
Segundo a perita Paula Lamounier, existem relatos de que um funcion�rio da cl�nica foi visto deixando o local com sacos pl�sticos e caixas, supostamente usados para descartar materiais utilizados durante o procedimento.
“Seria altera��o da cena que pode ter ocorrido inadvertidamente ou propositalmente e, tamb�m, oculta��o de provas, o que vamos verificar nas c�meras”, explica.
A ficha da paciente, �ris Dorot�ia do Nascimento Martins, tamb�m n�o foi encontrada e nem fornecida � per�cia. “N�o havia ficha de evolu��o das t�cnicas que tinham sido indicadas � paciente, avalia��o e, t�o pouco, os registros do que foi feito naquele dia. N�o temos o registro do que foi injetado, o volume, qual concentra��o, como foi feito esse c�lculo”, conta Paula. N�o foi encontrado o laudo de risco cir�rgico.
A per�cia tamb�m n�o encontrou a suposta m�quina que seria utilizada no procedimento chamado de “laser HD”. Nas redes sociais, a biom�dica descrevia a t�cnica como “sem cortes” e a apresentava o m�todo como se tivesse sido desenvolvido por ela. Lorena ainda prometia “resultado igual a cirurgia”. A paciente pagou cerca de R$ 12 mil.
A alega��o � de que o equipamento era alugado por hora e que, diante do ocorrido, ele teria sido dispensado. Entretanto, a paciente havia sido submetida horas antes a solu��o anest�sica.

Hemorragia
A suspeita � que a parada cardiorrespirat�ria tenha ocorrido em decorr�ncia de hemorragia. “A v�tima tem 12 perfura��es, 10 no abd�men e dois nos gl�teos. Al�m disso, nosso exame na regi�o do tecido subcut�neo, aquele que fica abaixo da pele e acima da musculatura, mostrou que tinha uma quantidade significativa de sangue e no exame de tomografia a gente constatou hematoma e at� mesmo gases o que mostra que uma manipula��o aconteceu ali e em decorr�ncia a hemorragia”, explica o m�dico-legista, Lucas Amaral.
A conclus�o, at� o momento, � de que �ris Martins foi submetida a lipoaspira��o ou lipoescultura no abd�men, al�m de enxerto nas n�degas. Outros exames ainda ser�o analisados. Os procedimentos s�o considerados de m�dia a alta complexidade e podem ser realizados apenas por m�dicos.
Al�m do exerc�cio ilegal da medicina, a cl�nica n�o tinha estrutura com equipamentos adequados, como desfibrilador. No local, n�o tinha nem mesmo aparelho para aferir press�o. Tamb�m seria necess�rio o acompanhamento de um anestesista.
A paciente foi socorrida, inicialmente, por um m�dico cardiologista que atende em uma outra cl�nica no pr�dio, at� a chegada do Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncia (Samu). Ela foi levada para a Sala Vermelha do Complexo de Sa�de S�o Jo�o de Deus (CSSJD) em estado grav�ssimo.
L�, �ris foi transferida para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) e recebeu duas bolsas de sangue, al�m de uma de plasma. A mulher morreu na noite do mesmo dia.
O corpo da paciente foi velado e sepultado nesta ter�a-feira (9/5) em Djalma Dutra, comunidade rural de Divin�polis. Nenhum familiar falou at� o momento.
O marido dela dever� ser ouvido nesta quarta-feira (10/5) na delegacia.

Outras investiga��es
A biom�dica continua presa no pres�dio Floramar, em Divin�polis, suspeita de homic�dio doloso com dolo eventual. “Ela assumiu o risco no momento em que ela estava fazendo um procedimento que ela n�o estava autorizada. Em um procedimento de m�dio a grande porte ela teria que ter outros profissionais m�dicos, anestesistas, equipamentos para suporte em caso de ter uma intercorr�ncia, e ela n�o tinha nada disso. No momento que ela faz esse tipo de cirurgia sem equipamentos, ela assume o risco do resultado morte. � como se ela tivesse matado com inten��o”, explica o delegado Marcelo Nunes.
De acordo com o delegado, h� outros seis boletins de ocorr�ncia registrados contra a profissional, al�m de um inqu�rito em andamento. A pol�cia tamb�m apura den�ncia de que Lorena Marcondes estaria usando registro profissional de outra pessoa.
Tamb�m foi presa a t�cnica de enfermagem, de 33 anos, que teria participado do procedimento. O delegado informou que ela permaneceu calada durante o depoimento.
A audi�ncia de cust�dia foi realizada nessa ter�a-feira (9/5) e elas aguardam a decis�o da Justi�a para saber se poder�o ficar em liberdade no decorrer das investiga��es.
A defesa da biom�dica e da t�cnica informou que n�o ir� se manifestar no momento.
Interdi��o
Com alvar� vencido desde outubro do ano passado e em processo de renova��o, a cl�nica foi interditada pela Vigil�ncia Sanit�ria na segunda-feira (8/5) por realizar procedimentos n�o declarados e autorizados.
De acordo com o rol de atividades dos profissionais em est�tica do Conselho Biomedicina, os biom�dicos s� podem realizar procedimentos como: eletroterapia, sonoforese (ultrassom est�tico), iontoforese, radiofrequ�ncia est�tica, laserterapia, luz intensa pulsada e LED, peelings qu�micos e mec�nicos, cosmetologia, carboxiterapia, intradermoterapia (enzimas e toxina botul�nica), preenchimentos semi permanentes, mesoterapia.
