O Parlamento portugu�s adotou nesta quarta-feira a proposta de or�amento para 2013, marcada por um aumento generalizado de impostos que provocam um crescente descontentamento popular.
Os votos da coaliz�o de centro-direita no poder, e que disp�e de uma confort�vel maioria no Parlamento, bastaram para aprovar o projeto na primeira leitura, apesar de a oposi��o, dos socialistas � extrema esquerda, ter votado contra.
Ap�s a vota��o, manifestantes se reuniram em torno do Parlamento para denunciar esta nova volta da austeridade.
O or�amento 2013 prev� uma redu��o de gastos de 5,3 bilh�es de euros para reduzir o d�ficit de 5% este ano a 4,5% no pr�ximo. Oitenta por cento dessa quantia ser� obtida com um aumento de impostos, de 9,8% em m�dia este ano a 13,2% em 2013.
Este novo esfor�o corresponde a 3,2% do PIB, em uma tentativa de levar em conta os efeitos de uma recess�o econ�mica prevista de cerca de 1% do PIB, ap�s um recuo de 3% esperado este ano.
"O or�amento exige enormes sacrif�cios dos portugueses", reconheceu o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, mas "serve ao objetivo vital de concluir o programa de ajustes", afirmou no debate parlamentar que precedeu � vota��o.
Contudo, o secret�rio geral do Partido Socialista, Antonio Jos� Seguro, disse que "est� fadado ao fracasso", e denunciou a "austeridade ao extremo" e previs�es econ�micas muito otimistas.
Resist�ncia pol�tica e social
"Os riscos que pesam nos objetivos do programa aumentaram claramente e a resist�ncia pol�tica e social ao ajuste tamb�m", disse o FMI na semana passada.
Cada vez mais isolado, o governo � alvo das cr�ticas de numerosos economistas e editorialistas, incluindo importantes personalidades de direita, segundo as quais este or�amento est� muito centrado no aumento de impostos e ter� efeitos devastadores no plano econ�mico e social.
O primeiro-ministro explicou que este desequil�brio das receitas se deve ao fato de as redu��es dos gastos do Estado terem chegado a seu limite. Para "evitar que Portugal tenha que pedir um segundo plano de ajuda", Passos Coelho defendeu uma reforma ambiciosa das fun��es do Estado, que deve reduzir em 4 bilh�es de euros adicionais os gastos para 2014.
"Apenas as medidas econ�micas duradouras evitar�o impostos indesej�veis", disse seu colega de coaliz�o e ministro das Rela��es Exteriores, Paulo Portas, que convidou os socialistas a contribuir para esta reforma.
Na rua, o descontentamento � cada dia mais palp�vel ante a pol�tica de austeridade que levar� para o pr�ximo ano uma taxa de desemprego recorde de 16,4%, segundo as previs�es oficiais.
Ap�s mobilizar milhares de pessoas em meados de setembro, v�rios grupos do movimento dos Indignados convocaram um protesto frente ao Parlamento contra os cortes 'criminosos'.
A CGTP, principal confedera��o sindical do pa�s, convocou uma manifesta��o diante do Parlamento para �s 15H00 (hor�rio de Bras�lia). Este sindicato j� havia promovido uma greve geral para 14 de novembro, um dia de mobiliza��o contra a austeridade que se estender� tamb�m a outros pa�ses europeus, entre eles a vizinha Espanha.