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Estado de Minas LAGO DE FURNAS

Com risco natural controlado ap�s desastre, turistas voltam aos c�nions

Depois de acidente fatal com desabamento em Capit�lio, vigil�ncia sobre processos naturais de eros�o e fraturas est� entre as medidas para proteger visitantes


05/06/2023 04:00 - atualizado 05/06/2023 05:36
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Cânion
Capit�lio. MG. Turismo no Lago de Furnas volta a crescer depois de incidente com rocha que desabou em c�nion. Na foto, c�nion na mesma �rea de onde aconteceu acidente (foto: Fotos: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
 
 
Enviado especial

Capit�lio e S�o Jos� da Barra – O fluxo de embarca��es e turistas em c�nions que margeiam o Lago de Furnas, no Sul de Minas, foi quase completamente retomado com medidas de seguran�a adotadas depois que o desabamento de uma encosta matou 10 pessoas e feriu 27, em 8 de janeiro de 2022, em Capit�lio. Mas o perigo n�o foi definitivamente afastado. Segundo ge�logos e a Pol�cia Civil de Minas Gerais (PCMG), o tipo de rocha quartz�tica que forma os pared�es continua em processo de eros�o.

Mais partes dos pared�es podem se desprender a qualquer momento, o que exige monitoramento di�rio, avaliam especialistas. No pr�prio C�nion de Capit�lio, onde ocorreu o acidente, h� se��es em que as falhas e o pronunciamento de rochas � vis�vel, por uma garganta que permite a passagem em larguras que variam de 30 a 50 metros de margem a margem.

“A eros�o das rochas � cont�nua, um processo natural. A tend�ncia � mesmo que venham a cair, s� n�o se sabe quando. Por isso, � importante o monitoramento di�rio que os ge�logos das prefeituras fazem, o controle das embarca��es que entram, o impedimento de acesso (de embarca��es e turistas) com chuvas ou condi��es desfavor�veis”, afirma o delegado regional da Pol�cia Civil, Marcos Pimenta.

O policial presidiu o inqu�rito que apurou o acidente e concluiu, a partir de escaneamentos, medi��es, testes, per�cias e levantamentos geol�gicos, que o desabamento foi natural. “Mas, a partir disso, pudemos ver que as coisas estavam muito desorganizadas e apareceram outras irregularidades. Por isso, sugerimos 10 medidas para trazer mais seguran�a aos turistas”, destaca o policial.

Com o monitoramento di�rio, tanto a Prefeitura de S�o Jos� da Barra quanto a de Capit�lio informam n�o terem sido detectados movimentos das rochas que se encontram fraturadas, como a que desabou. “Vamos encomendar um novo estudo geol�gico, mais aprofundado, para saber ainda mais sobre as condi��es dos c�nions e se � preciso alterar, intensificar ou abolir algumas das exig�ncias de seguran�a”, diz o secret�rio de Turismo de Capit�lio, Samuel Maia.

Segundo ele, os pared�es est�o seguros, e qualquer movimento ou condi��o adversa determina a suspens�o da entrada de embarca��es. “Pode at� ter um desmoronamento, que � algo da natureza, mas � praticamente imposs�vel que haja algu�m no c�nion nessa hora”, completa o secret�rio.

Segundo as prefeituras de S�o Jos� da Barra e de Capit�lio, o retorno dos turistas ap�s o epis�dio de janeiro foi da ordem de 80%. Representantes dos munic�pios creditam isso ao aprimoramento das medidas de seguran�a e de organiza��o das visita��es. “Diariamente os ge�logos avaliam se ocorreu alguma movimenta��o das rochas. At� hoje, (n�o se moveram) nem um cent�metro. Se chover, n�o passa ningu�m. Temos um posto de controle que s� permite uma embarca��o por vez no c�nion e ela n�o pode permanecer l�. Chega, j� manobra para sair e outras v�m atr�s”, descreve o secret�rio Maia.
 
Processo natural de desgaste e fissuras em paredões de rocha quartzítica demandam vigilância constante. Geólogos fazem medições diárias e passeios são suspensos em condições adversas
Desgaste natural e fissuras em pared�es demandam vigil�ncia constante. Ge�logos fazem medi��es di�rias e passeios s�o suspensos em condi��es adversas
 

Desafio

Na entrada da garganta rochosa foi posicionado um posto de controle e uma primeira linha de boias que impede o ingresso de mais de uma embarca��o por vez, segundo a Prefeitura de Capit�lio. Dali at� a segunda linha de boias h� um canal de 450 metros e larguras de 30 a pouco mais de 50 metros, at� a barreira flutuante que impede que se chegue a menos de 70 metros do pared�o que desabou e das duas cachoeiras que o ladeiam. Ainda segundo a prefeitura, todos os ocupantes de embarca��es devem usar capacetes e coletes flutuantes, desde a entrada at� a sa�da, com multas e penalidades para quem desobedece.

Contudo, a equipe do Estado de Minas registrou que, ap�s a passagem pelas boias do posto de controle, a remo��o de capacetes ocorre de forma indiscriminada. Come�a com uma pose para uma selfie, para as mulheres ajeitarem os cabelos ou os homens limparem rapidamente o suor da cabe�a, mas o equipamento de seguran�a acaba n�o sendo recolocado.

Em nenhuma das situa��es foram vistos fiscais ou integrantes da tripula��o cobrando o reposicionamento do equipamento de seguran�a. Algo que s� ocorreu quando funcion�rios do parque que funciona acima do c�nion gritaram e gesticularam, para alertar que era necess�ria a prote��o.

Ronda di�ria

Em S�o Jos� da Barra, uma das principais atra��es � o Vale dos Tucanos, onde medidas de seguran�a tamb�m passaram a vigorar. Diariamente, ge�logos percorrem as atra��es, entre 6h30 e 8h, antes de liberar o acesso de turistas. “S�o realizadas observa��es visuais em escala macro de todo o ambiente e tamb�m avaliados quaisquer relatos de fiscais, marinheiros ou visitantes”, afirma a secret�ria de Turismo do munic�pio, Lyvem Kelly de Avelar L�ra. Segundo ela, foram estabelecidos pontos espec�ficos de controle e registros fotogr�ficos di�rios, realizados com imagens de alta resolu��o, de forma que seja poss�vel verificar detalhes de eventuais altera��es.
 
Turismo no Lago de Furnas volta a crescer depois de incidente com rocha que desabou em cânion. Na foto, o casal Alexandre e Márcia Saito
Medidas adotadas deram mais seguran�a a turistas como o casal Alexandre e M�rcia Saito, de SC: %u201CMais organizado%u201D
 

Perfil de visitantes muda ap�s medidas

A retomada do turismo com mais regras de seguran�a tem atra�do um p�blico diferente e que n�o faz quest�o de fundear as lanchas debaixo da cachoeira, na beira dos pared�es dos c�nions e nem de ficar sob �reas arriscadas. “Antes, eram 14 barcos dentro dos c�nions, tocando m�sica, gente nadando, fazendo churrasco. Agora a coisa se organizou mais, abrindo espa�o para outros perfis de visitantes”, observa o delegado regional da Pol�cia Civil, Marcos Pimenta.

“Nosso turismo agora tem sido de muitas fam�lias e de casais. Principalmente de visitantes de S�o Paulo, Rio de Janeiro e de outras cidades de Minas, seguidos pelos do Rio Grande do Sul”, detalha o secret�rio de Turismo de Capit�lio, Samuel Maia.

O policial acredita que ainda mais mudan�as de perfil estejam por vir, com a instala��o de um grande empreendimento de hotelagem e parque aqu�tico, previsto para os pr�ximos tr�s anos para as proximidades do C�nion de Capit�lio.

Uma outra forma de admirar o visual natural e as belezas do c�nion � pelos mirantes, trilhas, passeios e tirolesa do Catagu� Parque Mirante dos C�nions. A proposta de aliar a contempla��o e o ecoturismo com a adrenalina de se dependurar em cabos de a�o suspensos sobre a garganta do c�nion, cruzando a passagem de um lado a outro, tamb�m experimenta uma quase retomada tur�stica em n�veis pr�-acidente e anteriores � pandemia do novo coronav�rus.

“Antes, o som alto das lanchas e a desorganiza��o afastavam o tipo de turista que hoje nos procura, que quer ver a natureza, ouvir o canto dos p�ssaros e apreciar o c�nion”, afirma o gerente de aventura Matheus Turri. “Passamos por tempos dif�ceis e escassos depois da trag�dia. Mas o ano novo e o carnaval foram muito bons. Mudou o p�blico. As excurs�es de �nibus v�m menos e chegam mais carros particulares. Os turistas do Sul do Brasil tamb�m est�o vindo mais”, disse o gerente operacional Bruno Teixeira.

Os turistas parecem confiantes na seguran�a. Vindo de Florian�polis, o casal formado pelo analista de sistemas Alexandre Saito e pela auxiliar administrativa M�rcia Saito, ambos de 49 anos, sabia do acidente de janeiro. Mas eles afirmam que isso n�o contou negativamente na escolha dos passeios.

“Primeiro, fomos a Ouro Preto e depois descemos para Furnas. A gente sabia da trag�dia que ocorreu, mas fizemos o passeio de barco e vimos que estava muito mais organizado, os procedimentos nos passaram muita seguran�a. Agora estamos explorando a parte terrestre dos c�nions. Gostamos muito e recomendamos”, disse Alexandre.
 
 


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