
Mas, naquela ter�a-feira, 9 de maio de 2023, quase ningu�m prestava aten��o no seu carrinho se desviando dos carros de quarteir�o em quarteir�o. E foi s� quando ele pr�prio se viu esquivando de caminh�es verdes com soldados armados na carroceria, jipes e at� blindados, que o homem descobriu o motivo.
"A cidade parou. Ningu�m entendeu mais nada. Por que aquele tanto de soldados chegando de repente por todos os lados? Achei que era um ataque, que algu�m ia atacar S�o Jos� da Barra", lembra o ambulante.
Mesmo com o trabalho de divulga��o antecipada feito no munic�pio pelos militares da Marinha do Brasil, a chegada da For�a de Fuzileiros de Esquadra (FFE) para os exerc�cios da Opera��o Furnas 2023 espantou muita gente na pequena S�o Jos� da Barra, de 6.700 habitantes, a 326 quil�metros de Belo Horizonte. A rotina desse recanto pacato � beira do lago da Represa de Furnas mudou completamente, mas o acolhimento t�pico do interior mineiro logo abra�ou os militares nos treinamentos e a��es previstos para ocorrer de 9 a 23 de maio.
Mas o susto n�o era para menos. De repente, 1.500 fuzileiros apareceram pelas ruas com suas fardas e caps verdes, armados e equipados. Quase um quarto da popula��o local e um contingente que se fosse de policiais militares seria suficiente para fazer a seguran�a de Belo Horizonte e de pontos de tr�fego da Grande BH durante os cl�ssicos de futebol envolvendo Atl�tico e Cruzeiro.
Na Rua C�ndido Braga, uma das principais, o movimento se intensificou com a adi��o de 87 blindados anf�bios, caminh�es, caminhonetes, �nibus e outros. Congestionamentos nunca antes vistos entre o gin�sio poliesportivo L�zaro dos Reis de Souza, a Prefeitura e a Rodovi�ria, come�aram a ser administrados por militares com cintos-coletes refletores laranjas.
Contingente assustou moradores
Os ve�culos e fuzileiros logo tomaram quatro espa�os para erguer suas bases, no Est�dio Municipal Dona Belinha, na �rea do Aeroporto que se tornou a Base A�rea Expedicion�ria de Furnas e em outros dois espa�os que receberam a codifica��o HT e Anexo 1. Ao todo, foram montadas 116 barracas de grande porte para acomodar as opera��es, prover sa�de, higiene e servir 4.004 refei��es di�rias (metade das refei��es servidas nos quatro restaurantes populares de Belo Horizonte todos os dias), quatro por militar diariamente.
- Marinha mostra em Furnas todo seu potencial de mobiliza��o; veja fotos
"O pessoal mais antigo assustou mais, porque n�o acompanham tanto as not�cias. A� se assustam quando escutam os disparos dos treinamentos e os voos de helic�pteros (at� o dia 15 de maio foram 222 pousos e decolagens) descendo soldados. Teve at� quem falou em chamar a pol�cia e comentou assim: 'uai, eles vieram aqui e j� est�o brigando, dando tiros uns nos outros'. Mas, no fim, todos j� entenderam e tem sido bom para a nossa cidade. � uma novidade boa, porque movimenta as coisas, os com�rcios", disse o empres�rio dono de uma construtora, �dson Jos� dos Santos, de 42 anos.
"Quando cheguei das compras que fiz em Passos (cidade pr�xima, a 35 quil�metros) eu fiquei assustada ao ver tantos soldados para baixo e para cima. Pensei que a gente ia ser atacado, que iam cair bombas na cidade e por isso juntou esse tanto de soldados. Mas agora j� me acostumei e me sinto at� mais segura de ver que tem tanta gente aqui vigiando S�o Jos�. Nenhum ladr�o vai ser besta de querer roubar aqui", afirma a dona de casa Maria Albertina de Souza, carinhosamente chamada de Dona Maria, de 66 anos. A mulher � vizinha da base no Est�dio Municipal Dona Belinha e acompanha da janela o ritmo intenso dos comboios de caminh�es transportando os soldados para exerc�cios nos arredores do lago.
Intera��o dos fuzileiros com a comunidade
Se os adultos ficaram surpresos, as crian�as parecem ter gostado de ver as cenas de movimentos de tropas parecidas com os filmes de a��o e de guerra. Algumas delas observam os fuzileiros e em sua ingenuidade demonstram pura admira��o. De dentro de um carro, na Avenida 30 de Junho, no fim da tarde da �ltima ter�a-feira (16/05) um garoto acenou dando tchau para o comboio de caminh�es com militares acomodados na carroceria, j� trajados com coletes bal�sticos, capacetes e portando fuzis. De l�, um fuzileiro s�rio se permitiu um sorriso e devolveu o aceno. Uma intera��o que se repete nas esquinas, nos com�rcios, pra�as e mostram que S�o Jos� da Barra abra�ou a tropa.O munic�pio serviu t�o bem � FFE que o comando da Marinha j� anunciou que o exerc�cio que vinha tomando vulto nos �ltimos tr�s anos se repetir� duas vezes por ano.
“No Mar de Minas (como alguns se referem ao Lago de Furnas) encontramos espa�o para os exerc�cios com o m�ximo do nosso potencial. N�o � uma �rea de intenso tr�fego a�reo, ent�o gera menos impacto a restri��o do espa�o a�reo, o pr�prio fato de termos uma base a�rea e cen�rios ribeirinhos, de rochas e montanhas nos ofertam o adestramento em uma �rea que carecemos mais para testar toda a nossa mobiliza��o, transportar todo o material, como j� faz�amos na Amaz�nia e no Pantanal, por exemplo", disse o comandante de Opera��es Navais, almirante de Esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, que ao final de sua primeira visita, agradeceu o acolhimento dos mineiros.
“No Mar de Minas (como alguns se referem ao Lago de Furnas) encontramos espa�o para os exerc�cios com o m�ximo do nosso potencial. N�o � uma �rea de intenso tr�fego a�reo, ent�o gera menos impacto a restri��o do espa�o a�reo, o pr�prio fato de termos uma base a�rea e cen�rios ribeirinhos, de rochas e montanhas nos ofertam o adestramento em uma �rea que carecemos mais para testar toda a nossa mobiliza��o, transportar todo o material, como j� faz�amos na Amaz�nia e no Pantanal, por exemplo", disse o comandante de Opera��es Navais, almirante de Esquadra Wladmilson Borges de Aguiar, que ao final de sua primeira visita, agradeceu o acolhimento dos mineiros.
Mais dinheiro no com�rcio
A chegada dos fuzileiros navais a S�o Jos� da Barra trouxe mais do que movimenta��es intensas e curiosidade para aquela comunidade. At� o dia 15 de maio, os fuzileiros oferecem v�rios servi�os, foram �s escolas, se apresentaram com banda e realizaram 49 atendimentos de pediatria, 96 de odontologia, 41 de cl�nica m�dica, 111 de barbeiro, 596 de escova��o, 49 aplica��es de vacinas (39 de influenza e 10 de COVID-19), reunindo nos eventos de divulga��o e sobre o ingresso na Marinha 432 adultos e 405 crian�as.
"� um evento completo que atendeu a nossa popula��o. Trouxe sa�de bucal e movimento para comerciantes. Estamos todos muito satisfeitos. � um treinamento de grande import�ncia e S�o Jos� da Barra teve essa honra. Podemos ver a felicidade das pessoas, dos alunos nas escolas. Ficamos muito satisfeitos mesmo", disse o prefeito da cidade, Paulo S�rgio Leandro de Oliveira (PSB).
Minimizando o frio
Entre as v�rias bases dos fuzileiros, um dos estabelecimentos que mais chamou a aten��o foi o Restaurante Espetinho Pais e Filhos, onde mais da metade das mesas fica ocupada por militares fardados que se revezam em tr�s turnos para almo�o, caf� da tarde e jantar. Como muitos militares s�o fluminenses e n�o est�o aclimatados ao frio do Sul de Minas, um dos pratos que mais sai s�o os caldos."O movimento nesse in�cio de baixa temporada aumentou 30% com os fuzileiros, mas se antes eu vendia 20 caldos em uma noite, agora a gente tem de se desdobrar e vende mais de 100. Os que mais gostaram foram os de mocot� e de vaca atolada. A gente tem de fazer compras para refor�ar os pratos e j� divulga o card�pio do dia para eles: amanh� vai ter feijoada. Hoje teremos bife � parmegiana. E eles v�m mesmo. S�o muito educados e simp�ticos conosco", disse a propriet�ria do estabelecimento, C�lia Maria de Lima Martins.