Em entrevista ao Estado de Minas, Gabriel de Faria, um dos advogados de Ygor, que atua pela Teixeira | De Faria Advocacia, afirmou que o estudante teria encontrado desfalques ao assumir a tesouraria da associa��o. A defesa afirma que, receoso de repassar as informa��es e temeroso de ser responsabilizado por eles, o jovem decidiu investir o dinheiro da rep�blica por conta pr�pria, visando quitar essas d�vidas. Os investimentos, por�m, n�o resultaram em lucro, e o dinheiro foi perdido.
Gabriel destacou, ainda, que foi a fam�lia de Ygor que procurou a Rep�blica Partenon, j� com o grupo de advogados contratados, para informar do rombo. Al�m disso, o advogado tratou com mentirosas quaisquer alega��es de que o jovem teria fugido. De acordo com a defesa, o estudante saiu da rep�blica pois s� faltava terminar o TCC para a conclus�o da gradua��o, pr�tica comum entre universit�rios. Seus representantes informaram que o jovem segue morando com seus pais e est� � disposi��o da Justi�a.
A vers�o, por�m, � contestada pelos denunciantes, que dizem que Ygor teria feito investimentos em renda vari�vel e jogos de apostas online, e que j� no �ltimo dia 3 de mar�o ele teria feito novos saques, zerando a conta da rep�blica no banco.
Outra alega��o dos moradores da rep�blica � que essa �ltima movimenta��o foi feita no momento em que os advogados de defesa se reuniam com os denunciantes para informar do rombo.
Eles destacam ainda que o teor da mensagem enviada pelos advogados na tentativa de marcar a reuni�o onde a situa��o seria exposta “n�o indicava a seriedade do ato”, e que as v�timas “imaginavam que a reuni�o seria apenas para que o requerido deixasse de responder pelo cargo de tesoureiro”, visto que ele teria alegado anteriormente que n�o poderia continuar na fun��o por problemas de sa�de.
Os problemas de sa�de do jovem s�o utilizados pela defesa, que alega que ele tem realizado tratamentos psicol�gicos e psiqui�tricos pela rede p�blica de sa�de, o que, para seus advogados, vai contra a acusa��o de que os desvios de dinheiro tiveram objetivo de enriquecimento. “A gente vai conseguir demonstrar, com tranquilidade, que n�o houve qualquer inten��o de enriquecimento pessoal, de enriquecimento il�cito, de acr�scimo patrimonial pessoal”, disse Gabriel.
Em rela��o aos valores citados pelos moradores da Rep�blica Partenon, Gabriel de Faria pretende manter a cautela e esperar o t�rmino das investiga��es para confirmar qualquer montante. “A gente vai ter acesso a esses documentos, a esses levantamentos, vamos conferir atrav�s de laudos periciais se esses valores, de fato, correspondem ao que foi apurado. O que a gente quer e evitar pr�-julgamentos”, disse o advogado de Ygor.
Entenda o caso
Ygor Fernandes Ara�jo est� sendo acusado de desviar R$ 514,6 mil da rep�blica estudantil Partenon. A Associa��o Rep�blica Partenon de Ouro Preto (Arpop) afirma que, nos 27 anos de sua exist�ncia, arrecadou R$ 450 mil com o objetivo de comprar uma casa pr�pria para a rep�blica. O processo de compra de uma casa avaliada em R$ 390 mil foi iniciado no fim de 2022.
De acordo com not�cia-crime enviada ao Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), os moradores da rep�blica alegaram que Ygor, que era tesoureiro da rep�blica desde outubro de 2021, realizou uma “quantidade anormal” de movimenta��es, com uma retirada bruta que de aproximadamente R$ 600 mil, desde o momento de posse do cargo que ocupava, ocorrida em 25 de outubro de 2021.
Os moradores da rep�blica alegaram que confiavam em Ygor pelo fato de ele ser um dos moradores mais antigos da rep�blica e que, na associa��o, “h� entre todos os moradores um sentimento de irmandade”, o que aumentava a confian�a entre eles.
Na not�cia-crime consta ainda que, anteriormente, a movimenta��o conta banc�ria da Arpop exigia libera��o do tesoureiro e do presidente. Os moradores alegam ainda que, tendo ci�ncia disto, Ygor sugeriu a cria��o de uma nova conta no Banco Ef�, antiga Gerencianet, empresa com a qual possu�a diversos colegas, visto que � sediada em Ouro Preto.
“Nesse novo banco, n�o haveria a necessidade de autoriza��o do presidente para a realiza��o da movimenta��o banc�ria, por isso o tesoureiro recebeu uma senha �nica, sem qualquer acesso dos demais moradores, uma vez que alterou o telefone de autentica��o para seu pessoal”, dizia o documento.
Os denunciantes alegam ainda que Ygor teria adulterado presta��es de contas anteriores, para omitir os desvios. Outro ponto citado na den�ncia foi que, durante o carnaval 2023, Ygor pediu dinheiro emprestado para diversos ex-moradores da rep�blica, afirmando que precisava pagar contas urgentes. Somado, o valor pedido para os ex-colegas chegou a R$ 12 mil, que n�o foi pago. Eles explicam que a Rep�blica Partenon realiza eventos de carnaval em Ouro Preto e que nesse momento do ano, as movimenta��es financeiras ficam mais frequentes.
A Rep�blica Partenon est� realizando uma "Vaquinha" para "manter a rep�blica viva". Veja o post:
O Ef�, banco que detinha os valores economizados pela Rep�blica Partenon, em nota, afirmaram que a conta corrente opera de forma regular e que a empresa est� a disposi��o das autoridades. Leia na �ntegra:
"A Ef� esclarece que a conta corrente em quest�o foi aberta em 2021 e est� devidamente regularizada. Toda e qualquer transa��o foi validada a partir de senha de acesso e assinatura eletr�nica, por meio de dispositivo de seguran�a configurado previamente.
A companhia ressalta que, al�m da seguran�a das autoriza��es das transa��es, disp�e de ferramentas de seguran�a que podem ser utilizadas pelos clientes, como a de "Usu�rios Secund�rios", que permite o cadastrado de usu�rios, al�m do titular, para acesso � conta, com permiss�es espec�ficas por usu�rio, como, por exemplo, acompanhamento de extrato financeiro.
A empresa tamb�m ressalta que est� � disposi��o das autoridades para qualquer esclarecimento adicional".
Desvios na USP
No �ltimo m�s de fevereiro, a aluna do curso de medicina da USP, Alicia Dudy M�ller Veiga, de 25 anos, passou a ser investigada pelo crime de apropria��o ind�bita de R$ 920 mil, desviado do fundo de formatura de sua turma na faculdade por meio de nove saques.
Ela afirmou em depoimento � pol�cia ter usado parte do dinheiro para fins pessoais, como aluguel de um carro e aparelhos eletr�nicos. Ap�s trancar a faculdade no fim de janeiro, Alicia voltou a frequentar a faculdade no dia 27 de fevereiro.
Alicia � investigada por apropria��o ind�bita, suspeita de estelionato e lavagem de dinheiro pela pol�cia de S�o Bernardo do Campo, na Grande S�o Paulo. Essa investiga��o teve in�cio ap�s ela tentar apostar, sem pagar, um total de R$ 891 mil em bilhetes da Lotof�cil.