Na quinta-feira (18/5), a Prefeitura de Pedro Leopoldo, na Regi�o Metropolitana, determinou situa��o de emerg�ncia em sa�de p�blica em decorr�ncia do aumento do n�mero de casos da doen�a, na cidade. Em Minas Gerais, a situa��o � parecida, at� segunda-feira (15/5), 149.091 casos j� haviam sido confirmados, o que representa um crescimento de 401% em rela��o ao mesmo per�odo de 2022, quando eram 29.711.
Para ampliar o atendimento a crian�as e adultos, preferencialmente com sintomas de dengue, chikungunya ou doen�as respirat�rias, neste s�bado (20/5), cinco Centros de Sa�de de BH estar�o funcionando das 7h �s 18h. As unidades dos bairros Fl�vio Marques Lisboa, S�o Paulo, Aar�o Reis, Santa Terezinha e Rio Branco funcionar�o no s�bado. No domingo, apenas a unidade do bairro Rio Branco ficar� aberta.
Al�m da abertura dos seis centros de sa�de, as UPAs da capital mant�m o funcionamento normal no fim de semana, com atendimento 24 horas para o p�blico em geral.
Em abril, a Secretaria Municipal de Sa�de confirmou a terceira morte em decorr�ncia da contamina��o pelo v�rus. Outros dois �bitos pela contamina��o da arbovirose j� haviam sido confirmados na capital. Apesar de n�o fornecer informa��es sobre os pacientes, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que todos j� tinham outras doen�as que “contribu�ram para complica��es”.
Epidemia c�clica
O v�rus da dengue se comporta por ciclos, ou seja, a cada tr�s ou quatro anos h� aumento e queda no n�mero de contamina��es. Quando analisamos os dados de BH, h� tr�s anos, em 2020, eram 3.147. Em 2019, chegou a 15.491 contaminados, apenas at� a terceira semana de maio.
O padr�o se repete desde 2010, primeiro ano de registros da PBH que est�o dispon�veis para livre consulta. Em 2016, at� maio, foram 67.102 casos. Dois anos antes - em 2013 - 24.980. Em 2010, 21. 823. Al�m disso, durante os intervalos epid�micos os casos at� o quinto m�s do ano n�o passaram de 3 mil - com exce��o de 2011, quando foram registradas 4.857 contamina��es.
De acordo com o virologista professor da UFMG e presidente da Associa��o Brasileira de Virologia, Fl�vio da Fonseca, apesar de "assustador", as epidemias de dengue j� s�o esperadas pelos pesquisadores, pelo menos enquanto n�o h� vacina��o em massa contra a doen�a. Ele afirma que a oscila��o de per�odos end�micos acontece desde o primeiro caso registrado no pa�s, em 1980.
Por isso, assim como aconteceu em Pedro Leopoldo, outras cidades tamb�m est�o sujeitas a decretos de emerg�ncia sanit�ria em decorr�ncia da doen�a. Fonseca explica que, normalmente, a medida � tomada quando o sistema de sa�de municipal, ou estadual, fica sobrecarregado e n�o consegue comportar o n�mero de pacientes. No entanto, as epidemias podem ser “previstas” e as cidades preparadas para atender aos contaminados, sem que haja superlota��o.
“Embora seja assustador, a dengue tem essa caracter�stica e, como a gente ainda n�o tem uma vacina amplamente utilizada, e n�o existe rem�dio contra a dengue, a �nica forma de combate maci�o � o controle do vetor, que a gente sabe que � muito ineficaz. a gente n�o consegue mais dar conta do Aedes Aegypti porque ele se distribui para todo lado, � muito dif�cil combater o vetor porque ele est� muito bem adaptado ao ambiente urbano”, diz o especialista.
Dengue 3
Na �ltima semana, um estudo da Funda��o Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou o ressurgimento do sorotipo 3 do v�rus da dengue no pa�s. O tipo do v�rus n�o era causador de epidemias h� mais de 15 anos, o que acende alerta quanto ao risco de uma nova epidemia da doen�a causada pelo sorotipo viral, considerado um dos causadores de infec��es mais graves.
Segundo o virologista professor da UFMG e presidente da Associa��o Brasileira de Virologia, Fl�vio da Fonseca, o tipo 3 da dengue estava apenas “escondido”, ou seja, ele circulava mas contaminava poucas pessoas. Ele explica que o “reaparecimento” acontece devido a vulnerabilidade da popula��o para o v�rus, tendo em vista que a �ltima epidemia do sorotipo aconteceu em 2003.
“Esse padr�o oscilat�rio j� � esperado, e n�o chega a ser uma surpresa. Epidemiologicamente j� se sabe que os sorotipos 2 e 3 normalmente est�o associados a ciclos de doen�as mais graves. Enquanto as dengues 1 e 4 est�o associadas a ciclos de doen�as mais brandas”, diz.
Al�m disso, Fonseca afirma que o v�rus da dengue possui mais uma “complica��o” que facilita a sua contamina��o. Quando uma pessoa � contaminada por um tipo, por exemplo o dengue 1, caso em uma recontamina��o o sorotipo seja diferente, mesmo possuindo anticorpos contra o v�rus, os sintomas poder�o ser graves. No caso de recontamina��o pelo sorotipo, os sintomas ser�o fracos, ou nem existir�o. “� um fen�meno imunol�gico que acontece”.