
Em sua loja virtual "Mem�rias da Cl�", lan�ada em 2019 especialmente para mulheres, perguntas, conselhos e pedidos s�o feitos principalmente por mensagem privada, assim como na 'love store' de Carolina Marques, inaugurada h� um ano com o nome de "ConsenSual".
Marques, de 26 anos, rejeita o termo "sex shop". � muito "agressivo" para o p�blico evang�lico, cuja vis�o do sexo pode ser muito conservadora, explica esta integrante da igreja Assembleia de Deus, que quer se tornar sex�loga.
Seu cat�logo de "produtos auxiliares do relacionamento", como ela os define, tem uma apresenta��o contida para que quem o consulte "n�o sinta que tem que fechar a tela" com pressa se algu�m se aproximar, afirma.
Antes de se casar, Marques percebeu como era delicado abordar a divers�o sexual entre as convidadas evang�licas de seu ch� de solteira.
"N�s, crist�os, temos muito esse tabu da sensualidade. Mas dentro do seu casamento com seu c�njuge n�o � visto com esses olhos porque pode ser natural. Quero tirar esse estigma de que o sexo � s� para reprodu��o", diz ela em sua pequena casa com quintal em S�o Gon�alo, no Rio de Janeiro.
Para lan�ar sua loja, uma das pioneiras no setor, ela informou o pastor de sua igreja e sua esposa. "Eles sempre me alertam: cuidado com as embalagens" e foram os primeiros contr�rios a falar em "sex shop". "'Isso assusta. Isso mostra algo diferente do que n�s somos. Deixa algo muito vulgar', me disseram".
Discri��o � a palavra de ordem, garante ela. "N�o vou distribuir panfletos na sa�da do culto" evang�lico, corrente do cristianismo � qual pertencem cerca de 30% dos brasileiros, segundo pesquisas recentes.
Pecado?
Lubrificantes com sabor de algod�o doce ou ma�� do amor, perfumes afrodis�acos, dispositivos em forma de ovo para melhorar a sintonia... Marques se limita a oferecer produtos menos transgressores para que as clientes, casadas ou noivas, "n�o sintam que est�o fazendo algo errado" diante de Deus.
Assim, pr�teses, objetos para se divertir "sozinho" ou a linha de sexo anal ficam de fora.
"O que � pecado, o que n�o?". Dos Anjos, de 43 anos, que frequenta a igreja Batista, buscou respostas nos textos sagrados, mas chegou � conclus�o de que cada casal deve estabelecer seus limites.
A ideia do "Mem�rias da Cl�" nasceu com a sua primeira visita a um "sex shop", ap�s se divorciar do marido que a for�ava a manter rela��es.
"Eu n�o sabia o que era prazer. A pessoa l� era um homem. Como vou explicar para ele? Achei que outras mulheres evang�licas pensavam isso tamb�m".
Al�m de comercializar produtos como estimulantes femininos, ela dedica grande parte de sua atividade � orienta��o de mulheres com problemas de lubrifica��o, p�s-parto, etc.
Mas tamb�m recebe casais, como um homem e uma mulher virgens que aconselhou durante dias para que se aproximassem mutuamente. "A venda aconteceu depois", lembra.
"O templo do Senhor"
Jessica, de 24 anos, � uma das clientes habituais da ConSensual. "Hoje uso g�is de massagem, lubrificantes, com t�rmico, sabores... Deixa a rela��o mais gostosa e divertida", explica ela por mensagem no WhatsApp, para manter seu anonimato.
Essa jovem conta ter convencido algumas amigas a tentar a experi�ncia. Outras, por�m, rejeitam de cara, por aquele "preconceito formado" de que � algo "agressivo".
Marques, que passou a receber encomendas de outros estados do Brasil, revela sua m�xima para seduzir suas clientes: "Nosso corpo � nosso templo, o templo do Senhor. Ent�o a gente tem que cuidar".