
"Tristeza e revolta". Esse foi o sentimento de Geraldo Fraga, de 44 anos, que precisou fazer uma cova para enterrar o pr�prio pai em Bela Vista de Minas, na Regi�o Central de Minas Gerais, na quarta-feira (29).
Tarc�sio Leandro Fraga morreu na ter�a-feira (28), por volta das 5h. A causa da morte do homem de 72 anos ainda n�o foi definida, mas o filho relatou que o pai tinha problemas com alcoolismo. No mesmo dia da morte, Geraldo foi at� a prefeitura da cidade solicitar uma cova no cemit�rio municipal para enterrar o pai.
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Uma funcion�ria p�blica entregou a Geraldo um documento que deveria ser entregue aos coveiros do cemit�rio. Por volta das 15h, o filho de Tarc�sio foi at� o local, por�m, n�o encontrou ningu�m para atend�-lo.
Sabendo que o coveiro “batia cart�o” no posto de sa�de, Geraldo foi at� o local para entregar o documento e receber o atendimento.
“Apareceu um funcion�rio da prefeitura e eu entreguei a ele o pedido para abrir a cova para o meu pai. A primeira coisa que ele me disse foi que n�o era garantido que abririam a cova at� a tempo do enterro. Eu pensei: ‘a minha obriga��o eu fiz, agora deixa eu ir embora que tenho mais coisas para resolver’”, contou Geraldo.
Na manh� seguinte, por volta de 8h, Geraldo chegou ao cemit�rio para o enterro e havia apenas 20 cent�metros de cova cavados. Dois funcion�rios ainda estavam retirando a terra do local.
Indignado, o filho de Tarc�sio perguntou qual era o motivo do atraso. “Disseram que estavam abrindo uma outra (cova), mas perceberam que haviam enterrado algu�m l� h� pouco tempo e resolveram come�ar a abrir uma nova”.
Como se aproximava das 9h e o trabalho ainda estava no come�o, o sobrinho de Tarc�sio, Fabr�cio Alc�ntara, pegou as ferramentas e come�ou a cavar. Sem trocar mais uma palavra com os funcion�rios da prefeitura, Geraldo ajudou seu primo a tirar a terra do local para poder enterrar seu pai. A cena gerou revolta na comunidade que esperava o enterro.
“O pessoal est� indignado, � um absurdo. A gente chegou e os coveiros estavam come�ando a abrir a sepultura ‘numa moleza’, muito devagar. Os meninos resolveram abrir. Garoava e, num momento de dor, estavam l� os parentes abrindo a cova do pai e do tio. Todo mundo achou um absurdo”, contou Vilma Lima, que � moradora de Bela Vista de Minas e acompanhava o enterro de Tarc�sio.
Geraldo contou ainda que a prefeitura n�o o procurou depois para dar qualquer satisfa��o ou oferecer algum pedido de desculpas.
“Eu fiquei muito chateado, porque n�o esperava abrir a cova do meu pr�prio pai. Virou uma mistura de tristeza e revolta. Isso n�o vai sair da minha mente. Eu cavei a cova do meu pr�prio pai. Eu fiquei muito constrangido e acredito que no momento n�o tive tempo para pensar. � muita tristeza”, relatou Geraldo.
Resposta da prefeitura
Por meio de nota da ouvidoria, a Prefeitura de Bela Vista de Minas informou que “atendeu todas as solicita��es dos familiares para o sepultamento” e que “os familiares se ofereceram para ajudar na execu��o do servi�o. O ocorrido n�o tem rela��o com falta de coveiro, at� porque existiam dois funcion�rios da prefeitura no momento e n�o estava sendo realizado nenhum outro sepultamento. A ouvidoria de Bela Vista de Minas informa que se solidariza com o luto dos familiares e amigos e respeita o momento”.
Cemit�rio prec�rio
Em fevereiro, moradores de Bela Vista denunciaram as p�ssimas condi��es do cemit�rio municipal. Eles relataram a ocorr�ncia de restos mortais espalhados pelo ch�o, al�m de mau cheiro.
O cemit�rio municipal � o �nico que atende a cidade de pouco mais de 10 mil habitantes. De acordo com os moradores, o local est� superlotado. A Prefeitura de Bela Vista de Minas, por sua vez, informou que o processo de licita��o para a reforma do equipamento p�blico est� em andamento.