
"Meu problema � que fui declarada morta", diz Jeanne Pouchain.
Pode parecer incr�vel, mas foi exatamente isso que aconteceu com esta francesa de 58 anos, que mora perto de Lyon.
Como consequ�ncia, suas carteiras de identidade e de motorista n�o s�o mais v�lidas, seu n�mero de previd�ncia social foi cancelado e seu seguro-sa�de foi encerrado.
- 'Encontramos nosso beb� no metr�'
- A menina de 13 anos que foi abusada pelo pai, engravidou e morreu ap�s o parto
"Estou morta. Estou morta para os tribunais, para as ag�ncias governamentais, estou morta para todos."
Ela contou em uma entrevista recente a um programa de TV que n�o sai mais de casa, porque n�o sabe o que poderia acontecer se fosse presa ou tivesse qualquer outro tipo de problema.
"Meu marido faz as compras. N�o me atrevo a dirigir, como antes. Acordo de manh� e mal posso esperar o dia acabar."Este n�o � um problema recente — Jeanne est� oficialmente morta h� tr�s anos.
Morta ou viva?

Descobrir que n�o estava mais legalmente viva foi, como se pode imaginar, um choque.
"Eu descobri por meio de um julgamento no Tribunal de Apela��o de Lyon", disse Jeanne. "Os oficiais de justi�a vieram e me contaram sobre a 'falecida' Jeanne Pouchain."
Os funcion�rios judiciais tinham duas cartas, uma para o marido e outra para o filho. "Ao ler esses documentos, percebi que, na verdade, eu estava morta."

Os problemas come�aram para Jeanne quando ela foi processada por uma ex-funcion�ria de uma empresa de limpeza que ela dirigia e buscava uma indeniza��o por ter perdido o emprego h� quase 20 anos.
O caso tramitou pelo sistema legal franc�s durante anos, at� que um tribunal de Lyon decidiu em 2017 que a indeniza��o teria de ser paga, mas a gerente da empresa de limpeza j� havia falecido.
Jeanne afirma que nunca recebeu uma intima��o para comparecer � audi�ncia e, portanto, n�o foi capaz de contestar o acordo financeiro ou seu novo status de pessoa falecida.
Como resultado, ela n�o apenas permaneceu legalmente morta, mas seu marido e filho foram instru�dos a pagar R$ 124 mil � ex-funcion�ria.
Os efeitos do veredicto acabaram sendo mais do que apenas financeiros. "Parei de sair, fico em casa o m�ximo poss�vel. Quando algu�m toca a campainha, eu me escondo porque tenho medo. N�o sei que outras m�s not�cias vir�o."
S� se vive duas vezes

Mais de tr�s anos depois, Jeanne ainda est� tentando persuadir o sistema administrativo franc�s a ressuscit�-la legalmente.
"Quero que o Estado me devolva minha identidade. Quero ter minha vida de volta, ter minha fam�lia de volta, meu marido, meu filho, meu c�rculo social."
O advogado de Jeanne precisa provar a nulidade do documento do tribunal declarando que ela est� morta, a fim de anular o veredicto anterior que a descreveu como falecida.
"O mais importante � provar que estou viva, provar que existo", diz ela.

Ningu�m sabe exatamente como o problema surgiu.
O advogado de Jeanne, Sylvain Cormier, em declara��es � ag�ncia de not�cias AFP, afirmou que "a ex-funcion�ria disse que ela estava morta, sem fornecer qualquer prova, e todos acreditaram".
"Ningu�m verificou", acrescentou Cormier.
A ex-funcion�ria n�o falou publicamente, nem mesmo foi identificada, mas seu advogado acusa Jeanne de estar envolvida em sua pr�pria morte.
Eles alegam que ela se fingiu de morta para tentar evitar lit�gios, inclusive se recusando a responder a cartas judiciais. Ambos os lados contestam a vers�o dos fatos apresentados pela outra parte.
Quem quer que esteja falando a verdade, uma coisa � clara: Jeanne n�o est� morta.
Ela recebeu algumas not�cias positivas. Uma ag�ncia governamental disse que n�o a identificava mais marcada como morta, mas tamb�m n�o a classificava como viva.
"Estou renascendo", diz Jeanne.
J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!
