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Estado de Minas CARNAUAI

Balan�o dos blocos de carnaval: BH � 10, mas cad� o patroc�nio?

Folia da capital mineira brilha em receptividade e estrutura, mas exige apoio de empresas, avaliam agremia��es


23/02/2023 04:00 - atualizado 23/02/2023 08:58

Bloco do Manjericão
Desta vez com local de concentra��o previamente divulgado, o Bloco do Manjeric�o abriu a programa��o de ontem do carnaval: no tema, a legaliza��o da maconha e defesa do meio ambiente (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
O que deu certo e o que precisa melhorar no carnaval de Belo Horizonte? O Estado de Minas ouviu organizadores de diversos blocos que desfilaram durante a folia para entender a vis�o de quem fez a festa funcionar. Os organizadores dos blocos elogiaram, em sua maioria, a alegria e receptividade do povo mineiro, destacando, principalmente, o clima de paz, festa e respeito que imperou durante os quatro dias de festa. O papel social do carnaval tamb�m foi exaltado. Na outra ponta, a dificuldade em conseguir patroc�nios privados foi a principal queixa dos blocos, que cobraram a realoca��o de parte de lucros dos estabelecimentos comerciais e de servi�os durante o per�odo para aqueles que fazem a festa.

Gustavo Caetano, fundador e mestre do Queixinho, afirmou que apesar de se vender a ideia de que o carnaval de Belo Horizonte � um dos maiores do pa�s, � preciso ter mais que um grande n�mero de turistas para que a festa realmente seja consolidada. “Tem que aumentar a estrutura e capta��o de investimentos. Tem que incentivar as empresas privadas, que s�o beneficiadas pelo carnaval, a retornar parte desse dinheiro em forma de investimento. N�o adianta falar que � o maior carnaval se quem realmente faz a festa fica sem estrutura. Esse � um ponto que a gente tem que melhorar, e r�pido”, defendeu.

“� inadmiss�vel que empresas que s�o diretamente beneficiadas pelo carnaval, como cervejarias, aplicativos de transporte, de alimenta��o, hospedagem, rede hoteleira, drogarias e empresas de �nibus e avia��o n�o ajudem. Est� na hora de as empresas serem cobradas, seja por decreto, seja por meio dos impostos. E esse dinheiro tem que entrar diretamente para quem faz a festa, que s�o os blocos. A gente n�o precisa de intermedi�rio”, completou.

Como pontos positivos, Caetano destacou a bela folia que aconteceu na cidade, mas ressaltou que � necess�rio levar o carnaval para novos locais, principalmente para as periferias. “O ponto positivo foi o povo mineiro, que recebeu milhares de turistas do Brasil inteiro. Est� sendo uma festa linda. O povo nas ruas sendo respeitoso, abra�ando o carnaval. S�o v�rios blocos lindos, mesmo sem dinheiro. O carnaval � maior que o dinheiro, e os mineiros est�o mostrando isso. Mas a gente precisa ampliar mais”.
Geo Ozado, presidente da Liga Belo-Horizontina de Blocos Carnavalescos e organizador do Baianas Ozadas, destacou o car�ter de retomada do carnaval de BH, ap�s dois anos sem a realiza��o do evento por causa da pandemia de COVID-19 e ressaltou o apoio tamb�m do governo de Minas. “Nunca a gente ficou tanto tempo sem essa festa popular, que � essencial para a cultura brasileira. A gente viu o papel importante que o carnaval tem na vida social, de alento para as pessoas. Mas o governo do estado entrando, pela primeira vez, no carnaval � talvez o principal ponto positivo que posso destacar”.

Por outro lado, Geo Ozado lamentou os problemas financeiros enfrentados pelos blocos. “Muitos blocos tiveram dificuldades de prospec��o de patroc�nio, o que gerou dificuldades financeiras. A coisa cresceu e as responsabilidades cresceram tamb�m. Temos que ter cuidado e carinho com a festa, com o p�blico. Espero que os governos estadual e municipal, independentemente de disputas ideol�gicas, possam dar as m�os para, juntos com a gente e todos os �rg�os envolvidos, fazer dessa a melhor festa poss�vel.”

Estrutura ok

Robhson Abreu, do Bloco de Bel�, elogiou a estrutura do carnaval de Belo Horizonte durante seu desfile. “No cortejo do Bloco de Bel�, pelo menos, tinham muitos sanit�rios qu�micos, tinham muitos PMs, n�o deu muita briga e confus�o, a dispers�o foi bem tranquila, a BHTrans fechou as ruas bem mais cedo”, enumerou. Ele foi mais um a citar a parte financeira como principal adversidade do carnaval de 2023. “O ponto negativo, al�m de acabar muito r�pido, foi a falta de patroc�nio da iniciativa privada. O turista vem para BH por causa dos blocos de carnaval, de rua. Os hot�is, supermercados, bares est�o cheios. Ent�o, acho que est� passando da hora de as empresas ajudarem os blocos. A gente pode fazer parcerias com os estabelecimentos comerciais, como acontece em Salvador. A iniciativa privada quer faturar, mas n�o quer tirar dinheiro do bolso para ajudar.”

O bloco Eleganza estreou nesta edi��o do carnaval de Belo Horizonte e gostou da experi�ncia, com ressalvas. Rafa M�rtir, um dos organizadores, elogiou a festa, mas ressaltou que o apoio da administra��o p�blica ainda � insuficiente. “Achei o carnaval incr�vel, mas principalmente pela popula��o, que deu tudo de si para que ele acontecesse. A gente ainda � carente de um apoio mais efetivo da prefeitura tanto quanto do governo do estado. Mas o carnaval de BH � feito com o povo. E se juntando, a gente fez uma festa linda.”

Trope�os

Heleno Augusto, vocalista e organizador do Havayanas Usadas, elogiou o esp�rito do p�blico durante o carnaval. “Vi pouqu�ssimas coisas que remetessem a viol�ncia, desrespeito. Foi tudo muito lindo. Clima muito bom, n�o choveu. Foi �timo para n�s.” Segundo o vocalista, a incerteza sobre os rumos da festa antes de ela acontecer foi algo que preocupou bastante a organiza��o dos blocos.

“O ponto negativo foi a incerteza de saber como �amos fazer. Tem um edital da prefeitura que � um aux�lio, que paga parte das despesas que a gente tem, mas n�o teve patroc�nio grande. E o edital do estado, o Carnaval da Liberdade, que � um dinheiro maior, entrou em fevereiro. O trabalho que a gente faz em quatro, cinco meses de produ��o, tivemos que fazer em 10 dias. O Havayanas e v�rios outros blocos; inclusive, tiramos dinheiro nosso, pessoal, do bloco, de show, oficinas, para receber depois que as coisas acontecessem.”

Luh Nepomuceno, do bloco A B�blia dos Solteiros, mais um estreante no carnaval de Belo Horizonte, considera importante que haja melhorias estruturais para a folia. “Acho que podia melhorar a estrutura dos banheiros, que foi dif�cil achar, a n�o ser nos barzinhos. Algumas informa��es poderiam ser centralizadas, porque houve alguns blocos que sa�ram nas informa��es na central e outros n�o, mesmo alguns tradicionais. A seguran�a, pois fiquei sabendo que houve muitos furtos, apesar de ter visto menos viol�ncia que em 2020. Mais caminh�es de �gua”, listou.

Mesmo com os apontamentos, Nepomuceno acredita que j� houve melhorias consider�veis em rela��o aos �ltimos anos, o que, para ele, destaca o carnaval da capital mineira no pa�s. “Acho que a gente j� teve uma evolu��o muito grande. Por ser uma pessoa que j� passou em todos os carnavais (mais importantes) do Brasil, eu ainda acho e defendo que Belo Horizonte � o melhor lugar.”

Tempo curto

Lucas Moraes, diretor e um dos fundadores do bloco Funk You, ressaltou o clima de alegria e paz durante o cortejo. “O desfile do Funk You superou todas as expectativas em rela��o � anima��o do p�blico, � tranquilidade e � paz, e a participa��o dos Mcs alegrou bastante nosso desfile”. Apesar de computar um saldo positivo, Lucas considerou que houve problemas durante o desfile, que prejudicaram o espet�culo preparado.

“Tivemos alguns pontos em rela��o ao trajeto, pois n�o conseguimos chegar aonde t�nhamos planejado, que era a Pra�a da Esta��o. O hor�rio tamb�m, a gente queria ter conseguido mais 10, 15 minutinhos para acabar a apresenta��o de fato, tivemos que interromper sem ter apresentado as duas �ltimas MCs.  Isso para n�s foi um certo transtorno e a gente ficou um tempo ali tentando resolver a quest�o do trajeto. A expectativa � que a gente siga melhorando.”

escola de samba do Grupo Especial Imperatriz Leopoldinense
Escola de samba Imperatriz Leopoldinense (foto: Carl de Souza/AFP)

De olho no futuro

Para Gilberto Castro, presidente da Belotur, por ora, o carnaval de Belo Horizonte tem um saldo muito positivo. Depois de domingo, quando a folia termina, haver� um balan�o completo. “At� o momento, a gente tem uma entrega muito satisfat�ria, um planejamento muito bem executado. O balan�o at� o momento � muito positivo. O importante � que tivemos, at� ent�o, um carnaval feliz, num ambiente seguro, limpeza funcionando, tudo acontecendo da melhor forma poss�vel.”

“Em rela��o a melhorias para o ano que vem, normalmente a gente recebe relat�rios de todos os �rg�os apontando o que funcionou e o que precisa melhorar. Acho que a gente vem conseguindo, ano a ano, ter essas melhorias e entregas. Com certeza, no ano que vem, faremos ainda melhor”, prometeu. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que far� um balan�o do carnaval ap�s o fechamento da programa��o, que ocorre no domingo. (MC)

E ainda tem mais

Engana-se quem pensa que o carnaval terminou na ter�a-feira. Ontem, foli�es desafiaram o cansa�o e agitaram blocos pela capital desde as primeiras horas da quarta-feira de cinzas, nos cortejos do Manjeric�o, Afro Magia Negra, Badadan Banda de Rua, I Wanna Love You e Bloco da Saudade. E para quem ainda tem g�s, a programa��o da folia de  Belo Horizonte se estende at� domingo, com uma pausa hoje e amanh�.

Concentrada na Pra�a Toscana, no Bairro Bandeirantes, na Regi�o da Pampulha, a bateria do Bloco do Manjeric�o, conhecido por levantar a pauta da legaliza��o da maconha, se despediu da folia. Pela primeira vez em sete anos, o bloco, que costuma se reunir �s 4h20, abandonou o mist�rio e incluiu o local da concentra��o na programa��o oficial do carnaval. Tradicionalmente, o endere�o s� era revelado �s v�speras do desfile. Este ano, o cortejo tamb�m come�ou mais tarde, �s 7h.

Fantasiados de verde, os foli�es do Bloco do Manjeric�o acordam cedo para propor um debate pela legaliza��o da maconha. Folhas viraram brincos e adere�os para a fantasia daqueles que n�o querem que o carnaval acabe. "� um bloco muito livre, cheio de fam�lias, bem animado. Uma �tima oportunidade para encerrar o carnaval", disse a foli� Luiza.

Al�m de levantar a bandeira “can�bica” desde as primeiras edi��es do desfile, o bloco tamb�m refor�a a preserva��o do meio ambiente. Os locais escolhidos para o cortejo priorizam �reas verdes. "� um ato pol�tico de chamar a aten��o para a pauta e sempre valorizando uma �rea verde da cidade, que necessita de preserva��o. J� passamos pelo Parque Lagoa do Nado, pela encosta da Serra do Curral", conta D�rio de Moura, integrante da bateria do bloco, que completa 10 anos. "O projeto nasceu no Santa Tereza, quando ainda n�o era poss�vel usar o nome maconha ou s�mbolos da planta aqui no pa�s. Era tudo muito proibitivo, sem abertura para o debate. O Manjeric�o era uma forma de nos expressar", relembra D�rio.

Sem sair do lugar, por sua vez,  o Bloco I Wanna Love You reuniu foli�es no Sagrada Fam�lia, em Belo Horizonte. O bloco em homenagem a Bob Marley atraiu fam�lias e foli�es com muito reggae misturado com ritmos brasileiros. J�lia Ara�jo, de 25 anos, n�o s� participou, como fez uma fantasia especial: um arco escrito “m�econheira”, conjugado com o barrig�o de gr�vida. “N�o andar, e a sombra, s�o perfeitos pra mim”, argumentou.

O I Wanna Love You faz seu cortejo h� 11 anos e desde 2013 no Campo do Grota. O bloco se consagrou pela tranquilidade e m�sica de qualidade. A regente do bloco, Bela Leite, conta que o p�blico � formado por crian�as, idosos e as v�rias pessoas cansadas pelos quatro dias de carnaval, mas que n�o querem parar de festejar. “A gente gosta tanto desta pra�a, fomos t�o acolhidas pela comunidade, que estamos at� hoje aqui. Depois de dois anos sem carnaval, � um presente colocar o bloco na rua e compartilhar um pouco nossa arte”, disse Bela.

Gabriela Dornelas, de 37, n�o perde nenhuma edi��o desde 2012. Desta vez, ela pulou o carnaval com Nico, de 1, no colo. Na sua opini�o, uma das maiores vantagens do carnaval de BH � a variedade e diversidade, com muitas op��es para quem est� com crian�as e fam�lia. Tanto que ela e filho j� participaram de tr�s blocos, e comemoraram o anivers�rio do pequeno em clima de carnaval.

Quem participou pela primeira vez tamb�m gostou. Diulia Paraizo, de 25, foi com amigos atr�s de um �ltimo g�s. Com o cansa�o do �ltimo dia de folia, ela n�o deixou de ir fantasiada. “Fiz essa roupa pensando nas cortes do reggae rasta, com o peitinho de fora, a bandeira do Brasil cortada, com o vermelho, inspirada no artista Raul Mour�o, e a camisa vermelha”, contou Diulia. (SP, MC)

Imperatriz leva o 9 º t�tulo no Rio

escola de samba do Grupo Especial Imperatriz Leopoldinense
Escola de samba Imperatriz Leopoldinense (foto: Carl de Souza/AFP)

A escola de samba do Grupo Especial Imperatriz Leopoldinense, com um total de 269,8 pontos, � a campe� do carnaval de 2023 do Rio de Janeiro. O enredo vencedor, do carnavalesco Leandro Vieira, foi “O aperreio do cabra que o excomungado tratou com m�-queren�a e o sant�ssimo n�o deu guarida” e abordou o cangaceiro Lampi�o e sua chegada ao c�u. Em segundo lugar, ficou a agremia��o Unidos do Viradouro, de Niter�i, na Regi�o Metropolitana do Rio. A terceira colocada foi a Unidos de Vila Isabel. J� a escola Imp�rio Serrano foi rebaixada para a S�rie Ouro. O enredo da Imperatriz foi inspirado nos cord�is “A chegada de Lampi�o no inferno” e “O grande debate que teve Lampi�o com S�o Pedro”, de Jos� Pacheco. A escola de Ramos obteve seu nono t�tulo ap�s 22 anos de jejum.


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