(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ISRAEL

Guerra: mineira escreve livro sobre momentos em Israel

Foi uma situa��o muito desgastante, segundo J�lia, mesmo n�o estando na guerra, mas pr�xima dela


18/10/2023 16:22 - atualizado 18/10/2023 16:22
432

No desembarque em Confins, de madrugada, alegria e alívio de um pai
No desembarque em Confins, de madrugada, alegria e al�vio de um pai (foto: Arquivo Pessoal Mauro Alvim)
Estar perto da guerra � uma situa��o que incomoda, perturba e traz medo. Essa � a sensa��o vivida pela escultora J�lia Alvim, de 30 anos, que estava em Israel, foi para o Egito e retornou a Belo Horizonte na madrugada desta quarta-feira (18/10). Ao desembarcar no Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, foi recebida pelo pai, o dramaturgo Mauro Alvim, de 66 anos, que estava aflito para rever a filha.
 
J�lia esteve em Israel at� dois dias antes de acontecer o primeiro ataque do Hamas neste m�s. "Eu fui ao Egito para conhecer, dentro de um projeto que estou desenvolvendo que se chama 'atividades para as pessoas se expressarem atrav�s da arte'".

Ela conta que deixou suas roupas, pertences e dinheiro na casa de amigos, no Monte Sinai. "Eu tinha programado visitar o Egito, passar uns cinco dias e retornar a Israel. Mas como a guerra explodiu, n�o tinha como retornar. A solu��o foi comprar uma passagem e voltar para o Brasil".
 

Foi uma situa��o muito desgastante, segundo J�lia, mesmo n�o estando na guerra, mas pr�xima dela. "Nessa hora, nada tem valor, a n�o ser a vida. Por isso, considero que tudo o que ficou para tr�s, est� perdido. Talvez um dia volte l�, � um pa�s muito lindo. Espero rever os amigos que fiz. Um dia", afirma. 
 

Toda a situal��o envolvedno a guerra mexeu com J�lia, que est� escrevendo um livro sobre as situa��es vividas. Um cap�tulo est� pronto. Leia um trecho:

Mais amor, por favor

Eu estou sem palavras.
 
H� tr�s dias j� estou sem ter muito o que dizer.
 
A inten��o hoje era falar sobre paci�ncia, mas sinto que preciso voltar para este lugar antes de coloc�-lo aqui.
 
Dado aos �ltimos acontecimentos, tornou-se imposs�vel trazer outra inten��o para este dia, esta semana, essa vida que seja diferente de PAZ, AMOR e HARMONIA para mim, para voc� e para o mundo.
 
Os �ltimos dias aqui no Oriente M�dio me fizeram visitar um lugar que eu n�o conhecia: a guerra, o terror e o medo.
 
O sil�ncio est� barulhento por aqui.
 
As ondas do mar e o vento no deserto trouxeram not�cias de guerra.
 
Uma realidade t�o distante de repente se mostrou assustadoramente pr�xima.
 
Ela n�o est� l�. Ela est� aqui.
 
O ar tem uma densidade diferente causada pelo medo.
Ele passa por mim em forma de arrepio que percorre da ponta do dedo do p� at� o �ltimo fio de cabelo.
 
Eu vejo a inseguran�a no olhar das pessoas que temem pela pr�pria seguran�a, de seus familiares e amigos.
 
Eu a vejo na m�e que teve o filho levado para a base no L�bano;
 
Eu a vejo na mulher que precisa fingir sua nacionalidade para tentar voltar para casa, sem saber como est� sua casa;
 
Eu a vejo na falta de not�cias das pessoas queridas e desaparecidas.
 
A gente cresce escutando falar sobre guerra de um lugar muito distante do Brasil.
 
Mas aqui � diferente.
 
J� imaginou viver com o som de bombas e alarmes de evacua��o sendo normatizado?
 
No meu mundo n�o tinha isso.
 
Mas o que eu conhecia por realidade virou de cabe�a para baixo nos �ltimos dias.
 
Sigo acreditando na beleza, magia e prote��o divina que me trouxe para o Egito 2 dias antes de tudo isso come�ar.
Era para ficar 5 dias no deserto e voltar.
 
Mas antes que eu tivesse tempo para isso, explodiu uma guerra.
 
Sa� de Israel com v�rios planos, sonhos e projetos para o m�s de outubro.
 
Umas roupas deixei na casa de uma amiga.
Alguns instrumentos ficaram na casa de outra.
 
"Na volta eu pego."
"Na volta eu fa�o."
"Na volta eu termino."
 
Mais uma vez a vida me convocou para desapegar.
 
Mais uma vez a vida me orientou para recome�ar.
 
Mais uma vez a vida veio me relembrar que se n�o agora, quando?
 
Esses momentos nos relembram que bens materiais n�o valem absolutamente nada.
 
De que adianta, roupa, dinheiro, mochila se minha vida est� em risco?
 
Penso nas pessoas que perderam e deixaram pra tr�s muito mais do que uma mochila.
 
Meu cora��o hoje est� com cada uma delas.
O futuro � imprevis�vel.
 
Na real a gente n�o sabe de absolutamente nada, e a melhor decis�o que a gente pode fazer da vida � viver.
 
Minha inten��o para hoje � orar para que o mundo encontre paz. Chega de separa��o, viol�ncia e guerra. Desejo que as pessoas se curem das doen�as causadas pela falta de amor. Sonho com o dia que o planeta encontrar� o caminho de volta para a liberdade, a alegria e o amor que conecta. Acredito que poder de transforma��o est� em reencontrar o lugar que a gente se une.
 
Com amor,
Julia Alvim


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)