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Estado de Minas HOMENAGEM AOS MESTRES

Vida de Professor: ensinando as contas da vida

Tr�s educadores comprovam que o of�cio de lecionar vai al�m do conte�do quando o objetivo � atingir o resultado de preparar os alunos para as equa��es do mundo


12/10/2023 04:00 - atualizado 12/10/2023 07:02
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Professor junto ao quadro ensinando equações do 2º grau
Luiz Filipe de Melo Gon�alves n�o mede esfor�os para resolver os problemas do dia a dia e ministrar aulas de matem�tica em duas escolas (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Somar conhecimento, subtrair dificuldades, multiplicar tarefas e saber dividir muito bem o tempo. A vida do professor passa, no dia a dia, pelas quatro opera��es matem�ticas e adiciona outras fundamentais ao mundo contempor�neo: compartilhar, inovar, criar.
 
“Quem imagina a vida do professor apenas na escola ‘vai tomar bomba’”, diz, com bom humor, o mineiro Luiz Filipe de Melo Gon�alves, de 26 anos, professor de matem�tica nos ensinos fundamental e m�dio de duas escolas na Grande BH. “O tempo todo a gente est� trabalhando, lendo, buscando se aprimorar”, acrescenta.

Quando s�o mais jovens, os docentes podem ter mais conex�o com os alunos em termos tecnol�gicos, “embora nada substituta o contato entre professor e turma na sala de aula”, acredita o bi�logo Paulo Ricardo Silva Coelho, de 33, dono de um dia pleno. Casado, pai de Lis, de 2, e professor numa escola t�cnica na �rea de sa�de, na Regi�o do Barreiro, em BH, ele faz doutorado em parasitologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “S�o muitos os desafios e vamos enfrentando”, afirma, enquanto Caroline Oliveira, graduada em educa��o f�sica e mestranda, assegura: “Eu me dedico e me formo diariamente para ser uma boa professora.”

 
BIÓLOGO PAULO RICARDO no laboratório
Bi�logo Paulo Ricardo Silva Coelho diz que a conex�o com os alunos � essencial (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

F� NA JORNADA

Trafegar pelas rodovias que cortam a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) nunca foi empecilho para Luiz Filipe de Melo Gon�alves estudar e trabalhar. Antes de �nibus, hoje de carro, o morador de Jaboticatubas, a 63 quil�metros da capital, conhece a rodovia MG-020 como a palma da m�o, pois fez o curso superior de matem�tica em BH, conclu�do em 2018, e hoje leciona em duas escolas estaduais: Presidente Itamar Franco, no Bairro Belo Vale, no distrito de S�o Benedito, em Santa Luzia, e Le�nidas Marques Afonso, na sua cidade. “� uma vida corrida, o dia inteiro por conta das aulas, mas tiro de letra”, conta Luiz Filipe.
 
“Quem imagina a vida do professor apenas na escola est� enganado”, observa Luiz Filipe. “Tem o preparo das aulas, corre��o dos exerc�cios, atividades extracurriculares, acompanhamento da vida escolar, enfim, ficamos ligados o tempo todo. Mais do que ligados, conectados. A tecnologia ajuda bastante, mas a cabe�a do aluno precisa ‘funcionar’, principalmente com a matem�tica. Racioc�nio � tudo.”


Filho da t�cnica de enfermagem Maria Augusta de Melo, Luiz Filipe descobriu cedo sua voca��o. “Nos ensinos fundamental e m�dio, tive tr�s �timas professoras de matem�tica. Aprendi muito com elas, e, ao longo do tempo, fui vendo que os n�meros, as equa��es e as demais quest�es ligadas � mat�ria me fascinavam. Assim, entrei nesse universo e digo, sem medo de errar, que sou um apaixonado pela matem�tica”.
Mesmo reconhecendo uma s�rie de dificuldades, Luiz Filipe p�e f� na sua jornada: “O professor est� presente na hist�ria de todas as pessoas. Se voc� � m�dico, advogado, cientista ou desempenha outra profiss�o � porque teve algu�m para te ensinar. Gostar do que se faz � gratificante. Sei dos problemas que nossa categoria enfrenta, mas n�o decidi ser professor s� por causa de dinheiro. Trabalho por amor”.

OBJETIVO MAIOR

A paix�o pela educa��o e o gosto pelo ambiente escolar motivam o bi�logo Paulo Ricardo Silva Coelho, de 33, professor na �rea de sa�de da Meta Escola T�cnica, no Barreiro, em BH, conveniada ao projeto do governo estadual Trilhas de Futuro (oferta gratuita de cursos t�cnicos aos estudantes e egressos do ensino m�dio).
 
Com sete anos de profiss�o, j� havendo lecionado em cursinho pr�-vestibular, Paulo Ricardo � daqueles que sabem dividir o tempo para dar conta de tudo. Residente no Bairro Santa Terezinha, na Regi�o da Pampulha, ele conjuga atividades escolares e dom�sticas – � casado e pai de uma menina de 2 anos – ao doutorado em parasitologia no Instituto de Ci�ncia Biol�gicas (ICB), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
N�o raro, l� est� o doutorando �s margens da Lagoa da Pampulha, na capital, coletando amostras da �gua para suas pesquisas. Outro ambiente que lhe � familiar � o laborat�rio, tanto que a foto para esta reportagem foi feita no do ICB, quando ele participava das atividades do doutorado.
 
A voca��o para lecionar surgiu bem cedo, e, durante o curso de ci�ncias biol�gicas, enquanto muitos colegas buscavam defini��o, Paulo Ricardo j� sabia o que queria. “A vida do professor � muito atribulada, e os pr�prios pais sentiram isso durante a pandemia, quando tiveram que fazer as li��es, em casa, com seus filhos. Posso garantir que n�o � para qualquer um, mas para quem realmente gosta do of�cio. Lutamos contra os baixos sal�rios, a desvaloriza��o profissional, nada � f�cil, mas nosso objetivo maior � ensinar.”
 
Com os novos tempos e a tecnologia ganhando cada vez mais espa�o, o professor est� aberto � modernidade e �s inova��es, e Paulo Ricardo est� certo de que os docentes mais jovens podem lidar melhor com os avan�os, as novas ferramentas, a instrumentaliza��o. “Os conte�dos est�o dispon�veis na internet, mas o aluno precisa saber fazer uma boa pesquisa. Nada substitui a sala de aula, o contato, direto, e, especialmente, a orienta��o do professor”, avalia.

EXEMPLO PRESENTE

Com o maior orgulho e alegria, Caroline Oliveira, de 29, fala da sua profiss�o: “Sou professora de educa��o f�sica”. A palavra “professora” soa mais forte na frase, porque a moradora do Morro do Papagaio, na Barragem Santa L�cia, Regi�o Centro-Sul de BH, se declara totalmente apaixonada pela educa��o, pelo ensino, pelo of�cio de dar aulas. “Isso faz meus olhos brilharem. Eu me dedico e me formo diariamente para ser uma boa professora.”

Graduada em educa��o f�sica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e fazendo mestrado em educa��o na Universidade de S�o Paulo (USP), na capital paulista, Caroline conhece bem a realidade da comunidade onde nasceu, cresceu e agora trabalha com alunos do ensino fundamental numa escola da regi�o.
Caroline Oliveira sorri para a foto
Mestre em educa��o f�sica, Caroline Oliveira defende a import�ncia de falar a mesma l�ngua dos estudantes (foto: GABRIELA MATOS/DIVULGA��O)
 
“Penso que a proximidade de um professor jovem com os alunos � importante, pois facilita a comunica��o. Alguns dilemas s�o parecidos, falamos a mesma l�ngua, h� uma compreens�o maior de tempo e espa�o”, afirma. Caroline foi monitora num curso de inform�tica, depois deu aula em duas escolas de BH. “Vi ali que a vida do professor n�o � nada f�cil, mas fiz a escolha e decidi ir nessa dire��o.”
 
No dia a dia, a professora se sente feliz por construir e indicar caminhos para outros moradores do aglomerado. “Fico feliz em possibilitar que pessoas como eu possam se ver em outros espa�os, pois nem sempre temos refer�ncias nas escolas. Eu mesma tive poucas professoras negras. Um dia, um rapaz me perguntou como era estudar educa��o f�sica na UFMG. Vi que o pensamento dele poderia ser algo imposs�vel, mas, naquele dia conversamos e ele se sentiu encorajado”, conta.
 
A identifica��o do aluno com o professor � outro lado importante do of�cio. “J� vi meninas dizendo assim: ‘Olha, ela tem o cabelo afro! ‘Que doido!’” Assim, acredito que, com nosso trabalho, podemos ser agentes de transforma��o social. Portanto, ser professora, para mim, � um ato pol�tico”, afirma Caroline.n 




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