
Os alunos do Instituto Estadual de Minas Gerais (IEMG) voltaram �s aulas nesta segunda-feira (27/3). O retorno se d� cinco dias depois do inc�ndio que atingiu o primeiro piso do pr�dio da escola, na rua Pernambuco, bairro Funcion�rios, regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, na �ltima quarta-feira (22/3).
Com o pr�dio do IEMG fechado para obras de restaura��o, as aulas ser�o em um pr�dio alugado da rua Guajajaras, tamb�m na Regi�o Centro-Sul de BH, a cerca de 300 metros do edif�cio que pegou fogo. O novo pr�dio escolhido receber� os alunos do ensino m�dio, enquanto os estudantes do ensino fundamental continuar�o estudando no anexo do IEMG, local n�o atingido pelas chamas. Apesar de comemorarem o retorno, pais e alunos relataram inseguran�a na volta �s aulas.
D�bora Renata, 52 anos, servidora p�blica, � m�e de uma aluna do terceiro ano do IEMG. Ela relatou que sua filha ficou com medo de voltar para a escola. “Ela ficou insegura, com medo de acontecer de novo, e a� a gente entra com todo o trabalho de tranquiliza��o, mas mudou tudo para eles. Sa�ram da zona de conforto, vieram para um lugar que eles n�o conhecem, mas tem que seguir em frente. � a orienta��o que a gente d�”.
Segundo D�bora, o IEMG entrou em contato com os alunos pelo grupo da escola no WhatsApp, enviando mensagens da Secretaria Estadual de Educa��o (SEE/MG) desde o dia do inc�ndio, mas que tudo foi feito na correria.
Davi Asaph, 17 anos, aluno do IEMG, afirmou que estava feliz de poder voltar a estudar, mas demonstrou preocupa��o em rela��o � estrutura do novo pr�dio. “No meu meio de amigos j� passou o temor, o problema, agora, s�o as salas apertadas e o calor. S�o muitas pessoas”. Ele afirmou, ainda, que � um baque mudar de escola de forma t�o repentina. “N�o tava esperando por isso, d� uma mudada. A escola era bem grande”.
M�rcia Melo, 51 anos, funcion�ria do IEMG, contou que a chegada dos alunos foi um pouco tumultuada, pelo fato de tudo estar muito novo, mas destacou que os estudantes foram bem acomodados no novo pr�dio. “A estrutura do pr�dio � muito boa, comportou todos os alunos, no primeiro dia d� um pouco mais de tumulto, mas devagarinho vai chegando tudo no lugar”.
Melo disse ainda que o pr�dio foi vistoriado pelo Corpo de Bombeiros e oferece condi��es de seguran�a. Por fim, ela afirmou n�o saber, ainda, por quanto tempo o IEMG funcionar� no novo endere�o.

“Os pais n�o foram comunicados de nada”
N�bia Alves, 46 anos, manicure, aguardava na porta da escola junto ao marido mesmo ap�s a entrada de sua filha, de 17 anos, aluna do terceiro ano do IEMG, para as aulas. Perguntada sobre o motivo da espera, a mulher afirmou que queria respostas da administra��o da escola. “Como pais a gente ainda est� muito sem saber. Eu sei que o tempo est� corrido, que foi tudo muito r�pido, mas a escola ainda n�o colocou um posicionamento para os pais. Eles t�m entrado em contato s� com os alunos e alunos menores de idade n�o respondem por isso”.
De acordo com N�bia, a escola comunicou somente aos filhos sobre o retorno das aulas e o novo local de estudo. “A gente n�o teve contato com a escola e queremos saber da seguran�a, em primeiro lugar. Assim como a minha filha, muitos est�o abalados emocionalmente. A gente agradece a Deus que n�o teve nenhuma v�tima grave, mas o emocional dos meninos est� abalado”.
“Minha filha ainda � menor, ent�o acho que a escola precisa ter um posicionamento com os pais. Eu quero saber da seguran�a, se vai ter fiscaliza��o de quem entra e quem sai, se eles v�o estar vulner�veis. � a preocupa��o de todos os pais”, revelou.
N�bia contou que sua filha est� traumatizada e acredita que isso ainda ir� demorar a passar. “A minha filha n�o queria vir. Ele teve uma crise de p�nico na sexta-feira, ela chorava, ela tremia, o meu marido teve que sair do trabalho para ir para casa ficar com ela. Nos primeiros dias ele estava com dificuldade para dormir”.
Por fim, a m�e pediu que a escola entre com um trabalho psicol�gico com os alunos. “A escola n�o tem culpa, mas deveria ter um pouco mais de aten��o com esses alunos que ficam dispersos, e acho que eles deveriam entrar com um trabalho psicol�gico agora. Essa � minha opini�o e quero saber o posicionamento da escola”.

Alunas relatam trauma
Sophia Laura, 15 anos, aluna do segundo ano do IEMG, est� preocupada com o volta �s aulas. Ela pensou em sair do IEMG. “Depois do que aconteceu, a gente fica com medo de qualquer coisa, assustado, mas creio que vai melhorar. Estou com medo, eu ia at� trocar de escola, mas n�o ia adiantar muita coisa, ent�o vou continuar. Meus pais est�o muito preocupados, minha m�e est� ‘doida’, mas j� aconteceu”.
Ainda sem ter entrado na nova escola, Sophia disse estar preocupada em como ser�o os estudos no local. “Parece que � menor, tem a quest�o do recreio, e s�o muitos alunos. Vamos ver como vai ser”.
Mariana Cristina, estudante de 16 anos, afirmou ter ficado traumatizada por causa do inc�ndio e disse que seus pais est�o preocupados. “D� receio para caramba, crises de ansiedade, � um pouco perturbador a ideia de voltar para escola, porque parece que criei um trauma depois do fogo. Meus pais est�o bem preocupados porque eu venho para c� sozinha todos os dias e eles n�o tem como ter contato com a escola”.

Funcion�rios receber�o treinamento
Silas Fagundes de Carvalho, subsecret�rio de administra��o da Secretaria de Estado da Educa��o (SEE/MG), destacou que o novo pr�dio do IEMG tem as condi��es m�nimas de seguran�a para receber as aulas. “Os bombeiros est�o fazendo a fiscaliza��o dos equipamentos do inc�ndio, de prote��o individual dos profissionais”. Ele disse, tamb�m, que, a partir desta segunda (27/3), os funcion�rios da escola receber�o treinamento para situa��es de emerg�ncia. “Est�o aqui tamb�m para treinar e formar os profissionais que aqui v�o trabalhar para, em caso de ocorr�ncia, fazer o primeiro atendimento, que � o que eles chamam de ‘cinco minutos de ouro’”.
De acordo com Carvalho, esses treinamentos ocorrer�o em todas as escolas atuais, assim como a regulariza��o do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para esses pr�dios. “O Corpo de Bombeiros j� colocou � nossa disposi��o uma oficial que est� estruturando uma capacita��o para todas as escolas do estado. Coincidentemente, na segunda-feira da semana que aconteceu o incidente no Instituto, n�s j� tivemos a primeira reuni�o entre Secretaria, Bombeiros e Minist�rio P�blico, justamente para fechar um cronograma de capacita��o e tamb�m avan�ar na penaliza��o dos AVCBs de todos os pr�dios escolares”.
Silas contou que foi feita uma pesquisa mercadol�gica para encontrar o im�vel mais adequado para receber os alunos. “Em fun��o das obras que aconteceriam este ano, a gente j� estava fazendo esse trabalho para acomodar os alunos e isso facilitou bastante o trabalho. Esse edif�cio da rua Guajajaras apresentou as condi��es ideais para funcionar uma escola, porque aqui, at� meados do ano passado, funcionava uma institui��o de ensino superior”.
Perguntado sobre prazos para retorno das aulas ao antigo pr�dio do IEMG, o subsecret�rio informou que, ap�s a formaliza��o do contrato de restaura��o do Instituto, o prazo m�nimo para execu��o das obras � de 36 meses, podendo chegar a 60 meses. “Isso vai depender, porque como se trata de uma restaura��o, esse prazo pode ser alongado � medida que forem identificados problemas de execu��o”.

O inc�ndio
O Corpo de Bombeiros foi acionado �s 9h45 da �ltima quarta-feira (22/3) para atender ocorr�ncia de inc�ndio no Instituto de Educa��o de Minas Gerais (IEMG). Segundo a corpora��o, o fogo come�ou na sala de arquivos, que fica na �ltima sala do primeiro andar, no fundo do pr�dio. A fuma�a foi vista de longe.
Toda a escola foi evacuada. Quatro viaturas do CBMMG, com 12 militares, al�m da Pol�cia Militar e o Samu, trabalharam na ocorr�ncia. Apesar do susto, n�o houve feridos graves, mesmo com 44 pessoas tendo sido atendidas em hospitais de Belo Horizonte.
Por volta das 11h30, o fogo foi controlado. At� o final da manh�, os bombeiros fizeram o rescaldo e o resfriamento do local para evitar reigni��o das chamas.
Um adolescente de 16 anos foi apreendido ainda na noite da quarta-feira (22/3) suspeito de ter ateado fogo no Instituto Estadual de Educa��o de Minas Gerais, na regi�o Central da capital, na manh� de hoje. O jovem n�o teria aguentado a press�o diante da repercuss�o do caso e teria acionado a pol�cia e confessado o crime. O menino afirmou que estava fumando um cigarro na sala do arquivo, centro do inc�ndio, quando teria descartado a guimba em um local cheio de pl�stico.
Apesar do inc�ndio, o jovem afirmou � pol�cia que n�o teve nenhuma inten��o ou vontade de causar a situa��o, e que eles (o garoto e um colega) n�o repararam se o fogo come�ou na sala. Apenas dez minutos depois de retornarem para a aula � que notaram a fuma�a.
A reportagem do Estado de Minas entrou em contato com o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) para entender a atua��o da corpora��o no retorno �s aulas no IEMG e obteve a seguinte resposta:
"Sobre a presen�a de bombeiros pr�ximo ao Instituto, trata-se de uma solicita��o de vistoria no pr�dio que fica localizado na rua Guajajaras, que ser� usado provisoriamente pelos alunos do ensino m�dio at� que o pr�dio principal esteja novamente em condi��es de uso. A vistoria pretendia verificar as condi��es da edifica��o quanto ao risco de inc�ndio e p�nico" informou o Corpo de Bombeiros.