(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BELO HORIZONTE

Mulher alega machismo por ter sido ignorada ao pedir vinho em restaurante

Pesquisadora de produtos relatou que, apesar de ter conversado com o sommelier, no momento da prova do vinho apenas seu companheiro recebeu uma ta�a


14/07/2023 15:17 - atualizado 14/07/2023 15:18
432

Vinho tinto é servido em taça
Nos coment�rios da publica��o, algumas mulheres tamb�m relataram experi�ncias parecidas em outros estabelecimentos (foto: Pixabay )
Insatisfeita com o servi�o de um restaurante na Regi�o Centro-Sul de BH, a pesquisadora de produtos Anna Moura Galdino resolveu fazer uma postagem em um grupo de Facebook relatando um epis�dio que ela considerou machismo. Em junho, Anna esteve no Gennaro, no Bairro Funcion�rios, com o companheiro.

 

"Eu deveria escolher o vinho, a harmoniza��o. Eu quem estava oferecendo a garrafa. Dessa forma, eu quem segui at� � adega, eu quem conversei com o sommelier, eu quem escolhi o vinho, eu quem o pagaria (a quest�o menos importante aqui, no fim). Ainda assim, na hora da prova, s� uma ta�a foi servida e ela foi destinada ao homem que me acompanhava", relatou a pesquisadora de produtos na postagem nas redes sociais.

 

Anna alegou, tamb�m na publica��o, que n�o importa se a pr�tica faz parte da etiqueta. "Fato � que causou uma sensa��o muito desgostosa de que, enquanto consumidora, o meu direito de escolha n�o ser� considerado se eu estou acompanhada de um homem. Isso � grave. � uma microagress�o, � viol�ncia”, afirma. 

 

Em nota enviada ao Estado de Minas, o restaurante reconheceu o erro, disse que tratou tratou a quest�o "com a gravidade que lhe � devida" e ressaltou que "o machismo n�o faz parte da pr�tica do Gennaro". "Houve esse erro, e j� nos reportamos � Anna de forma sol�cita e extremamente compreensiva, tratando a quest�o com a gravidade que lhe � devida", diz a nota (leia na �ntegra no final desta mat�ria).

 

Leia tamb�m: O restaurante mais disputado de BH tem fila com 5 meses de espera 



Acusa��o e defesa nos coment�rios


Nos coment�rios da publica��o, v�rias pessoas deram opini�o sobre o relato da cliente. Muitos acusaram Anna de estar querendo criar pol�mica para aparecer. “Texto muito dram�tico.” “Fica em casa, dona. Chatice.” “Queria pol�mica e aparecer!!!” Outras pessoas diziam que tudo n�o passava de “mimimi” da cliente e colocaram a culpa da discuss�o no feminismo. 

“Que gera��o insuport�vel. A� eu fui microagredida …. mimimimi. Nem terapia resolve.”

“O tempo que ela gastou escrevendo o texto, era melhor ter usado para arrumar um acompanhante melhor ou um curso de vinhos para aprender o que j� � etiqueta. E que se n�o gosta, basta solicitar ao gar�om usando a boca!”

“O que o feminismo tem causado… Eu ficaria brava se o gar�om desse a conta para mim. Sobre o vinho, meu marido n�o bebe e sempre diz que eu irei experimentar. Sem estresse!”

Em outro coment�rio, um homem relata que esteve no mesmo restaurante na semana seguinte, quem escolheu o vinho foi sua acompanhante e ambos foram servidos para provar a bebida.

Na outra ponta, alguns se solidarizaram com a cliente, sobretudo outras mulheres que tamb�m relataram experi�ncias semelhantes em outros estabelecimentos. 

“E voc� percebe como essas microagress�es nos afetam de maneira t�o delicada e particular quando tem apenas homens aqui te criticando. Para eles � algo t�o insignificante, nossa dor, que �s vezes nem vale a pena discutir mesmo. Sinta-se abra�ada por n�s mulheres, que entendemos isso. Eu j� passei por situa��o semelhante e na hora reagi. Mas, � desgastante. Sinto muito por ter passado por essa experi�ncia.”

“Super pertinente e coerente! Infelizmente, o machismo estrutural ainda nos faz ter esses dissabores!”

“Isso � recorrente em restaurantes e bares, uma l�stima. Mas se fosse comigo, eu teria dito que quem iria provar o vinho era eu. ‘Marcaria territ�rio’. E tamb�m conversaria com meu companheiro para que, numa pr�xima vez, ele tamb�m se posicionasse e passasse a ta�a pra mim.”

Luz para a discuss�o


Em entrevista ao Estado de Minas, Anna conta que o grupo de Facebook � uma forma dos membros avaliarem os restaurantes que frequentam e descobrem em BH. Ela diz que demorou para fazer a publica��o e s� decidiu escrever sobre o assunto duas semanas depois do ocorrido. 

A cliente lembra que tomou a decis�o ao sair para jantar com o melhor amigo e ele reclamar sobre o servi�o do restaurante em que estavam. "A gente foi em um rod�zio e entregaram a conta pra ele. Ele disse que ficava indignado porque toda vez que sa�amos para comer, as pessoas sempre entregavam a conta pra ele. Nesse dia, eu fiquei t�o incomodada que dormi pensando nisso e acordei pensativa. Resolvi escrever sobre isso l� (no grupo) porque eu acho que � uma discuss�o que as pessoas deveriam ter. Eu queria n�o s� que n�s n�o tiv�ssemos essa experi�ncia enquanto consumidoras, mas que as pessoas pudessem se atentar para esses detalhes", conta. 

Ela afirma que n�o ficou surpresa pela repercuss�o ter sido mais negativa do que positiva. "Estava esperando que fosse chato, talvez at� por isso n�o tenha postado antes. Imaginei que ia ouvir coisas que n�o iam ser legais. Ao mesmo tempo, sou militante. Ent�o, n�o � a primeira vez que uma discuss�o, no Facebook, termina mal", complementa a pesquisadora de produtos.

Anna destaca ainda que o caso dela n�o � uma exce��o, j� que muitas mulheres comentaram que passam por experi�ncias parecidas constantemente em outros locais. "N�o � uma experi�ncia particular minha. S�o v�rias mulheres, de v�rias idades falando, nos coment�rios, que passam por isso por anos. Espero que eu tenha trazido a luz para quem n�o tinha pensado nisso antes e que as pessoas possam refletir a partir de agora".
 
A cliente conta que entrou em contato com o estabelecimento para falar sobre o ocorrido. Segundo ela, a resposta dizia que o relato dela era importante para refor�ar o treinamento da equipe e que os gar�ons e sommeliers eram instru�dos e treinados a perguntar quem deseja experimentar a bebida.

Ela frisa que a rea��o do restaurante � muito diferente da de alguns membros do grupo de Facebook nos coment�rios. "Eles [o restaurante] se dizem preocupados com a pr�tica e est�o prestando aten��o, querem instruir os funcion�rios deles. Acho que teve sensibilidade da parte do restaurante."

Servi�o cl�ssico e contempor�neo


O professor e diretor da Associa��o Brasileira de Sommeliers Minas (ABS Minas), Alitton Sousa, explica que existem dois tipos de servi�o no mundo, que os bares e restaurantes procuram seguir: o contempor�neo e o cl�ssico.  

"Cabe a cada casa escolher o que mais se encaixa. Importante dizer � que, quem pede o vinho sempre far� a degusta��o - 'aquela primeira provinha' - seja homem ou mulher. Logo em seguida, seguimos com servi�o cl�ssico ou contempor�neo', afirma ele.

Sousa diz que, na ABS Minas, os professores transmitem o conhecimento para os alunos e futuros sommeliers sobre os dois tipos de servi�os detalhados. "� importante que treinemos a nossa equipe de sal�o para que todos falem a mesma l�ngua e fa�am o mesmo servi�o", ressalta. 


Leia a nota do Gennaro na �ntegra


“� triste quando um caso isolado � tomado como se fosse uma pr�tica recorrente do restaurante. O Gennaro � conhecido por ser um estabelecimento inclusivo, consciente e justo em todos os sentidos.

Nossos gar�ons e o sommelier s�o instru�dos e treinados para perguntar quem vai querer experimentar o vinho ao servir. Faz parte do nosso treinamento formal aplicado em ambas as unidades.

Houve esse erro, e j� nos reportamos � Anna de forma sol�cita e extremamente compreensiva, tratando a quest�o com a gravidade que lhe � devida. Pois o machismo n�o faz parte da pr�tica do Gennaro.  Apesar de todo o treinamento e cuidado, infelizmente erros acontecem, porque uma empresa � formada por seres humanos suscet�veis a falhas. E o nosso esfor�o ser� totalmente direcionado para que casos como este n�o ocorram nunca mais.

Ficamos muito tristes por ter prejudicado a experi�ncia da Anna, mas tamb�m por este caso isolado ter ganhado uma repercuss�o que n�o condiz com a experi�ncia positiva de tantos outros clientes que frequentam o restaurante. Seria justo se fosse algo recorrente, mas n�o � o caso. Recebemos feedbacks positivos de forma rotineira, n�o apenas em rela��o ao nosso produto, mas ao nosso atendimento humano e justo.

Gostar�amos muito de ver uma mat�ria contando a hist�ria de mulheres que tiveram sua trajet�ria transformada por fazerem parte do Gennaro. Abra�amos essa causa at� o fim. Faz parte da nossa ess�ncia e do nosso prop�sito.”


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)