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Estado de Minas VIOL�NCIA

Cresce o n�mero de furtos em Minas

Dados oficiais mostram aumento das ocorr�ncias no estado. Em BH, o salto foi de 25,7% de 2021 para 2022, e de 32% nos tr�s primeiros meses deste ano


15/05/2023 04:00 - atualizado 15/05/2023 08:15
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Lauro Donizete, da janela de sua casa
O caminhoneiro Lauro Donizete teve a sua casa invadida por bandidos e teve preju�zo de R$ 10 mil (foto: fotos: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)


O furg�o antigo Volkswagen Kombi de cor branca parado na porta da casa no meio da tarde n�o despertou a aten��o da vizinhan�a do Bairro Sagrada Fam�lia. Afinal, todos os dias ocorrem mudan�as nesse que � o bairro mais populoso de Belo Horizonte, na Regi�o Leste. O que ningu�m percebeu � que o que era levado da resid�ncia para o ve�culo n�o se tratava de m�veis encobertos pelas mantas cinzentas de mudan�a, mas TVs, notebooks e eletr�nicos. Os transportadores eram ladr�es furtando tudo o que encontravam pela frente. “Nas ruas, a gente tem medo, fica de olho no telefone celular, n�o deixa correntinha no pesco�o e nem nada no bolso. Mas, em casa, mesmo com tudo trancado, n�o imaginava que nossas coisas seriam levadas de uma hora para outra. � uma viol�ncia”, desabafa a v�tima dos bandidos, o caminhoneiro Lauro Donizete Costa, de 62 anos.

Por meio de dados exclusivos a reportagem do Estado de Minas comprova que os furtos dispararam em Minas Gerais e em Belo Horizonte e mostra exatamente onde. O crime contra o patrim�nio se difere do roubo por n�o ter emprego de armas ou de grave amea�a. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justi�a e Seguran�a P�blica (Sejusp) de Minas Gerais, o n�mero de furtos no estado aumentou de 2021 para 2022, subindo de 213.169 para 238.404 ocorr�ncias, sendo que em Belo Horizonte o salto foi ainda maior, de 52.986 para 66.613 (25,7%). No comparativo de janeiro a mar�o de 2022 e de 2023, o aumento em Minas Gerais foi de 6% e na capital disparou 32%.

A pr�pria Pol�cia Militar se encontra em dificuldades para o enfrentamento do crime, com “o sentimento de que a areia escorre pelos dedos”, segundo oficiais confessaram para a reportagem, que teve acesso com exclusividade ao resultado do relat�rio de Gest�o de Desempenho Operacional (GDO) da corpora��o de 2022. Segundo esse documento interno que nunca � divulgado, das 19 Regi�es Militares do estado 15 ultrapassaram a meta de ocorr�ncias de furtos, o pior deles sendo Belo Horizonte, onde o limiar tolerado foi extrapolado em 25%.

Apenas os batalh�es das regi�es de Uberaba, Governador Valadares, Te�filo Otoni e Sete Lagoas cumpriram a meta e apresentaram baixos �ndices desse tipo de crime.

O Balan�o da GDO permite ainda ver que dentro de Belo Horizonte todos os oito batalh�es listados excederam as metas estabelecidas para o controle dos furtos em suas �reas, sendo o pior aquele que � o maior deles, o 34º Batalh�o, que atende �s Regi�es Noroeste e Pampulha, al�m de v�rias outras, totalizando 65 bairros. Na sequ�ncia v�m o 22º (Centro-Sul) e o 1º (Hipercentro e per�metro da Avenida do Contorno) batalh�es.

Os furtos listados nessas estat�sticas se referem a resid�ncias, com�rcios e a transeuntes (pedestres). Em apura��o nas unidades policiais mais fragilizadas, a reportagem p�de constatar que os tipos de furtos s�o diferentes em cada regi�o atendida pelos batalh�es de BH. Na �rea do 34º Batalh�o, por exemplo, se destacam os furtos a resid�ncias, sendo mais grave a situa��o nos bairros Sagrada Fam�lia, Padre Eust�quio e Cai�ara.
“Aqui, a gente n�o sabe mais o que fazer. Instalamos concertina, cerca el�trica, travas, cadeados, c�meras e nada segura os ladr�es. Das c�meras, acho que nem medo t�m mais, porque outro dia filmamos um bandido entrando na casa do vizinho de tornozeleira eletr�nica. Ou seja, mesmo depois de presos, eles voltam a nos atazanar”, desabafou o auxiliar administrativo Alexandre Fulg�ncio Santos, de 57 anos, morador do Sagrada Fam�lia, expondo que nem mesmo com o trabalho da pol�cia sendo feito o problema consegue ser resolvido por causa de relaxamento das pris�es. “Na minha casa estouraram o port�o da garagem e levaram m�quinas”, conta.

Lauro Costa, que teve eletr�nicos, eletrodom�sticos e joias levados em uma Kombi, descreve uma rotina de medo. “Meu preju�zo da �ltima vez foi de R$ 10 mil. Quando n�o conseguem entrar na sua casa, roubam outra. Aqui na minha rua (Rua Jo�o Carlos) invadiram a constru��o ao lado e levaram os cabos do padr�o, depois cortaram e levaram a fia��o dos postes, j� entraram na casa de cinco vizinhos neste quarteir�o e quando tem jogos no Independ�ncia reviram os carros, levando at� retrovisores”, relata.

“S� viajo ou saio de casa quando aviso para algum vizinho. Qualquer oportunidade os ladr�es entram, rapidamente e levam o que estiver pela frente. � preciso se cuidar e investir em seguran�a”, afirma a auxiliar de atendimento Anisia Macedo, de 45 anos, tamb�m moradora do Sagrada Fam�lia.

“A sensa��o de inseguran�a � algo que se espalha com rapidez e fica. J� a confian�a leva tempo para ser retomada. Por isso, os furtos devem ser combatidos imediatamente, fechando redes de recepta��o e sufocando �reas de atua��o dos criminosos. Furtos s�o bolas de neve no imagin�rio coletivo. Se uma pessoa de uma fam�lia � v�tima, a sua hist�ria comove e abala os parentes e vizinhos. Se for um colega de trabalho, todos da mesma empresa se sentir�o afetados. Se um com�rcio � furtado toda a rede local sabe e outras lojas podem se sentir impactadas. Isso passa para os clientes e traz m� fama”, avalia o coronel Carlos J�nior, especialista em intelig�ncia de Estado e seguran�a p�blica.
 
Ingrid Mendes
Ingrid Mendes, gerente de uma loja de bijuterias, diz que todos os empregados ficam atentos para evitar os furtos
 

Celulares e com�rcio s�o os alvos no Centro

A explos�o de furtos nos bairros de Belo Horizonte mostrada pela reportagem do Estado de Minas afeta as �reas residenciais com o arrombamento e roubo de casas, mas em espa�os de grande fluxo de pessoas como as regi�es Centro-Sul e o Hipercentro os alvos s�o com�rcios e pessoas transitando pelas ruas, sobretudo visando os aparelhos celulares. Seriam esses os motivos de o 22º Batalh�o (Centro-Sul) e o 1º Batalh�o (Hipercentro e per�metro da Avenida do Contorno) terem se destacado como segundo e terceiro piores resultados no combate a esse tipo de crime (veja a tabela).

Para o especialista em intelig�ncia de Estado e seguran�a p�blica, coronel Carlos J�nior, um dos componentes para o aumento dos crimes � o fim do isolamento social, que vinha impactando na queda do volume de ocorr�ncias. “Agora, a liberdade de locomo��o trouxe as pessoas e o movimento de volta ao com�rcio e ao lazer. Com isso, se tornaram alvos de furtos nos grandes centros em BH, Uberl�ndia, Contagem e Divin�polis, por exemplo”, observa.
Um dos alvos preferidos � o smartphone, que muita gente utiliza de forma displicente ou guarda em bolsos facilmente batidos pelos ladr�es. Quando o aparelho � furtado em uso, sem a prote��o das senhas e biometria, o estrago pode ser devastador, com a transfer�ncia de somas de contas, compras em aplicativos e outros preju�zos. O aparelho tem venda r�pida no mercado negro e por isso se traduz em lucro certo aos bandidos. “O bem de consumo pessoal � mais valioso por isso � o preferido pelos ladr�es, podendo representar lucro desde sua revenda at� em golpes usando dados e acessos que o aparelho permite. Isso requer um combate sist�mico e na raiz do mal, sobretudo nas lojas que se tornam canais de des�gue cont�nuo de recepta��o”, aponta o especialista.

A situa��o � t�o grave no Centro, que h� pessoas que s� sacam o seu aparelho para utiliz�-lo perto de postos da Pol�cia Militar ou de Guardas Municipais. “Ter seu celular roubado � certeza de problemas. Por isso meu av� e eu procuramos um lugar seguro para usar no Centro. J� tive um amigo que ficou sem o celular, puxaram e sa�ram correndo. Tudo ficou na m�o dos bandidos: aplicativos de banco, redes sociais, fotos, tudo pode te prejudicar depois”, afirma a auxiliar administrativa Ana Luiza Mendes de Freitas, de 19 anos, que procurou um posto da guarda para chamar um aplicativo de transporte na Pra�a 7. “J� cansei de ver gente tendo carteiras e celulares roubados dos bolsos das bundas na Rua Rio de Janeiro e por ali. Mas parece que as pessoas n�o aprendem”, disse o av� dela, o aposentado Jos� Ant�nio de Moura Mendes, de 66.

Drogarias

Tamb�m no hipercentro, os furtos a com�rcios se tornaram uma rotina dif�cil de combater. Em v�rias drogarias, mesmo n�o querendo se exp�r na reportagem, comerciantes relatam que muitos usu�rios de drogas pegam artigos e saem correndo, sumindo na multid�o. Na loja de bijuterias, artigos de moda e de eletr�nicos onde Ingrid Mendes � gerente, esse combate � di�rio. “Todos na loja ficam atentos. Tem gente que nem se suspeita e que leva embora alguma coisa. Quando chegamos, tentamos convencer a pagar, se n�o, mandamos devolver ou chamamos a pol�cia, que � o que d� mais trabalho, porque s� termina de madrugada”, afirma.

“Observo mais gente com sacolas. Quem rouba fica olhando para a gente com o canto dos olhos, nervoso. Somos tr�s seguran�as e ainda assim tem gente que tenta e at� briga depois de roubar”, afirma um dos seguran�as da loja, Dejair J�lio Manuel, de 28 anos.
 
Anisia Macedo. auxiliar de atendimento
A auxiliar de atendimento Anisia Macedo conta que s� viaja depois de avisar os vizinhos. Ela pede mais investimentos em seguran�a
 

PM diz que realiza a��es repressivas

A Pol�cia Militar de Minas (PMMG) informa que realiza, diariamente, em todo estado, a��es repressivas que resultam em pris�es de indiv�duos contumazes em furtos e roubos. “Como, por exemplo, as voltadas ao combate � recepta��o de objetos provenientes desses crimes, al�m de atua��es preventivas, como opera��o presen�a em pontos estrat�gicos e distribui��o de dicas de seguran�a � comerciantes e popula��o em geral”.

A PMMG ressalta a import�ncia de medidas de autoprote��o para que o cidad�o n�o se torne v�tima em potencial dos infratores, que se aproveitam da distra��o para praticar delitos. “Em caso de emerg�ncia, acione a Pol�cia Militar, via 190, imediatamente”. Em rela��o ao GDO, a PMMG informa que esta � uma ferramenta interna utilizada pela corpora��o. “A partir de metas estipuladas ano a ano e que tem contribu�do para a redu��o cont�nua da criminalidade violenta, em especial os �ndices de homic�dios, fazendo de Minas Gerais o estado mais seguro do pa�s”.

A Pol�cia Civil informou, apenas, que “atua, dentro das atribui��es de pol�cia judici�ria, em investiga��es relacionadas a furtos e � identifica��o de pessoas envolvidas em atos criminosos. Al�m do trabalho investigativo, que tem como alvo indiv�duos participantes da pr�tica de furtos e outros que adquirem ilegalmente o material furtado, a PCMG realiza opera��es em todo o Estado com a finalidade de combater as incid�ncias desse tipo de crime”.




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