais. O total de 1.450 moradores – de 67 comunidades rurais – tiveram que ser atendidos por dois caminh�es-pipa da prefeitura.
Hoje, Salinas se encontra em quadro emergencial por causa dos danos provocados pelas chuvas intensas, iniciadas em novembro. O temporal mais forte ocorreu entre a noite de 15 de novembro e a manh� seguinte. Na ocasi�o, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram registrados 142,2 mil�metros num intervalo de 12 horas e meia. A chuvarada provocou muitos preju�zos, com a inunda��o de casas e ruas em v�rios bairros. A enchente arrancou o cal�amento de ruas, danificou o asfalto e as redes de �gua e de esgoto da Copasa. Moradores perderam colch�es, fog�es, geladeiras e eletrodom�sticos. Sete fam�lias ficaram desalojadas.
As altas densidades pluviom�tricas em Salinas prosseguiram em novembro e dezembro e nos primeiros dias deste m�s, atingindo mais de 700 casas e ruas na cidade. Al�m disso, por causa das chuvas, muitas estradas vicinais ficaram intransit�veis, deixando comunidades rurais isoladas.
O coordenador municipal de Defesa Civil de Salinas, Richarley Viana, avalia que o enfrentamento das consequ�ncias da seca e dos danos das chuvas sacrifica a prefeitura. “Enfrentar dois desastres ao mesmo tempo � uma tarefa extremamente complicada que requer maior empenho e a��es imediatas daqueles que s�o respons�veis pelas atividades de resposta”, comenta Viana.
Salinas ainda sofre com as “sequelas” do excesso de chuvas do final de 2021, quando, em 27 de dezembro, ap�s os temporais, o Rio Salinas transbordou e inundou o Centro comercial e v�rios bairros da cidade, provocando s�rios preju�zos ao com�rcio e deixando cerca de 2,7 mil pessoas desalojadas e desabrigadas no munic�pio, onde foi decretado estado de calamidade p�blica.
Acesso �s �reas rurais
No Norte do estado, a mesma realidade � verificada em Janu�ria, cidade com 67,8 mil habitantes que � banhada pelo Rio S�o Francisco, onde, de janeiro a outubro de 2022, a popula��o sofreu com as consequ�ncias da seca, sendo a maior delas a falta d’�gua. Sessenta comunidades rurais precisaram ser abastecidas por caminh�es-pipa. O flagelo da escassez h�drica motivou a decreta��o de estado de emerg�ncia.
Em 16 de dezembro, foi novamente decretada situa��o de emerg�ncia em Janu�ria devido aos transtornos provocados pelas chuvas intensas. Na semana que passou, os temporais castigaram a cidade, onde ocorreram inunda��es de ruas e casas em v�rios bairros, entre os quais S�o Miguel, Cer�mica, Novo Mil�nio, Vila Viana e parte do Centro. Os moradores perderam alimentos, m�veis e outros bens, al�m de danos aos telhados e �s paredes das casas.
O prefeito de Janu�ria, Maur�cio Almeida (PP), afirma que o munic�pio “vive um momento muito delicado diante das chuvas intensas”. Ele salienta que os temporais destru�ram muitas estradas na zona rural do munic�pio. “Teremos que abrir novos caminhos para a popula��o das localidades rurais poderem se deslocar para comprar alimentos e ir para a escola”, diz Almeida.
O chefe do Executivo municipal explicou que, embora a cidade seja cortada pelo Rio S�o Francisco, inunda��es de ruas e casas na �rea urbana foram decorrentes da falta de sistemas de drenagens, obras que precisam ser feitas. Disse ainda que a grande extens�o territorial do munic�pio, que tem mais de 6 mil quil�me- tros quadrados (km²), � uma das dificuldades da prefeitura para enfrentar as consequ�ncias das chuvas.
FALTA DE VERBA
Maur�cio Almeida afirmou tamb�m que o munic�pio recebeu a visita de uma equipe da Defesa Civil estadual para avaliar os danos das chuvas, mas a prefeitura continua a aguardar ajuda mais expressiva. “Estamos tentando o apoio do governo do estado, que tem nos ajudado de forma simb�lica, um pouco distante da realidade”, assegurou.
Outro munic�pio “acostumado” com o clima semi�rido e que agora est� em situa��o de emerg�ncia por causa das chuvas, ap�s ter decreto igual por conta dos problemas decorrentes da estiagem, � Capit�o En�as, com 15,1 mil habitantes.
“No ano passado, passamos por uma crise h�drica durante o per�odo da seca. Os preju�zos foram maiores na zona rural, onde fam�lias foram atendidas com mais de 80 caminh�es de �gua pot�vel. Al�m da falta de �gua em alguns lugares, os inc�ndios (florestais) foram constantes”, informou a Prefeitura de Capit�o En�as.
Hoje, o munic�pio se encontra em situa��o de emerg�ncia por conta do excesso pluviom�trico. O decreto emergencial foi assinado em 4 de novembro, quando uma tromba d’�gua atingiu a cidade. Segundo a prefeitura, em pouco mais de quatro horas o volume de chuva chegou a 250 mil�metros.
De acordo com a prefeitura, ocorreram inunda��es em v�rios bairros da cidade e mais de 100 casas foram atingidas. Sete fam�lias foram desabrigadas e tiveram que ser atendidas com aluguel social. Estradas vicinais tamb�m foram afetadas. At� hoje, a prefeitura tenta corrigir os estragos do “dil�vio”.
“Para o munic�pio, chega a ser inusitado: enfrentar seca e chuvas torrenciais gera preju�zos na lavoura e na infraestrutura da cidade”, afirma o prefeito de Capit�o En�as, Reinaldo Teixeira (SD). “Para este ano de 2023, j� est�o sendo licitadas diversas obras que ir�o ajudar na preven��o desses problemas”, anuncia Teixeira.
VALE DO JEQUITINHONHA
No Vale do Jequitinhonha, o pequeno munic�pio de Umburatiba, com apenas 2.580 habitantes, est� em situa��o de emerg�ncia desde 19 de dezembro devido aos danos provocados pelas chuvas. O munic�pio j� se encontrava na mesma situa��o emergencial por conta da seca.
Umuratiba, no Vale do Jequitinhonha, sofre com acessos interditados (foto: Tardo Tarqu�nio/Divulga��o)
O coordenador municipal de Prote��o e Defesa Civil de Umburatiba, Tardo Tarqu�nio Caetano Santos, afirma que, ao longo de 2022, o munic�pio teve problemas com a escassez h�drica. Moradores de comunidades rurais precisaram ser abastecidos por caminh�es-pipa.
Agora, Umburatiba padece dos problemas gerados pelo volume excessivo que vem do c�u. “O munic�pio foi atingido em todo o seu territ�rio, tanto zona rural quanto na �rea urbana. O excesso de chuva danificou muitas estradas, algumas tendo seus acessos interditados e prejudicando alguns produtores de leite”, disse Tarqu�nio. Ele disse que, na sede do munic�pio, muitas casas foram invadidas pela �gua e pela lama. O problema � agravado pelo entupimento das redes de �gua pluvial.
Entregas de ajuda humanit�ria em Pav�o (foto: Defesa Civil/Divulga��o)
Pav�o, tamb�m no Vale do Jequitinhonha, decretou emerg�ncia por causa das chuvas intensas. A Defesa Civil busca verbas para recuperar quatro pontes destru�das. Aproximadamente 40 casas foram danificadas e cinco bicas de bueiros est�o interditadas. Mais de 450 km de estradas est�o com algum tipo de interdi��o.
DEFESA CIVIL
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec-MG) argumenta que, embora 26 munic�pios mineiros estejam tanto nas duas listas publicadas no boletim do �rg�o, das cidades em situa��o de emerg�ncia por conta dos danos provocados pelas �guas e das dificuldades da seca, n�o se pode falar que eles estejam no quadro emergencial devido � seca e � chuva ao mesmo tempo.
“N�o existe seca e chuva ao mesmo tempo. O que acontece s�o munic�pios que decretaram situa��o de emerg�ncia por causa da seca e posteriormente por causa da chuva. Sendo assim, os decretos relacionados � seca j� n�o s�o mais vigentes”, explica a Defesa Civil.
Por outro lado, a Cedec-MG esclarece que conta com duas frentes de ajuda aos munic�pios. Uma voltada para o socorro aos flagelados da seca e outra para atender �s cidades atingidas pela chuva.
Segundo a Defesa Civil, em rela��o � estiagem, “h� articula��o com �rg�os e entidades para organizar as a��es de resposta, distribui��o de cesta b�sica e aux�lio ao munic�pio na distribui��o de �gua por meio de caminh�es-pipa”. Para tratar dos problemas das chuvas, h� articula��o com �rg�os e entidades para organizar as a��es de resposta e restabelecimento � normalidade, distribui��o de material de ajuda humanit�ria e envio de equipe de resposta para auxiliar o munic�pio quando necess�rio, informa a Cedec-MG. O �rg�o acrescenta ainda que ajuda as comunidades atingidas “distribuindo cestas b�sicas, colch�es, kits dormit�rio, kits higiene e itens como �gua mineral, �gua sanit�ria, �lcool, lonas e fraldas”.
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