
Especialistas em doen�as infecciosas est�o manifestando preocupa��o com a aprova��o emergencial na �ndia de uma vacina contra o coronav�rus produzida localmente antes da conclus�o dos testes.
No Brasil, cl�nicas privadas divulgaram no domingo que est�o negociando com a Bharat Biotech para compra de 5 milh�es de doses da vacina indiana, ainda n�o aprovada em nenhum outro pa�s al�m da �ndia.
O presidente da Associa��o Brasileira das Cl�nicas de Vacinas (ABCVAC), Geraldo Barbosa, afirmou em entrevista ao canal de TV Globonews que a expectativa � de que o resultado da terceira fase de testes do imunizante indiano saia ainda neste m�s de janeiro. Caso isso se confirme, o laborat�rio entraria em fevereiro com pedido de registro definitivo na Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa).
N�o est� claro como funcionaria (e nem se de fato haveria) uma eventual fila na rede privada de vacinas no Brasil.
Barbosa disse que, em um cen�rio otimista, a vacina estaria dispon�vel em cl�nicas particulares a partir da segunda quinzena de mar�o. Segundo ele, um memorando de inten��o foi assinado entre a ABCVAC e o laborat�rio Bharat Biotech, e uma comitiva de brasileiros viaja na segunda-feira (5/1) para a �ndia para conhecer melhor a vacina e a f�brica da empresa.
Cr�ticas na �ndia
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apontou a aprova��o como uma "virada no jogo" da covid, mas especialistas em sa�de alertam que a medida � apressada.
A entidade independente de vigil�ncia de sa�de All India Drug Action Network disse estar "chocada". Para ela, h� "preocupa��es significativas decorrentes da aus�ncia de dados de efic�cia", bem como uma falta de transpar�ncia que "levantaria mais perguntas do que respostas e provavelmente n�o refor�aria a f� em nossos �rg�os de decis�o cient�fica".
A declara��o da entidade foi feita depois que o controlador-geral de medicamentos da �ndia, V. G. Somani, insistiu que a Covaxin � "segura e fornece uma resposta imunol�gica robusta".
Ele acrescentou que as vacinas foram aprovadas para uso restrito no "interesse p�blico como uma precau��o, em modo de ensaio cl�nico, para ter mais op��es de vacina��o, especialmente no caso de infec��o por cepas mutantes".
"As vacinas s�o 100% seguras", disse ele, acrescentando que efeitos colaterais como "febre baixa, dor e alergia s�o comuns a todas as vacinas".
A All India Drug Action Network, no entanto, diz estar "perplexa ao tentar entender a l�gica cient�fica" para aprovar "uma vacina estudada de forma incompleta".
Uma das mais eminentes especialistas m�dicas da �ndia, Gagandeep Kang, disse ao jornal Times of India que "nunca tinha visto nada parecido antes". Ela afirmou que "n�o h� absolutamente nenhum dado de efic�cia apresentado ou publicado".
Nas redes sociais, diversas pessoas foram r�pidas em apontar que aprovar a vacina antes que os testes da vacina fossem conclu�dos � preocupante, independentemente de qu�o segura ou eficaz.
A �ndia tamb�m vai produzir localmente a vacina Oxford-AstraZeneca, que � parte importante do seu plano de imuniza��o local. Essa produ��o do imunizante da Oxford n�o poder� ser exportada para outros pa�ses antes de mar�o, para garantir que haja suprimento para a popula��o local.
Bharat Biotech’s Covaxin might turn out to be best Vaccine in world. That’s not the Point. Concern is that it has been approved without Peer Reviewed Phase 1-2 results and incomplete Phase 3 Trial. Govt saying it is 110% safe is not Data and “Give it a Chance” is not strategy
— Joy (@Joydas) January 3, 2021
Uma quest�o de confian�a
Vikas Pandey, BBC News, Delhi
Muitos cientistas e pol�ticos da oposi��o levantaram quest�es sobre o que eles dizem ser a autoriza��o apressada da Covaxin, uma vacina feita na �ndia pela empresa farmac�utica local Bharat Biotech.
A empresa desenvolveu a vacina com o Conselho Indiano de Pesquisa M�dica, administrado pelo Estado. O o esfor�o foi apresentado como um exemplo do poder da �ndia no desenvolvimento e produ��o de vacinas.
Os reguladores dizem que a vacina � segura e eficaz. A empresa afirma que os ensaios de fase 1 e fase 2 mostraram bons resultados.
Mas os cientistas dizem que a decis�o do governo de n�o divulgar dados sobre a efic�cia da vacina para revis�o por outros especialistas levantou preocupa��es.
Modi elogiou a aprova��o da vacina, dizendo que Covaxin � um exemplo brilhante de sua ambiciosa campanha de autossufici�ncia na �ndia.
Mas especialistas temem que as quest�es sobre o processo de aprova��o n�o sejam um bom press�gio para a campanha. E pode haver quest�es mais profundas. Muitos acreditam que o governo precisa ser mais transparente sobre o processo de autoriza��o, porque o sucesso do programa de vacinas contra covid-19 depende da confian�a p�blica.
A autoriza��o de emerg�ncia tamb�m gerou um debate acirrado no Twitter indiano na noite de domingo entre ministros e l�deres da oposi��o.
O ministro da sa�de da �ndia, Harsh Vardhan, criticou os l�deres da oposi��o por n�o "aplaudirem" a "habilidade" do pa�s em produzir localmente uma vacina.
A aprova��o ocorre no momento em que a �ndia se prepara para vacinar sua popula��o de mais de 1,3 bilh�o de pessoas. Em meio ao temor de que os pa�ses mais ricos estejam comprando grande parte do suprimento de vacinas, a �ndia tamb�m parece estar estocando vacinas.
Em uma entrevista � Associated Press, Adar Poonawalla, da Serum Institute of India, que est� fabricando a vacina AstraZeneca/Oxford, disse que o imunizante recebeu autoriza��o de emerg�ncia com a condi��o de n�o ser exportada para fora da �ndia.
Poonawalla disse que sua empresa, a maior fabricante mundial de vacinas, tamb�m n�o tinha permiss�o para vender a vacina no mercado privado.
A �ndia planeja vacinar cerca de 300 milh�es de pessoas em uma lista de prioridades at� agosto.
Ele registrou o segundo maior n�mero de infec��es no mundo, com mais de 10,3 milh�es de casos confirmados at� o momento. Quase 150 mil pessoas morreram.
Ambas as vacinas aprovadas no domingo podem ser transportadas e armazenadas em temperaturas normais de refrigera��o.
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