
Segundo o diretor do Sindicato dos Escriv�es de Pol�cia do Estado de Minas Gerais (SINDEP-MG), Marcelo Horta, o dia a dia dos policiais � estressante, e isso � somado a um ambiente de trabalho nada saud�vel. Rafaela havia denunciado supostos casos de ass�dio moral e sexual dentro da unidade em que atuava. “A gente entende que � uma trag�dia o que aconteceu. � uma trag�dia anunciada. O sindicato tem atuado fortemente no combate ao ass�dio que � uma coisa terr�vel que acontece na pol�cia”, disse.
Imagens e �udios que circulam nas redes sociais mostram relatos da policial que, em alguns deles, detalha os ass�dios que sofria. Ela tamb�m reclamava das escalas de trabalho e da falta de folgas. “Ele ficava dando em cima de mim. Teve um povo que foi beber depois da delegacia, pessoal tinha mania disso de fazer uma carne. Ele come�ou a falar na minha cabe�a, e eu ficava com cara de deboche, n�o respondia esse grosso. De repente ele falava que pol�cia n�o � lugar de mulher. No fim das contas, ele me chamou de piranha”, disse ela em um dos �udios.
Para Marcelo, o problema est� enraizado na institui��o. Ele diz que a Pol�cia Civil pouco faz para coibir casos como o de Rafaela. “A grande luta � que a pol�cia n�o est� dando apoio. Ela tem uma metodologia de trabalho arcaico. � preciso reformular a metodologia de trabalho, que n�o � eficiente e gera muito preju�zo. A cultura institucional precisa ser melhorada. � essa cultura, do s�culo passado, que faz com que o machismo, ass�dio, autoritarismo ainda impere. � contra esse tipo de atitude que estamos lutando. Infelizmente, esse tipo de cultura que vitimizou nossa colega”, relatou.
Atualmente, o Sindep-MG possui mais de dez den�ncias de ass�dio contra agentes no estado. “Temos mais de dez casos investigados pelo sindicato. O ass�dio atinge um n�mero muito maior porque as pessoas t�m medo de denunciar. Temos percebido que quem denuncia sofre um ataque institucional”, explicou o diretor.
“Sonhava em ser delegada”
O pai de Rafaela foi o primeiro a encontrar seu corpo no quarto da resid�ncia. Em conversa com a reportagem, Aldair Drumond contou que a jovem tinha o sonho de ser delegada. “Desde a faculdade, a miss�o dela era ser delegada. Isso aumentou ainda mais depois que ela trabalhou no Minist�rio P�blico. Ela me disse que queria seguir carreira. Surgiu o concurso de escriv�o, ela fez e passou em segundo lugar. E agora estudava para ser delegada, era esse o foco dela”, disse.
Aldair tamb�m disse que havia notado uma diferen�a no comportamento de sua filha nos �ltimos meses. “A Rafaela era muito alegre, falando, gostava muito do trabalho. Mais ou menos no meio de fevereiro percebi que ela deu uma reca�da, ficou mais fechada. Perguntei se aconteceu algo com ela e ela tava assim porque estava estudando muito, focada no concurso”, explicou.
O que diz a Pol�cia Civil
O caso est� sendo investigado pela institui��o. N�o foi informado quem s�o os agentes em que Rafaela fez a den�ncia nos �udios. “Cabe ressaltar, ainda, que foi instaurado procedimento disciplinar e inqu�rito policial, com o objetivo de apurar as circunst�ncias que permearam os fatos”, diz a nota.
A reportagem tamb�m questionou a PCMG sobre os fatos narrados pelo Sindicato e aguarda retorno.