
O deputado e ex-l�der estudantil Gabriel Boric, de 35 anos, foi eleito presidente do Chile neste domingo (19/12) com 55,85% dos votos, ap�s 98,7% das urnas apuradas, informou o Servi�o Eleitoral (Servel). O candidato de esquerda � filiado ao partido Converg�ncia Social e derrotou nesta vota��o em segundo turno o advogado de extrema-direita Jos� Antonio Kast, do Partido Republicano.
Boric, que se tornou o presidente eleito mais novo da hist�ria do Chile, publicou em suas redes sociais, menos de uma hora depois de o advers�rio reconhecer a derrota nas urnas, uma mensagem curta defendendo uni�o e esperan�a para a popula��o chilena.
De inexperiente � Presid�ncia
Nascido na cidade de Punta Arenas, no extremo sul do pa�s, Boric se imp�s sobre o projeto de ordem e continuidade neoliberal proposto por seu advers�rio Kast, com um programa que promete avan�ar rumo a um Estado de bem-estar social.
Deputado e ex-l�der estudantil, ele se candidatou � presid�ncia pela coliga��o Apruebo Dignidad, que re�ne a Frente Amplio, da qual faz parte, e o Partido Comunista. No segundo turno, ele conseguiu o apoio de todos os partidos de centro-esquerda.

Sem inten��o de liderar uma candidatura presidencial at� o ano passado por ser considerado "inexperiente", em maio, nas prim�rias da esquerda, ele surpreendentemente superou Daniel Jadue, candidato do Partido Comunista e prefeito do Bairro da Recoleta, em Santiago.
"Somos uma nova gera��o que entra na pol�tica com as m�os limpas, o cora��o quente, mas com a cabe�a fria", declarou Boric ap�s votar neste domingo em sua cidade natal.

Suas propostas s�o frequentemente opostas �s de Kast, que � contr�rio ao aborto e ao casamento igualit�rio e buscava manter os pilares do sistema neoliberal imposto pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
Boric quer garantir uma s�rie de direitos sociais, que pretende financiar com uma reforma tribut�ria que visa arrecadar mais 5% do PIB durante seu governo.
Extrema direita reconhece derrota
Kast reconheceu a derrota nas urnas e telefonou para o advers�rio para parabeniz�-lo pela vit�ria em uma das elei��es mais disputadas dos �ltimos anos no pa�s. "Acabei de falar com @gabrielboric e o parabenizei por sua grande vit�ria. A partir de hoje ele � o presidente eleito do Chile e merece todo o nosso respeito e colabora��o construtiva. Chile sempre em primeiro lugar", escreveu Kast em sua conta no Twitter.
Acabo de hablar con @gabrielboric y lo he felicitado por su gran triunfo. Desde hoy es el Presidente electo de Chile y merece todo nuestro respeto y colaboraci�n constructiva. Chile siempre est� primero %uD83C%uDDE8%uD83C%uDDF1%u270C%uFE0F pic.twitter.com/AvpBKs0GFT
%u2014 Jos� Antonio Kast Rist %uD83C%uDDE8%uD83C%uDDF1 (@joseantoniokast) December 19, 2021
Calor, falta de �nibus e longas filas
O domingo foi marcado por uma vota��o que durou 10 horas em um dia de altas temperaturas no pa�s, problemas no transporte p�blico e muita pol�mica envolvendo longas filas que se formaram nas se��es eleitorais do pa�s de 19 milh�es de habitantes.Em um dia de primavera, com temperaturas de at� 35 graus Celsius, grandes aglomera��es foram registradas nos pontos de transporte p�blico, principalmente pela manh�, quando muitos tentaram se adiantar para evitar o calor e n�o encontraram �nibus.

Nas redes sociais e na imprensa, eleitores denunciaram a falta de �nibus em um dia em que o governo havia prometido aumentar a frota.
O governo, por sua vez, garantiu que n�o houve problemas com o transporte, mas no final da tarde a ministra da pasta, Gloria Hutt, pediu desculpas.
Mais de 15 milh�es de cidad�os foram convocados �s urnas para escolher o sucessor de Pi�era.
Renova��o da Constitui��o
O Chile atravessa profundas mudan�as desde 2019, quando surgiram grandes protestos - alguns muito violentos - exigindo maior igualdade e direitos sociais.
A chamada "explos�o social" desencadeou um processo de elabora��o de uma nova Constitui��o para substituir aquela promulgada durante a ditadura de Pinochet.
A conven��o que redige o novo texto, dominada por representantes de esquerda, deve concluir seus trabalhos em meados do pr�ximo ano, sob o olhar do novo presidente.

Nunca antes, desde o retorno � democracia, em 1990, haviam disputado a vota��o final candidatos que n�o pertencem nem � antiga Concertaci�n, coaliz�o de partidos de centro-esquerda, nem � Alianza, coaliz�o de direita.
A campanha teve um tom bastante polarizado e com ampla circula��o de not�cias falsas. "Esta campanha foi encarada pela classe pol�tica da pior forma (...) com uma imagem de polariza��o que � bastante enganosa", disse � AFP o analista pol�tico Marcelo Mella, da Universidade de Santiago.