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Estado de Minas

Dulce, a freira empreendedora e 'santa dos pobres' do Brasil

Irm� Dulce ergueu um gigantesco complexo de sa�de e assist�ncia social no nordeste do Brasil, que a converteu na 'santa dos pobres'


postado em 13/10/2019 08:12

(foto: Irmã Dulce - Acervo Irmã Dulce)
(foto: Irm� Dulce - Acervo Irm� Dulce)

Incans�vel em sua miss�o de dar  atendimento m�dico aos menos favorecidos, irm� Dulce ergueu um gigantesco complexo de sa�de e assist�ncia social no nordeste do Brasil, que a converteu, muito antes de ser canonizada neste domingo pelo Vaticano, na "santa dos pobres". 

Ver galeria . 12 Fotos Cerimônia de canonização de Irmã Dulce, primeira santa brasileira, no VaticanoALBERTO PIZZOLI / AFP
Cerim�nia de canoniza��o de Irm� Dulce, primeira santa brasileira, no Vaticano (foto: ALBERTO PIZZOLI / AFP )


Ao "anjo da Bahia", como era chamada pelos que a viam nas ruas de Salvador com seu h�bito azul e branco, s�o atribu�dos dois milagres: ter estancado a hemorragia de uma mulher ap�s um parto e devolvido a vis�o de um homem que esteve cego durante 14 anos.

Sua canoniza��o, 27 anos ap�s sua morte, foi o terceiro processo mais r�pido da hist�ria, atr�s apenas do Papa Jo�o Paulo II (2014) e da madre Teresa de Calcut� (2016).

(foto: Irmã Dulce - Acervo Irmã Dulce)
(foto: Irm� Dulce - Acervo Irm� Dulce)

Maria Rita Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em uma fam�lia abastada. Filha de um dentista e de uma dona de casa que morreu de parto quando ela tinha apenas sete anos, descobriu sua voca��o ainda adolescente, quando atendia mendigos e doentes na porta da casa da fam�lia. Aos 19 anos se tornou freira e adotou o nome de "Dulce", em homenagem � m�e.  

Come�ou atuando nos bairros mais pobres de Salvador e chegou a invadir propriedades desocupadas para abrigar doentes que pediam sua ajuda. 

Em 1949, transformou o galinheiro de um convento em uma enfermaria improvisada, que logo teria 70 leitos para se transformar em um grande complexo de hospitais e centros p�blicos de sa�de: as Obras Sociais da Irm� Dulce (OSID), que hoje atende anualmente cerca de 3,5 milh�es de pessoas.
(foto: Irmã Dulce - Acervo Irmã Dulce)
(foto: Irm� Dulce - Acervo Irm� Dulce)


- Uma freira conectada -  
Na �poca em que a sa�de p�blica n�o chegava a toda a popula��o, irm� Dulce abriu todas as portas necess�rias para cumprir sua miss�o. 

Como escreve seu bi�grafo Graciliano Rocha em "Irm� Dulce, a santa dos pobres", ela "sempre interpretou com compet�ncia a dire��o dos ventos pol�ticos e, assim, cativou os poderosos para ter acesso aos cofres p�blicos". 

Com um metro e meio, uma voz fraca - resultado de uma cirurgia nas cordas vocais - e uma enorme perspic�cia, irm� Dulce foi tecendo rela��es com a elite pol�tica e empresarial sem rejeitar qualquer tend�ncia.

Se relacionou praticamente com todos os ocupantes do Pal�cio do Planalto, dos generais da ditadura ao presidente Jos� Sarney (1985-1990), com quem se comunicava diretamente por telefone.

De grandes empres�rios, como Norberto Odebrecht, a pequenos comerciantes, todos se esfor�avam para atender seus pedidos. 

Entre a fila de necessitados que pediram sua ajuda no final dos anos 1960 estava o escritor Paulo Coelho, que havia fugido de uma casa de sa�de onde esteve internado e n�o tinha dinheiro para comer.

"Chegou a minha vez e a freira me perguntou: 'O que voc� quer?'. Eu disse, 'Queria voltar para casa, mas n�o tenho dinheiro. A senhora tem dinheiro?'. A� ela disse, 'Dinheiro eu n�o tenho'. Escreveu num bloquinho 'Vale duas passagens para o Rio' [e disse] 'V� � rodovi�ria e d� esse papel l�'", contou o escritor no programa Conversa com Bial, da TV Globo. 

"Me lembro como se fosse hoje: o cara pegou aquele bloquinho e disse, 'J� sei, entra a� no �nibus, vai. A irm� Dulce vive pedindo coisas e a gente n�o tem como negar", lembrou, emocionado.

O escritor, que vive em Genebra e � um doador frequente da OSID, anunciou uma contribui��o extra de 1 milh�o de reais por ocasi�o da canoniza��o.  

- Cuidar da sa�de alheira -
Apesar de todo o cuidado com o pr�ximo, irm� Dulce n�o cuidava da pr�pria sa�de, trabalhando sem descanso durante longos per�odos em jejum e sem dormir. 

"Nunca ningu�m a convenceu a trabalhar menos, inclusive quando j� era sexagen�ria e sua sa�de estava debilitada. Era a �ltima a ir dormir e a primeira a se levantar no convento, ao lado do hospital", destaca Rocha no livro. 

Em 1955, prometeu que se sua irm� escapasse de uma gravidez de alto risco dormiria o resto da vida sentada, e cumpriu. 

Nos trinta anos seguintes dormiu em uma cadeira de madeira, at� voltar a repousar em cama, a partir de 1985, por ordem m�dica.

Mas j� era tarde e uma doen�a pulmonar cr�nica foi degradando sua capacidade respirat�ria.

Irm� Dulce faleceu em mar�o de 1992, aos 77 anos, ap�s uma longa perman�ncia em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) instalada em seu quarto. 

O papa Jo�o Paulo II, que a encontrou em Salvador em 1980, a visitou no leito de morte em 1991 e ap�s rezar por ela declarou: "este � o sofrimento do inocente, igual ao de Jesus". 


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