Hipercentro: mais quente � noite e um 'refresco' de dia
Pela manh�, pr�dios fazem sombra e criam corredores de vento, mas � noite concreto libera calor absorvido ao longo do dia e deixa o clima mais quente
Na Pra�a Sete, no Centro, o medidor registrou temperatura pr�xima dos 30oC no in�cio da tarde de ontem, ABAIXO DA M�DIA PARA BELO HORIZONTE (foto: Fotos: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil.)
Quem imagina que a grande concentra��o de pessoas, com cerca de 1 milh�o por dia circulando pelas ruas, sem contar os carros e espa�os confinados por edif�cios e concreto, pode achar que o Hipercentro de Belo Horizonte est� entre as �reas mais quentes da capital. Isso chega a ocorrer, mas, segundo o professor do Departamento de Geografia da UFMG, Wellington Lopes Assis, apenas � noite. "Durante o dia os pr�dios funcionam fornecendo corredores de vento e sombra, mas o concreto que absorve o aquecimento solar libera isso aos poucos, entrando a noite com essa libera��o e deixando as noites da regi�o muito quentes.
O termo-higr�metro chegou a registrar entre meio-dia e 12h50 de ontem uma temperatura de 30,2oC, abaixo do experimentado na m�dia de m�xima temperatura registrada pela Defesa Civil de Belo Horizonte, que foi de 31,6oC.
Contudo, a 700 metros dali, uma ilha de frescor aplaca o calor das pessoas. Sob as sombras das �rvores do Parque Municipal Am�rico Rene� Giannetti e � beira do laguinho, um vento fresco fazia a temperatura chegar a 28,7oC, a mais baixa registrada pela reportagem no dia. "Trabalho todos os dias no Centro, como auxiliar administrativa. Sei bem o quanto sofremos com o calor�o, aquele abafamento, gente e carros demais. Aqui � t�o bom que agora, nas f�rias, trouxe a minha irm� e a minha sobrinha para um piquenique no parque", disse.
Outras �reas que s�o consideradas ilhas de frescor nos dias quentes s�o os bairros pr�ximos � Lagoa da Pampulha, ou mais altos, como nas encostas da Serra do Curral, como o Mangabeiras e o Belvedere. Neste �ltimo, a reportagem registrou 28,9oC. Contudo, se o processo de derrubada de matas para erguer edif�cios continuar de forma desenfreada em Nova Lima, cidade lim�trofe, o cen�rio pode mudar.
"As m�nimas no Vale do Sereno e outras de Nova Lima perto do Belvedere j� est�o mais altas. Surgindo mais arranha-c�us e cobrindo tudo de asfalto logo poderemos ter aumento das temperaturas ali tamb�m", alerta o ge�grafo e professor dos Programas de P�s-Gradua��o em Geografia e Biologia da PUC Minas, Antoniel Fernandes.
Ana levou as tias Fabiana e Ana Beatriz para se refrescar no Parque Municipal
UMIDADE DO AR CR�TICA
A umidade relativa do ar pode ficar em apenas 12% em Belo Horizonte e em outras 296 cidades de Minas Gerais, de acordo com o alerta divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Segundo o meteorologista Claudemir de Azevedo, a rela��o que existe entre a temperatura e a umidade do ar � inversamente proporcional. No caso das altas temperaturas, como as experimentadas durante a onda de calor, o ar tende a ficar mais seco.
Claudemir ainda ressaltou que a tend�ncia para esta e a pr�xima semana � que as temperaturas m�ximas permane�am altas e a umidade do ar, baixa. Durante esse per�odo da onda de calor, o meteorologista declarou que a possibilidade de chuva � baixa por conta da massa de ar seco que atua sobre o estado.
O �ndice ideal da umidade relativa do ar, segundo a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), � entre 50% e 60%.
CALOR N�VEL EXTREMO
Um levantamento global da ONG sobre dados clim�ticos revelou que cidades de Minas poder�o ter at� 70 dias de calor altamente perigoso at� 2050. Entre as cidades mais populosas do estado, Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, lidera a lista e pode ter 70 dias de calor intenso at� 2050. Ipatinga tamb�m integra a lista, com 39 dias de calor altamente perigoso at� 2050; e Coronel Fabriciano, com 36 dias. J� Belo Horizonte ter� apenas um dia extremamente quente at� 2050. No Brasil, Manaus, capital do Amazonas, ser� a recordista de calor extremo, com 258 dias.