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Estado de Minas TRAG�DIA

Rep�rter do EM relata mis�ria em primeiro terremoto do Haiti, em 2010

No Haiti, pa�s mais miser�vel das Am�ricas, pessoas dormiam em barracas por temer desabamentos e comiam biscoitos com lama e manteiga para saciar a fome


14/08/2021 19:10 - atualizado 14/08/2021 19:14

Atingidos pelo terremoto de 2010 dormiam em barracas pelas ruas por medo de desabamentos
Atingidos pelo terremoto de 2010 dormiam em barracas pelas ruas por medo de desabamentos (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)
Pisar em Porto Pr�ncipe, na capital do Haiti, o pa�s mais miser�vel das Am�ricas � aterrador at� para o brasileiro mais acostumado a cobrir as mis�rias da amaz�nia aos pampas. O que consideramos barraco � de longe moradia rica para aquele povo, tamanha a sua precariedade. Ap�s o terremoto que matou cerca de 200 mil pessoas e arrasou todas as infraestruturas fazendo desabar inclusive o pal�cio presidencial, o pa�s inteiro ficou sob ru�nas.

Fiz a cobertura naquele ano a partir da Base Brasileira (Brabat), com a visita do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT), j� que nosso pa�s tinha o mandato de seguran�a da ONU para a pacifica��o haitiana desde 2008, sob a Miss�o das Na��es Unidas para a Estabiliza��o do Haiti (MINUSTAH).

Ao todo, 37.449 militares brasileiros participaram da opera��o – que durou 13 anos e 137 dias. Impressionava como eram prec�rios e depois ainda mais destru�dos os sitemas sanit�rios da capital, com os esgotos a c�u aberto jorrando como chafarizes. Tudo isso depois se degradou ainda mais com os desabamentos trazidos pelo tremor de terra.

 

 

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O mesmo lugar de se fazer as necessidades era onde os haitianos se abasteciam
O mesmo lugar de se fazer as necessidades era onde os haitianos se abasteciam (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)
O primeiro pa�s das Am�ricas a se tornar independente de sua metr�pole (a Fran�a) estava t�o arruinado que as pessoas urinavam sobre valas onde metros mais adiante a mesma �gua era usada para banho e cozinhar.

Um desespero que nos fazia, de dentro de coletes bal�sticos dos fuzileiros navais brasileiros, repartir chocolates, chicletes ou qualquer outra coisa mastig�vel. A mis�ria era tanta que cheguei a ver crian�as misturando lama com manteiga para fazer biscoitos e comer.

Na fome, até biscoitos de lama com manteiga eram consumidos
Na fome, at� biscoitos de lama com manteiga eram consumidos (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)
Com o terremoto, muitos dos brasileiros que trabalhavam nas obras de infraestrutura se feriram ou perderam a vida, mas ainda assim �ramos muito bem-vindos naquele pa�s, que s� conheceu quem lhes tirasse e nunca lhes estendesse a m�o.

A palavra que mais se ouvia entre os nativos ap�s gestos que dedilhavam suas bocas era "manger" (comida, em franc�s, a segunda l�ngua local, ap�s o creole). Ningu�m dormia mais em casa por medo de ser soterrado, espalhando um aglomerado de barracas brancas da ONU por todas as ruas. E esse medo perdurou at� a minha partida. At� bandeiras nacionais e dos Estados Unidos eram usadas para fazer esses abrigos.

Repórter Mateus Parreiras durante a cobertura do terremoto de 2010
Rep�rter Mateus Parreiras durante a cobertura do terremoto de 2010 (foto: Mateus Parreiras/EM/D.A.Press)
O Haiti � t�o pobre, que mesmo sendo tropical, essas pessoas morriam de frio. O motivo: praticamente todas as �rvores da ilha foram destru�das na coloniza��o e anos posteriores, fazendo daquele um pa�s que sequer lenha tinha. Muita tristeza imaginar aquele esfor�o que o Brasil fez e saber que novamente os haitianos passam por tamanha trag�dia.


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