O fogo que atingiu o S�o Salvadore outras embarca��es que estavam atracadas �s margens do S�o Francisco teria origem criminosa, segundo o portal da regi�o Gazeta 5. Pescadores, funcion�rios da prefeitura e o Corpo de Bombeiros tentaram apagar o inc�ndio. Cerca de 20 barcos foram atingidos.
Luiz Felipe de Carvalho Ferreira tem um trabalho publicado sobre a navega��o no Rio S�o Francisco. Era funcion�rio da Empresa de Portos do Brasil (Portobras), respons�vel pela manuten��o da navega��o no rio. Depois trabalhou no servi�o de engenharia aquavi�ria da Superintend�ncia Regional de Minas Gerais do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
O especialista explica que o S�o Salvador j� n�o era mais uma embarca��o a vapor. “Foi transformado em um barco escola e era a diesel. O casco era o mesmo, foi reformado recentemente. A superestrutura era a mesma, de madeira.”
“� uma perda incomensur�vel”, lamenta. Ele lembra que nos tempos �ureos da navega��o no rio eram 42 embarca��es a vapor. “O primeiro vapor a navegar no S�o Francisco veio de Sabar�, navegando pelo Rio das Velhas. Se chamava Saldanha Marinho e est�, atualmente, em Petrolina, Pernambuco.” Segundo Ferreira, o barco est� fora d’�gua, em uma pra�a da cidade.
�ltimo exemplar
O especialista explica que o �nico barco a vapor que resta a navegar pelo Rio S�o Francisco agora � o Benjamim Guimar�es. “J� est� h� dois ou tr�s anos fora d’�gua, em Pirapora. Salvo engano, n�o posso confirmar, mas � o �nico vapor da classe dele existente no mundo, atualmente. Ele veio do Mississipi e l� n�o existem mais essas embarca��es.”
Ferreira diz que a embarca��o tamb�m corre o risco de desaparecer e levar com ela muita hist�ria. Segundo ele, h� uma briga envolvendo a Prefeitura de Pirapora, no Norte de Minas e o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), pela restaura��o da embarca��o. “Enquanto isso, nossa hist�ria vai indo embora.”
Benjamim Guimar�es foi tombado pelo Iepha em 1985.
O especialista destaca que quando foi retirado da �gua para restaura��o, o procedimento foi feito de maneira errada, o que causou danos � embarca��o. “Ele partiu ao meio. Foi recuperado, mas n�o voltou para a �gua, pois n�o terminaram a recupera��o. E quanto mais tempo ficar fora d’�gua, mais ele vai se deteriorando”, alerta.
Em janeiro de 2022, o aumento do n�vel do rio S�o Francisco, em Pirapora, chegou a atingir a embarca��o.
Ele lembra que antigamente s� existiam dois meios de se chegar � Regi�o Sudeste. “Ou era pelo vapor oce�nico ou pelo S�o Francisco. Essa regi�o foi muito importante para o crescimento do Brasil. A embarca��o percorria todo o rio, de Pirapora a Juazeiro, na Bahia.”
Constru�do pelos armadores James Rees Sons & Co. em 1913, n�o se sabe o m�s de batismo do navio. Ele chegou ao Brasil para servir � Amazon River Plate Company, no Rio Amazonas. Pelos trilhos da Central do Brasil, chegou desmontado a Pirapora, no fim da d�cada de 1920, e recebeu o nome do pai do dono da empresa, J�lio Mour�o Guimar�es. Seria destinado ao transporte de passageiros na primeira e segunda classes, al�m de puxar lanchas a reboque com lenha, gado e outros tipos de carga.