'Bater a laje no c�u da boca': Festa da Luz tem enigma desvendado

Uma frase em um letreiro de neon, na Esta��o Central de Belo Horizonte, viralizou nas redes sociais ao deixar internautas confusos em rela��o � sua mensagem, j� que muita gente n�o entendeu o sentido dela. 

A frase “Bater a laje no c�u da boca dos nossos sonhos”, escrita pela poeta N�vea Sabino, est� presente na 2ª edi��o da Festa da Luz, que come�ou nessa quinta-feira (12/5).

A autora disse que est� se divertindo bastante com toda a repercuss�o e acha lindo ver o pessoal comentando sobre a frase.

Mas, afinal o que ela quis dizer com a mensagem? N�vea deu uma explica��o, dividindo em tr�s partes, para facilitar o entendimento.

“Bater laje � uma express�o usada muito antigamente para a coletividade, de bater a laje junto, precisa de muitas m�os para fazer a laje.”

De acordo com ela, o c�u da boca seria a representa��o de algo distante. “N�o � palp�vel e que n�o se imagina”, uma mensagem que se liga � �ltima parte da frase, o sonho de uma vida melhor, j� que est� mais dif�cil a vida depois da pandemia. 

"A mensagem � essa, o bater laje seria a uni�o dos trabalhadores no suor, da vida dura, do concreto, a busca de concretizar um sonho distante, representado no c�u da boca. Criei pensando nas v�rias m�os para se realizar um sonho, da dificuldade que �”, filosofa.   

Alguns internautas teriam interpretado a mensagem como um tom de deboche em rela��o � frase da primeira Festa da Luz, em outubro de 2021, “A vida vai ressurgir copulando s� afetos”, da escritora Concei��o Evaristo. 

Uma vis�o que ganhou fundamento ap�s post publicado por N�vea em suas redes sociais nesta sexta-feira (12/5), na qual escreve “A revolu��o ser� DE.BO.CHA.DA". Perguntando o que seria o deboche, a poeta comentou que � em refer�ncia aos memes na internet. 

“Eu tenho um texto que diz isso: ‘a revolu��o ser� debochada’, que diz da minha trajet�ria de escritora negra. O deboche n�o � do texto criado n�o, � sim da reverbera��o”, diz a autora.

“A frase da edi��o anterior � da Concei��o Evaristo, que serviu de inspira��o para mim e tem todo o meu respeito e admira��o. N�o � um tom de deboche, ela � s�ria. Divertido pra mim � a interpreta��o da galera”, esclarece.

 

N�vea compartilha que a inspira��o veio do “Segunda Preta”, movimento de teatro que ela frequenta no Teatro Espanca, na Regi�o Central de BH, perto do Viaduto Santa Tereza. 

L�, ela percebeu que existe muita gente no teatro al�m dos atores, o pessoal da figura��o, dramaturgia, luz e outros, e que essas pessoas trabalham em prol do espet�culo, o que serviu de inspira��o para a cria��o da mensagem. “S� gostaria de pensar nas pessoas que constroem arte comigo”, afirma.

N�vea Sabino � uma ativista dos direitos humanos, poeta independente, com trabalhos que abordam quest�es sobre o enfrentamento ao racismo, � lesbofobia, ao sexismo e outras formas de opress�o. 

A educadora nasceu em Nova Lima, na Grande BH, onde vive atualmente, mas diz que sempre fez parte dos movimentos em BH. N�vea tem um livro publicado chamado “Interiorando”, uma colet�nea de poemas que permeiam sua faceta pol�tica, representando a multiplicidade de faces da mulher negra.   

Graduada em Comunica��o Social na Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC Minas), ela articula na capital mineira o “Roda BH de Poesia”, movimento itinerante com foco na oralidade, onde convida artistas de muitas linguagens para vivenciar e recriar na capital as rodas de poesia t�o tradicionais no Nordeste do pa�s.  

“Eu abordo arte muito na oralidade, fazendo discuss�o dos direitos humanos com jovens”, conta a autora.  

O evento que acontece no hipercentro de Belo Horizonte vai at� domingo (14/5), e leva � regi�o arte, m�sica, tecnologia e arquitetura, em a��es gratuitas. A programa��o visa unir o universo da magia com o corre-corre do cotidiano.