
O ex-primeiro-ministro italiano e magnata das comunica��es Silvio Berlusconi foi condenado nesta sexta-feira a um ano de pris�o por fraude fiscal na aquisi��o de direitos televisivos para seu imp�rio audiovisual Mediaset, uma decis�o que causou alvoro�o na It�lia.
Os advogados do 'Cavaliere' anunciaram que apresentar�o um recurso no dia 9 ou 10 de novembro, o que suspende automaticamente a aplica��o da condena��o.
O tribunal de Mil�o condenou Berlusconi a quatro anos de pris�o, mas ele teve a sua pena imediatamente reduzida para um ano, em virtude de uma lei de anistia de 2006, promulgada na �poca por um governo de esquerda para reduzir a popula��o carcer�ria.
A corte tamb�m proibiu Berlusconi de exercer cargos p�blicos durante os pr�ximos cinco anos, ao inv�s de tr�s como havia anunciado inicialmente.
A senten�a foi pronunciada apenas tr�s dias depois de Berlusconi ter anunciado oficialmente que n�o disputaria as elei��es legislativas de abril de 2013.
O ex-primeiro-ministro italiano criticou a senten�a, considerando que se trata de uma "persegui��o judicial intoler�vel".
"Foi um julgamento pol�tico, inacredit�vel e intoler�vel", disse Berlusconi, ao comentar a senten�a a uma emissora de seu grupo.
"N�o pode continuar assim. Com ju�zes como estes este pa�s se torna b�rbaro e insuport�vel, deixa de ser uma democracia", protestou.
Berlusconi foi condenado em primeira inst�ncia por fraude fiscal na aquisi��o de direitos televisivos para seu imp�rio audiovisual Mediaset.
Berlusconi � acusado de ter inflado artificialmente o pre�o dos direitos de difus�o de filmes comprados por empresas de fachada de sua propriedade e vendidos ao seu imp�rio audiovisual Mediaset, em um esquema que permitiu ao grupo reduzir os lucros na It�lia e pagar menos impostos.
Para isso, o grupo organizou no exterior um esquema de contas paralelas, de acordo com os ju�zes que iniciaram a investiga��o h� quase 10 anos.
"Esta � uma senten�a incr�vel, que contradiz os resultados do processo", denunciaram os advogados de defesa Piero Longo e Niccolo Ghedini.
O processo foi suspenso v�rias vezes, principalmente durante 2010, ap�s a ado��o de uma lei que concedia imunidade penal por 18 meses a Berlusconi, na �poca primeiro-ministro.
A lei foi parcialmente anulada no ano seguinte pelo Tribunal Constitucional, o que permitiu a retomada do julgamento contra Berlusconi.
A condena��o foi mais rigorosa do que a pedida pela acusa��o, de 3 anos e 8 meses de pris�o, j� que o ex-primeiro-ministro foi considerado respons�vel por inventar o complexo sistema de transa��o para enganar o fisco italiano.
De acordo com o promotor Fabio De Pasquale, a Mediaset "exagerou" os custos da compra de filmes, fixando-os em 368 milh�es d�lares entre 1994-1998, enquanto que entre 2001-2003 este n�mero caiu para 40 milh�es de euros.
"Berlusconi era em 1998 o chefe da rede que comandava o setor de direitos de televisivos", afirmou o promotor, que tamb�m pediu a mesma condena��o para o atual presidente da Mediaset, Fedele Confalonieri, bra�o direito do magnata das comunica��es. Mas este foi absolvido pelo tribunal.
O julgamento come�ou h� seis anos, e depois de v�rias suspens�es, recome�ou em fevereiro passado. Outros dez executivos do grupo foram julgados.
O veredicto � anunciado em um momento delicado para o ex-primeiro-ministro, de 76 anos, que rejeitou na quarta-feira a possibilidade de se candidatar em 2013 ao cargo de primeiro-ministro, que ocupou por quase 10 anos, uma decis�o que soou quase como um adeus.
"Pura persegui��o judicial", reagiu indignado Angelino Alfano, seu pupilo no partido fundado por ele mesmo, o Povo da Liberdade (PdL), enquanto o deputado conservador Fabrizio Ciccchito chegou a dizer que a decis�o era uma "tentativa de assassinato pol�tico".
Para o advers�rio hist�rico de Berlusconi, o ex-juiz da luta contra a corrup��o Antonio Di Pietro, "mais cedo ou mais tarde a verdade aparece" e "� bom que os italianos e o mundo saibam que h� uma declara��o em primeiro grau que considera Berlusconi um criminoso", disse.
Os problemas legais de Berlusconi come�aram em 1993, quando decidiu entrar na pol�tica e chegou a ser nomeado chefe de Governo.
O tribunal de Mil�o (norte) o acusou de corrup��o, uma acusa��o que for�ou sua renuncia sete meses depois de chegar ao poder em 1994.
'Il Cavaliere', como � chamado, enfrentou mais de uma d�zia de processos criminais nos �ltimos 30 anos e em tr�s deles foi condenado.
Entre os casos mais conhecidos, est� o caso da Loja Ma��nica P-2, pelo qual recebeu pena de pris�o na d�cada de 1980, mas foi posteriormente foi perdoado.
Na d�cada de 1990, ele foi condenado tr�s vezes em primeira inst�ncia por corrup��o, falsas declara��es e financiamento ilegal de partidos pol�ticos.
Desde ent�o, e gra�as a um ex�rcito de advogados, foi absolvido ou o crime pelo qual era julgado acabou prescrito.
Uma das personalidades mais controversa da It�lia e ao mesmo tempo mais carism�tica, concentrando um enorme poder econ�mico e pol�tico, foi tr�s vezes primeiro-ministro e protagonizou esc�ndalos sexuais, judiciais e gafes internacionais.