
Com medidas excepcionais e programas como o Plano de Soberania Alimentar e Educa��o Nutricional, conhecido como Plano PAN e em in�cio de implementa��o, o governo tenta criar pol�ticas p�blicas que diminuam a depend�ncia das importa��es e melhorem a produ��o nacional para ter a economia menos impactada pelo embargo e, atualmente, pela pandemia de COVID-19.
"� uma estrat�gia limitada porque continua tendo o problema estrutural. Tem o embargo que prejudica muito no desenvolvimento de produ��o, pela falta de maquin�rio e pe�as, por exemplo, mas tem tamb�m a burocracia que ainda � grande", explica o coordenador de Rela��es Internacionais da Funda��o Escola de Sociologia e Pol�tica de S�o Paulo (Fesp-SP), Mois�s Marques.
Cuba realizou mudan�as econ�micas ao longo dos anos, mas ainda n�o conseguiu uma estrutura que permitisse a independ�ncia da ajuda de outros pa�ses. At� os anos 90, o pa�s tinha como principal fonte de renda a exporta��o de a��car, tabaco e rum. A Uni�o Sovi�tica comprava a maior parte dessa produ��o e isso permitia ao pa�s caribenho ter at� um or�amento pr�-determinado.
"Com a queda da URSS, Cuba passa a tentar outras alternativas. A ilha tem at� min�rios interessantes, como n�quel, cobalto, mas sem uma boa ind�stria extrativista. Nesse caso, o embargo econ�mico cria problemas s�rios porque eles n�o conseguem importar maquin�rio", explica Marques.
O maior impacto do embargo americano e das restri��es impostas pelos Estados Unidos � ao sistema financeiro da ilha. "Isso ocorre porque as institui��es financeiras e as empresas com opera��es ligadas aos EUA s�o cuidadosas para n�o chamar a aten��o Departamento do Tesouro e do Departamento de Estado", diz o presidente do Conselho Econ�mico e Comercial EUA-Cuba, John Kavulich.
Esperan�a do turismo
Ap�s os anos 1990, com a d�vida externa alta e os problemas econ�micos internos, Cuba fez acordos com empresas internacionais, principalmente europeias, para desenvolver o turismo. Redes hoteleiras passam a explorar pontos tur�sticos e uma porcentagem do dinheiro ficava com o Estado, que tamb�m fornecia a m�o de obra.
Marques explica que nesse momento criou-se a ind�stria do turismo em Cuba e, a partir de ent�o, essa se torna a principal entrada de dinheiro no pa�s. "Junto vem a cria��o de uma moeda paralela, o CUCl, que criou tamb�m uma economia paralela. Se voc� fosse turista ou tivesse acesso ao CUC, tinha chances de acesso a mais coisas, por exemplo. E come�am a ser permitidos os primeiros pequenos neg�cios na ilha, como os paladares (restaurantes em casa) e as pessoas ficavam com parte da renda."
Mas foi justamente o turismo o mais foi afetado com a chegada da pandemia de covid-19 em Cuba. Com o fechamento das fronteiras, o setor que era respons�vel por levar cerca de US$ 3 bilh�es por ano � ilha passou a levar apenas US$ 1 bilh�o. "A pandemia de covid-19 foi devastadora para a economia cubana", afirma Kavulich.
Outra forma de o governo cubano conseguir arrecadar � com a exporta��o de m�o de obra qualificada. Com um sistema que fornece educa��o de qualidade a todos os cidad�os, a maioria dos cubanos tem diploma universit�rio e fala mais de um idioma. Com isso, seus m�dicos e professores eram muito requisitados para atuar em outros pa�ses.
Na Venezuela, por exemplo, um dos grandes parceiros de Cuba, as miss�es alfabetizadoras usavam professores cubanos acostumados com as t�cnicas de alfabetiza��o. No Brasil, o programa Mais M�dicos chegou a trazer muitos cubanos para atuar no Pa�s.
Mas a mudan�a de governos em pa�ses como Brasil, Bol�via e Equador, al�m da crise econ�mica e pol�tica que a Venezuela atravessa, diminu�ram a demanda por esses profissionais.
"A discuss�o do fato de o governo cubano ficar com parte do que esses profissionais recebiam e as mudan�as ideol�gicas nos comandos dos pa�ses fez isso diminuir. Agora, voc� tem em Cuba uma popula��o jovem altamente qualificada e sem perspectivas de futuro, isso � muito complicado", explica Marques.
O cubano Rafael Antonio Moreno � engenheiro eletr�nico e conta ao Estad�o que quer ver mudan�as nas lideran�as do pa�s. "H� um descontentamento geral, as pessoas est�o morrendo e passando dificuldades muito s�rias. E o principal problema � que n�o h� futuro aqui. Os dias passam, os meses, e tudo piora."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.