Ela conta que o personal foi indica��o de uma amiga, e que h� quatro meses fazia os treinos com a orienta��o dele. “Ele � ex-funcion�rio da academia e atualmente presta o servi�o para mim e outros cerca de dez alunos.”
Segundo a empres�ria, no in�cio n�o percebeu qualquer comportamento estranho por parte do profissional. “Mas em meados de junho, ele come�ou a me chamar para sair. Eu sempre negava. A situa��o foi piorando com outros convites para sair”, relata. Ela diz que o homem tamb�m mandava mensagens com conte�do sexual, o que a deixava incomodada.

A mulher diz que n�o tem o h�bito de ser grosseira com ningu�m. Por isso, ao receber as mensagens ela preferia n�o confrontar, apesar do inc�modo da situa��o. “Preferia mudar de assunto e ignorar.” Apesar disso, contou sobre as mensagens para amigos pr�ximos que a alertaram para tomar cuidado com o comportamento inconveniente do profissional. Ela disse que tinha decidido encerrar os servi�os com o personal.
Ao mostrar as mensagens para os policiais � que foi orientada a procurar a Delegacia da Mulher para denunciar tamb�m o ass�dio, que seria recorrente, e n�o poderia constar no flagrante. Ela tamb�m passou por exame de corpo de delito.
Mudan�a de comportamento e agress�o
Diante das investidas do homem, a empres�ria disse que passou a adotar um tom mais 'seco' ao responder as mensagens, deixando claro que a rela��o entre eles era estritamente profissional. “Foi ent�o que ele come�ou a ficar explosivo comigo. Passei a chegar na academia com a cara mais fechada, at� que na semana passada ele me deu um tapa na bunda quando estava em um aparelho.”
Ela conta que levantou do aparelho e perguntou o que ele estava fazendo. “Ele me disse que bateu o celular em mim por estar errando o exerc�cio. Eu peguei a minha bolsa, desci as escadas e fui embora.”
Segundo a empres�ria, depois desse epis�dio ficou dois dias sem treinar, pois a m�e foi internada. “Eu tamb�m fiquei doente, tive arritmia. Acho que foi estresse por causa disso.”
Ela s� retornou para os treinos na quinta-feira (3/8), quando informou ao personal trainer que iria encerrar as atividades com ele. Ainda de acordo com ela, o profissional escutou tudo e permaneceu calado. Ela fez o treinamento e foi embora.
Na sexta-feira (4/8) aconteceu a agress�o. “Cheguei na academia, ele estava estranho, alterado, muito agitado. Toda hora pedia para ir ao banheiro e voltava. Desde que eu cheguei, ele estava me tratando muito mal.”
Ela conta que em determinado momento se sentiu incomodada, porque o profissional colocou a m�o em sua bunda e segurou o seu rosto. “Isso foi o in�cio das agress�es. Depois, ele me chama para um canto para fazer abdominal. Ele me levou para um ‘ponto cego’, onde n�o tem c�mera.” Segundo ela, alguns funcion�rios da academia presenciaram as agress�es e n�o fizeram nada.
A empres�ria relata que tentou fazer abdominal em um aparelho, come�ou a sentir mal e acabou caindo. “Ele me mandou ficar um minuto e eu n�o consegui ficar. Foi quando ele me chamou de ‘animal’. “Vai ficar um minuto na prancha, se n�o ficar vou te dar um bicudo que voc� vai chegar na sua casa.”
Em seguida, ele teria segurado o bra�o dela. “Eu puxei o bra�o e, antes de cair da prancha, ele me deu um murro e ca� de barriga. A �nica coisa que eu consegui fazer foi virar para a lateral, levantar e sair andando”, relembra. Segundo ela, o homem saiu andando em sua dire��o. “Ele sobe correndo atr�s de mim, para me coagir. Foi a� que a recepcionista da academia mandou ele sair.”
A empres�ria conta que quando chamou a PM, ele fugiu.
Vergonha e revolta
Gesiele n�o sai de casa desde o dia das agress�es por medo. Ela aguarda a expedi��o de uma medida protetiva contra o agressor que deve ser pedida pelo advogado dela na segunda-feira (7/8).
“Fico insegura de sair. Nunca imaginei na minha vida que ia apanhar de algu�m. Meu pai morreu eu tinha 14 anos, nunca apanhei dele. Nunca tomei um tapa, um belisc�o ou recebi um grito dele. Sou a ca�ula de quatro irm�os homens, eles nunca tocaram a m�o em mim. Est�o todos revoltados e foram tirar satisfa��o com ele. S� que ele se escondeu dos meus irm�os”, conta.
Houve uma como��o grande na vizinhan�a do Bairro Petrol�ndia, em Contagem, onde ela mora. “Moro na regi�o da academia h� mais de 22 anos e recebi solidariedade de conhecidos e at� de desconhecidos.”
A empres�ria conta que o personal mandou mensagens depois das agress�es se desculpando e depois apagou as mesmas. “Ele disse para um dos meus irm�os que eu estou mentindo e que o comportamento dele � normal. Que estava 's� ensinando ela' a fazer um exerc�cio.”
Personal nega agress�es e ass�dio
Procurado pelo Estado de Minas, o personal trainer Arthur Maia negou as acusa��es de agress�o e ass�dio contra a empres�ria. “� tudo inverdade o que est� sendo falado sobre mim”, afirma.
Ele diz que a rela��o entre os dois sempre foi tranquila e que o ocorrido na sexta-feira teria sido um fato isolado.
“Nossa rela��o sempre foi muito boa, nunca tivemos problema nenhum com nada. Inclusive, na sexta-feira, est�vamos conversando sobre a renova��o do plano porque ela precisava (fazer exerc�cios) por orienta��o m�dica. �amos renovar por mais dois meses, a partir de segunda-feira”, explica.
O profissional contesta a vers�o da v�tima de que queria encerrar os servi�os com ele. Segundo o personal, ele est� sofrendo amea�as e tamb�m n�o sai de casa por medo. “Os irm�os dela est�o me amea�ando, t�m pessoas falando que sabem onde eu moro. Estou com medo. Recebo mensagens e t�m pessoas passando na porta da minha casa o tempo inteiro. O irm�o dela foi atr�s de mim na academia na sexta-feira”, afirma.
Questionado se procurou a pol�cia para relatar as amea�as, o personal diz que recebeu a orienta��o de um sargento de que n�o precisaria fazer um boletim de ocorr�ncia. “Ele disse que eu deveria pegar as grava��es (das c�meras de seguran�a da academia), as testemunhas e levar na delegacia.” O profissional pretende fazer isso na segunda-feira (7/8).
Sobre o v�deo que mostra o in�cio das agress�es, o personal d� sua vers�o dos fatos. “Ela estava fazendo o exerc�cio e cai no ch�o. Eu vou, bato nas costas dela pedindo para ela levantar. Vamos, levanta, levanta. Nesse momento, ela vira pra mim e fala que n�o vai conseguir.”
O profissional diz que responde: “N�o, voc� consegue sim. Foi a hora que ela falou que as costas estavam doendo. Eu falei, 'mas t� doendo porque voc� est� fazendo exerc�cios para isso'. A gente estava brincando, estava tudo numa boa. J� t�nhamos intimidade de conversas desse tipo.”
Ele ressalta que, por isso, brincou usando a palavra animal. “Deixa de ser animal, s�. Voc� est� fazendo exerc�cios para as costas e quer que ‘d�i’ a cabe�a?” Segundo o personal, quando percebeu que a aluna n�o havia gostado pediu desculpas. “Me desculpa. �s vezes, falei com voc� de uma forma que voc� n�o gostou e voc� ‘apelou’, lembra.
Segundo ele, os dois tinham uma amizade. “Em momento algum falei nada agressivo. N�o teve agress�o.” O profissional tamb�m rebate a acusa��o de que teria levado a aluna para um ponto onde n�o havia c�meras na academia. “Ela est� inventando uma hist�ria que n�o tem nada a ver, sendo que t�m testemunhas na academia.”
Perguntado o motivo da aluna estar fazendo as acusa��es, ele diz n�o fazer ideia. “Sempre nos demos muito bem. Aparentemente, do nada, ela deu um surto”, afirma. O personal alega que a empres�ria passou mal nos �ltimos dias e come�ou a tomar v�rios rem�dios. “Ela gosta muito de sair, tomando esse tanto de rem�dio. Sa�a, bebia muito, misturava. Pode ser uma das coisas que fez ela passar mal”, alega.
Na conversa com a empres�ria, ela disse � reportagem que, ao contar o ocorrido para a amiga que indicou o personal, esta teria dito que j� presenciou um comportamento parecido do profissional com outros alunos. Questionado sobre isso, ele diz que isso tamb�m n�o � verdade. “N�o acredito que nada do que ela esteja falando � verdade”, conclui.