Buracos na 381 e 262: motoristas relatam medo e desamparo nas rodovias

As p�ssimas condi��es de v�rios trechos das BRs 381 e 262, entre Belo Horizonte e Vit�ria, no Esp�rito Santo, contam hist�rias de medo, inseguran�a e viol�ncia a cada quil�metro. Durante o trajeto de ida e de volta, a reportagem do Estado de Minas encontrou muitas v�timas das estradas, dezenas de carros quebrados, uma carreta tombada e pessoas que s�o obrigadas a enfrentar, alguns diariamente, os perigos na pista para trabalhar.

Situa��es estressantes que fazem parte da vida de quem depende do caminho e invocam velhas demandas por melhorias urgentes em trechos cr�ticos. Confira abaixo alguns desses relatos.

"A gente vai e n�o sabe se volta"

Robson � mototaxista em Jo�o Monlevade e passa diariamente pelas BRs 381 e 262. Ele afirmou que, juntamente com seus familiares, vive a inseguran�a de ter de trabalhar em trechos t�o perigosos. “Al�m de ser uma estrada conhecida como Rodovia da Morte, � uma estrada muito desassistida pelo governo: os anteriores e o atual. A 381 ainda melhorou na duplica��o, mas de S�o Gon�alo do Rio Abaixo para c� est� muito ruim. A 262 est� muito pior. D� medo. A gente vai e n�o sabe se volta com vida. N�o s� pelo risco da estrada, mas deveriam ter mais postos policiais. O movimento na estrada � muito grande. Os governantes talvez n�o frequentem a rodovia, t�m condi��es melhores de se locomover, mas poderiam dar uma olhada para quem mais precisa.”

No caminho para o Esp�rito Santo, na altura de S�o Domingos do Prata, encontramos Ant�nio Ronaldo e seus familiares parados na estrada. Eles estavam indo passar f�rias em Vit�ria quando estouraram dois pneus. Ele reclamou do descaso dos �rg�os oficiais. “Est�vamos vindo de Belo Horizonte para Vit�ria e ca�mos em dois buracos ali, duas ‘panelas’, e estourou os dois pneus. Passou a Pol�cia Federal e nem parou para dar um ‘al�’ pra n�s. Passou direto. Estamos com crian�a no carro, com fam�lia. N�o imaginava que seriam tantos buracos.” O eletricista disse que o fato de ter sa�do de Belo Horizonte muito cedo evitaria que eles chegassem muito tarde ao destino, devido ao tempo parado para reparos.

"N�o d� para chamar isso de estrada"

Ant�nio Pedro faz a linha que roda em Manhua�u e regi�o, at� Caratinga, e a responsabilidade de transportar passageiros por uma rodovia t�o ruim o deixa muito preocupado e tenso. Segundo ele, as obras tapa-buraco s�o ineficazes e s� maquiam o problema, que n�o demora a voltar. “Essa estrada est� p�ssima. Esse trecho est� terr�vel. Insuport�vel. Eles tapam o buraco, mas n�o resolvem. Voc� gasta mais tempo, atrasa muito a viagem. N�o d� para chamar isso de estrada, � uma vergonha. A gente v� carro quebrado toda hora na estrada, tem o risco de acidentes tamb�m. � complicado. A gente carrega vidas, uma carga que n�o se coloca valor.”

"Quando vem a primeira chuva, leva tudo embora"

Samuel voltava de f�rias em Guarapari com a fam�lia, quando conversou com a reportagem. Ele afirmou que pega a estrada mensalmente a trabalho e que frequentemente encontra carros quebrados por causa das condi��es das rodovias. Ele cobrou maior di�logo do governo estadual com o governo federal, j� que a situa��o da estrada melhora quando chega no Esp�rito Santo. “A estrada est� horrorosa, p�ssima, n�o tem por onde ficar pior. Venho ao Esp�rito Santo todo m�s a trabalho, ent�o sei onde tem buracos, mas sempre me deparo com carros estragados. Aqui, para ficar ruim, tem de melhorar muito. E j� tem anos. Eles fazem a opera��o tapa-buracos, jogam piche e deixam para os carros compactar. Quando vem a primeira chuva, leva tudo embora. A impress�o que a gente tem � que o nosso governador n�o dialoga com o governo federal. A responsabilidade � do DNIT, mas tem de haver di�logo. A gente j� paga IPVA caro, deveria pelo menos ter uma estrada de qualidade.”

Morador de Rio Casca, Jos� Barbosa afirma que a situa��o da estrada s� tem piorado. Segundo ele, os reparos na pista s�o apenas superficiais e o problema volta rapidamente. Diariamente ele v� muitos carros estragados na rodovia por danos provocados quase que exclusivamente pelas condi��es da rodovia. “A estrada est� p�ssima, todo mundo t� vendo, inclusive os governantes. Eles devem estar sabendo disso. Meu filho foi para Belo Horizonte pegar um avi�o para ir para o Rio Grande do Sul. Ele nem tinha chegado em Jo�o Monlevade e estourou o pneu. Ligou para um colega, de Raul Soares, para resgatar ele. Quando o amigo foi, estourou pneu tamb�m. A�, tive de ir l� buscar ele para pegar outro carro e continuar. A estrada est� desse jeito e o imposto todo mundo tem que pagar.”

Ant�nio Am�lio voltava de viagem � Vit�ria com sua fam�lia quando os quatro pneus de seu carro estouraram. A reportagem o encontrou sozinho, trocando um dos pneus de seu carro, por volta de 9h30 da manh�. Ele estava parado desde �s 23h do dia anterior. "A fam�lia t� jogada numa padaria. Tr�s crian�as, uma de 11 anos e duas de 30 dias de vida, e minha esposa. Agora, vou ver o que eu fa�o aqui. A estrada est� horr�vel, s� melhora a estrada quando muda de estado. Mas aqui � Minas Gerais o descaso com Minas � gigante. Eles n�o querem saber se voc� vai com a sua fam�lia, se voc� vai se envolver num acidente, se voc� vai morrer. Eles n�o t�o nem a�. O ser humano n�o tem valor nenhum, mas o imposto � cobrado.”