O desabamento de um talude dentro de uma obra de constru��o do supermercado Verdemar no Bairro Belvedere, na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, matou quatro pessoas na manh� desta ter�a-feira (17/10). As v�timas faziam uma manuten��o de conten��o na estrutura que desabou.
Funcion�rios ouvidos pelo Estado de Minas disseram ter percebido rachaduras na base do talude, o que pode ter provocado a queda. Os taludes s�o uma esp�cie de pared�o que cerca a escava��o de um terreno. Ele serve para garantir a estabilidade da encosta.
� reportagem, o tenente Barcelos, do Corpo de Bombeiros, explicou a din�mica do acidente. Segundo ele, desabamento provocou uma esp�cie de cunha -deslizamento condicionado por duas superf�cies de ruptura- na base do talude, soterrando as v�timas. "� como se a parte do talude do barranco fosse retirada com uma colher, caindo pela gravidade e atingindo os oper�rios", disse.
Para ele, trincas e rachaduras d�o ind�cios de problemas na edifica��o. "Profissionais ao perceberem essas altera��es nas edifica��es v�o saber dizer se est� sob controle ou � algo emergencial. Se for algo grave, acionar os bombeiros ou a Defesa Civil para tomar as medidas necess�rias", completou.
A informa��o tamb�m foi confirmada pela Defesa Civil. "Segundo o t�cnico de seguran�a, a trinca no terreno foi percebida nesta manh�. Quando foram fazer a conten��o do talude, ele movimentou o maci�o e desabou", disse Marcos Vin�cius Vit�rio, agente de prote��o da Defesa Civil.
Especialista alerta popula��o
O perito em engenharia e presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Cl�menceau Chiabi Saliba J�nior, ressalta que, antes de cair, os taludes d�o sinais de instabilidade e esse risco deve ser calculado previamente. "Existem par�metros para verificar a estabilidade do talude. Depende muito de quanto inst�vel ele est�, isso tem jeito de calcular. Ele d� sinais, vai trincar antes. Se j� havia alguma movimenta��o, especialmente em forma de cunha, j� demonstra uma instabilidade muito grande", explica.
"Eu entendo que a pessoa, muitas vezes, v� o talude movimentando e quer tentar sanar isso, mas, em uma situa��o de instabilidade, o recomendado � n�o ficar perto, � sair mesmo. � prefer�vel ter uma perda material do que perda de vidas. � realmente uma situa��o que merece aten��o", completa o especialista. Ao menor sinal de instabilidade, a recomenda��o � acionar a Defesa Civil.
Inclinado em 90º, o talude da obra no Belvedere tinha cerca de 3 m de altura e estava sem escoramento. "Obra de talude � sempre complicada. Para cada tipo de terreno, de solo, voc� tem uma inclina��o de estabilidade. Um escoramento desse tipo � um pouco complicado, porque a gente n�o faz corte dessa magnitude sem uma verifica��o mais detalhada", aponta.
Segundo ele, a per�cia ir� determinar se houve falha de c�lculo na obra ou se o ocorrido foi apenas uma fatalidade. "Teria que entender quais documentos foram feitos e se o que foi executado est� compat�vel com o estudo. Se n�o estiver, � um problema de execu��o. Se n�o tiver estudo nenhum, � uma irresponsabilidade. N�o h� cravar uma causa, qual era a real situa��o. S�o v�rias vertentes", avalia.
As chuvas dos �ltimos dias tamb�m podem ter contribu�do para a instabilidade do terreno. "Quando chove a terra fica mais encharcada e mais suscet�vel ao deslizamento", aponta. Com isso, o especialista estende o alerta para a popula��o. "A mesma coisa vale para moradores de �reas de risco, come�ando agora o per�odo chuvoso. Se perceber uma trinca no barranco, em forma de cunha, � prefer�vel sair e preservar a vida. Se apareceu, n�o fica debaixo. A parte material depois a gente d� um jeito", alerta.

Risco de desabamentos
A obra foi interditada preventivamente depois de vistoria da Defesa Civil. Segundo o �rg�o, h� risco de novos desabamentos no local. "Foi um acidente de trabalho. Aparentemente n�o h� nada irregular. Mas, h� risco de novos deslizamentos, considerando que o terreno est� ainda em estado de vulnerabilidade", disse o agente do �rg�o.
A causa do acidente, no entanto, ainda ser� apurada pela Pol�cia Civil. Ao todo, quatro pessoas morreram soterradas ap�s o desabamento: engenheira da obra, Juliana Ang�lica Menezes Veloso, de 30 anos, Rafael Pereira Barbosa, 35, Roberto Mauro da Silva, 55, e Zacarias Evangelista Fonseca, de 59 anos.
Um funcion�rio, de 23 anos, foi socorrido com uma das pernas quebradas e levado para o hospital Odilon Behrens.
A obra, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, estava regular e com alvar� ativo. "O comunicado de obra ocorreu em 14/09, sendo de responsabilidade do respons�vel t�cnico a estabilidade e demais assuntos referentes ao projeto e estrutura", disse por meio de nota.
O desabamento
Segundo informa��es do Corpo de Bombeiros, o barranco desabou por volta das 8h, no momento em que funcion�rios faziam uma obra de sustenta��o da estrutura. Al�m da terra, havia muito min�rio de ferro, o que dificultou ainda mais o salvamento.
No local, era constru�da uma unidade do supermercado Verdemar. "Estava sendo feito um trabalho de funda��o em um talude em 90 graus, sem escoramento. O terreno cedeu e soterrou os oper�rios", explicou o tenente Felipe Biasebetti, do Corpo de Bombeiros.
