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Estado de Minas PATRIM�NIO

Sacristia de igreja do s�culo 18 vira museu tempor�rio de Aleijadinho

Depend�ncias de templo em Ouro Preto pe�as esculpidas por Ant�nio Francisco Lisboa, com visita��o aberta ao p�blico


27/01/2023 04:00 - atualizado 27/01/2023 07:12
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Pe�as de Aleijadinho ocupam sacristia do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o, enquanto aguardam remontagem de museu, criado em 1958 (foto: Fotos: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)

Ouro Preto – No caderno de registro de visitantes, aberto sobre uma mesinha, h� assinatura de australianos, franceses, italianos e brasileiros de v�rios estados. “Isso apenas num dia. Tem vindo muita gente aqui, neste per�odo de f�rias”, orgulha-se o padre Edmar Jos� da Silva, p�roco e reitor do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o, em Ouro Preto, na Regi�o Central de Minas. Satisfeito, o religioso mostra a sacristia-mor do templo, reinaugurada em dezembro e transformada, temporariamente, no Museu Aleijadinho. Ouro Preto recebe, anualmente, entre  500 mil e 600 mil turistas, de acordo com a prefeitura local.
 
A sacristia-mor ou sacristia maior foi restaurada no pacote de obras estruturais e de elementos art�sticos que contemplou a igreja do s�culo 18, durante nove anos, com recursos federais R$ 7 milh�es. Os servi�os na matriz do Bairro Ant�nio Dias, no Centro Hist�rico da cidade, foram supervisionados pelo Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), respons�vel pelo tombamento, em 1939.
 
No espa�o, h� pe�as importantes esculpidas por Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814: o Cristo Crucificado, a imagem de S�o Francisco de Paula e o conjunto de madeira escura formado por quatro figuras com cara de animal, supostamente le�es. Chamado de “Essa”, trata-se de adorno de um estrado usado, nas igrejas, para se colocar o cad�ver durante as cerim�nias f�nebres.
 
Muitas hist�rias povoam Ouro Preto e sua atmosfera barroca, e uma delas envolve o esquife. “Contam que Aleijadinho criou essas quatro figuras a partir do relato de escravizados. Como nunca tinha visto a figura de um le�o, baseou-se no relato dos africanos, e d� para ver que a cara n�o � propriamente de um le�o”, conta o reitor do santu�rio.
 
Segundo padre Edmar, est� em andamento uma campanha para remontagem do Museu do Aleijadinho, criado em 1958 pelo bispo em�rito dom Francisco Barroso Filho, de 93 anos, residente perto da Matriz Nossa Senhora da Concei��o. "Fazemos um apelo � sociedade, aos empres�rios e ao governo para que nos ajudem nessa cruzada em prol da cultura, da hist�ria, do conhecimento", diz o padre Edmar, ressaltando que o acervo, com cerca de 200 pe�as, est� guardado e precisa ser exposto.

Acervo

Na sacristia, est�o em exposi��o 10 pe�as barrocas, e o curioso conjunto para cerim�nia f�nebre chamou a aten��o do casal de namorados Rodrigo Kohl, m�dico, e Ana Carolina Fontana, designer, de Santa Catarina. Pela primeira vez em Ouro Preto, os dois gostaram do acervo. “Nestas f�rias, viemos a Minas para uma viagem cultural”, contou o m�dico.
 
Vindos de S�o Jos� do Rio Preto (SP), o casal Adriano Marques e Edinalva David Marque e a filha Adrielle David Marques, estudante de arquitetura, admiraram as pe�as expostas e aproveitaram para ver, no corredor de acesso � sacristia, a mostra “Descortinar”, com 80 fotografias sobre o minucioso processo de restaura��o do Santu�rio Matriz Nossa Senhora da Concei��o.
 
“� tudo muito bonito, ainda mais restaurado”, disse Adriano, enquanto a filha Adrielle prestava toda a aten��o nos detalhes da arquitetura da igreja. Como um atrativo a mais para os visitantes, o altar da Boa Morte, o primeiro no lado direito de quem entra no templo, abriga os restos mortais de Aleijadinho. Tamb�m no interior da igreja est� sepultado o pai de Aleijadinho, Manuel Francisco  Lisboa, falecido em 1767 e autor do projeto arquitet�nico da matriz.
 
Pagando R$ 10 por um ingresso (no m�s que vem passar� para R$ 15), o turista tem direito a tr�s visitas nesse circuito, al�m da Matriz Nossa Senhora da Concei��o de Ant�nio Dias: a Igreja S�o Francisco, �cone do Barroco e uma das sete maravilhas do mundo colonial portugu�s, e a Igreja das Merc�s e Perd�es, tamb�m do s�culo 18 e destaque de Ouro Preto, cidade reconhecida, em 1980, como patrim�nio mundial pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura (Unesco). O ingresso, dividido em tr�s partes, pode ser adquirido em qualquer uma das tr�s igrejas.

Hist�ria

Vinculado � Arquidiocese de Mariana, o Santu�rio Nossa Senhora da Concei��o, tamb�m chamado de Matriz Nossa Senhora da Concei��o de Ant�nio Dias, foi erguido pelo grupo do bandeirante Ant�nio Dias no ent�o arraial hom�nimo, como uma pequena capela devotada a Nossa Senhora da Concei��o. Por volta de 1705, a ermida foi ampliada, reflexo do desenvolvimento local e da subsequente demanda pela constitui��o de uma par�quia pr�pria. A freguesia de Ant�nio Dias, junto com a de Nossa Senhora do Pilar, passou a compor a rec�m-fundada Vila Rica, unificando, sob a mesma jurisdi��o pol�tica e administrativa, dois dos principais arraiais de Ouro Preto.
 
Em 1727, o templo come�ou a ser reconfigurado e ampliado por Manoel Francisco Lisboa, pai de Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Nos anos seguintes, a igreja passou por diversas obras, interven��es e melhoramentos internos at� a segunda metade do s�culo 18. A Matriz Nossa Senhora da Concei��o, tombada isoladamente pelo Iphan em 1939, foi sede de v�rios eventos hist�ricos importantes, como a posse do governador Gomes Freire de Andrade, em 1735.


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