MG: Escultura de Aleijadinho volta restaurada para par�quia da Zona da Mata

Dia de festa em Cipot�nea, na Zona da Mata de Minas Gerais, para a devolu��o � comunidade local da imagem de S�o Francisco da Penit�ncia, atribu�da ao mestre Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814). O ato na Igreja Matriz de S�o Caetano tem � frente o padre Rog�rio Ven�ncio de Rezende, de 86 anos, prestes a completar seis d�cadas de sacerd�cio, das quais cinco na par�quia, e conta com a presen�a de autoridades estaduais e municipais.  

 

A restaura��o de S�o Francisco da Penit�ncia, inclu�da num grupo de 24 imagens, foi realizada pelo Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais (Cecor) da Escola de Belas Artes da UFMG (EBA/UFMG), no �mbito do Projeto Extramuros, viabilizado por meio de conv�nio celebrado entre o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha-MG), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Funda��o de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), com o repasse de recursos advindos de medida compensat�ria obtida com a celebra��o de Termo de Ajustamento de Conduta com empreendimento miner�rio.

 

Em madeira policromada, a escultura de S�o Francisco tem 1,27 metro de altura e pesa aproximadamente 16kg, pertencendo � Par�quia de S�o Caetano, vinculada � Arquidiocese de Mariana. Segundo os especialistas do Cecor, a cabe�a da escultura � a parte da obra atribu�da ao Aleijadinho "a partir de rigoroso trabalho t�cnico, cient�fico e interdisciplinar, que exigiu estudo completo da materialidade da escultura, contemplando desde an�lise iconogr�fica e das caracter�sticas formais da pe�a at� an�lises f�sico-qu�micas, radiografias, an�lise bot�nica da madeira, al�m da importante pesquisa hist�rica sobre a presen�a de Aleijadinho na regi�o de Cipot�nea ou Rio Espera".

 

Estavam presentes em Cipot�nea o procurador-geral do MPMG, Jarbas Soares J�nior, o titular da Coordenadoria de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC/MPMG), promotor de Justi�a Marcelo Azevedo Maffra, a presidente do Iepha-MG, Mar�lia Machado Palhares, professores Alessandra Rosado e Luiz Ant�nio Cruz Souza, da diretoria do Cecor/EBA/UFMG. 

Segundo o professor Luiz Ant�nio, o trabalho s� ser� dado por completo ap�s a instala��o no altar permanente. "A equipe est� toda presente acompanhando a entrega. O trabalho ser� conclu�do quando deixarmos a imagem no altar permanente. Essa restaura��o foi parte do projeto Extramuros e as escolhas foram  feitas pelas par�quias e prefeituras, com assist�ncia do Iepha", explica. 

 

O projeto levou anos para ser finalizado e, durante o processo de restaura��o, a equipe confirmou a hip�tese da imagem de S�o Francisco da Penit�ncia. "O projeto demorou, porque houve muitos m�todos de an�lise envolvidos. Al�m dos estudos de hist�ria da arte, na escultura de S�o Francisco, fizemos o processo formal de atribui��o � Aleijadinho. A partir das an�lises, comprovamos a hip�tese, mas ela estava muito descaracterizada, agora, voltou ao estado original, de quando foi feita por Aleijadinho", diz o professor.

Ant�nio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nasceu em Vila Rica por volta de 1738 e morreu na mesma cidade em 1814. � o principal artista do per�odo colonial brasileiro, muito estudado por especialistas e reconhecido pelo p�blico em geral, nacional e internacionalmente. Sua forma��o art�stica, de cunho regional, foi feita nas oficinas locais de artistas portugueses, nas primeiras d�cadas do s�culo, incluindo o pr�prio pai, Manoel Francisco Lisboa.

 

No campo da escultura religiosa em madeira policromada, a obra de maior significa��o de Aleijadinho � o conjunto dos sete Passos da Paix�o do Santu�rio de Congonhas, na Regi�o Central de Minas, executadas entre 1796 e 1799. S�o 64 imagens em tamanho natural compondo os grupos da Ceia, Horto, Pris�o, Flagela��o, Coroa��o de Espinhos, Caminho do Calv�rio e Crucifica��o. Faz parte do conjunto de Congonhas o tamb�m emblem�tico conjunto dos 12 profetas em pedra sab�o, executado nos primeiros anos do s�culo 19, que comp�em o cen�rio no adro.

 

Tamb�m comprovadas, de acordo com informa��es do Cecor, s�o as importantes obras dos santos carmelitas S�o Sim�o Stock e S�o Jo�o da Cruz, da Ordem Terceira do Carmo de Sabar�, na Grande BH, com documenta��o hist�rica do ano de 1778.