
A Ucr�nia rejeitou, nesta segunda-feira (7/3), a cria��o de corredores humanit�rios para R�ssia e Belarus propostos por Moscou e se prepara para novas ofensivas em v�rias regi�es do pa�s, incluindo Kiev, ap�s uma noite de bombardeios.
A ofensiva russa, iniciada em 24 de fevereiro, provocou a fuga de mais de 1,5 milh�o de pessoas da Ucr�nia e um n�mero ainda maior de habitantes est�o deslocados dentro do pa�s ou bloqueados em cidades bombardeadas pela R�ssia.
O Ex�rcito russo anunciou esta manh� a suspens�o tempor�ria dos ataques em algumas regi�es "com fins humanit�rios" e a abertura de corredores humanit�rios para retirar os civis de Kiev, Kharkiv, do porto cercado de Mariupol e da localidade de Sumy, perto da fronteira com a R�ssia.
Metade dos corredores, por�m, segue em dire��o � R�ssia e Belarus e o governo ucraniano rejeitou a proposta.
"N�o � uma op��o aceit�vel", disse a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereschuk. Ela afirmou que os civis retirados das cidades de Kharkiv, Kiev, Mariupol e Sumy "n�o ir�o para Belarus, para em seguida embarcar em um avi�o e seguir para R�ssia".
- "Kiev resistir�!" -
"O inimigo continua a opera��o contra a Ucr�nia, concentrado em cercar Kiev, Kharkiv, Chernihiv, Sumy e Mykolayiv", afirmou algumas horas antes o Estado-Maior das For�as Armadas ucranianas em um comunicado.
As for�as russas "come�aram a acumular recursos para atacar Kiev", acrescenta a nota.
"Os ocupantes russos tentam concentrar suas for�as para uma nova s�rie de ataques", afirmou o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov, no Facebook.
Na capital, os soldados ucranianos se preparavam para um poss�vel ataque russo. Os militares colocaram explosivos no que afirmam ser a �ltima ponte intacta no caminho das for�as russas.
"A capital se prepara para se defender", disse o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, no aplicativo Telegram. "Kiev resistir�! Vai se defender!", acrescentou.
No domingo, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, advertiu que a R�ssia se preparava para bombardear Odessa, um porto estrat�gico no Mar Negro.
Em Lugansk, leste da Ucr�nia e sob controle dos separatistas pr�-R�ssia, uma forte explos�o provocou um inc�ndio nesta segunda-feira em um dep�sito de petr�leo, segundo a ag�ncia russa de not�cias Interfax.
- "Corpos por todos os lados" -
Um ataque, no domingo, com m�sseis contra o aeroporto de Vinnytsia, 200 km ao sudoeste de Kiev, matou cinco civis e quatro militares, segundo os servi�os de emerg�ncia ucranianos.
Centenas de civis j� morreram e milhares ficaram feridos na guerra. E as cenas de �xodo dos moradores da Ucr�nia para pa�ses vizinhos provocam uma grande como��o ao redor do mundo.
Na cidade portu�ria de Mariupol, uma nova tentativa de permitir a sa�da de civis fracassou no domingo devido ao desrespeito de um cessar-fogo acordado, o que rendeu uma troca de acusa��es entre russos e ucranianos.
A cidade estrat�gica �s margens do Mar de Azov tem "cenas devastadoras de sofrimento humano", afirmou o Comit� Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Uma fam�lia que conseguiu escapar da cidade descreveu as condi��es extremas dos �ltimos dias.
"Passamos sete dias em um por�o sem aquecimento, energia el�trica ou internet, a �gua e a comida acabaram", disse uma pessoa que pediu anonimato ao chegar em Dnipro, no centro da Ucr�nia.
"Na estrada vimos corpos por todos os lados, russos e ucranianos... Vimos que as pessoas foram enterradas em seus por�es", acrescentou.
Em Irpin, uma pequena localidade pr�xima de Kiev, o prefeito afirmou que viu o momento em que dois adultos e duas crian�as morreram na queda de uma bomba.
"S�o monstros. Irpin est� em guerra, Irpin n�o se rendeu", escreveu Oleksandr Markushyn no Telegram, ao mesmo tempo que admitiu que parte da cidade est� sob controle russo.
- Bolsas em queda, petr�leo e g�s em alta -
Os pa�ses ocidentais anunciaram san��es sem precedentes contra empresas, bancos e oligarcas para asfixiar a economia russa e pressionar Moscou a interromper a ofensiva.
O governo dos Estados Unidos admitiu que est� examinando a possibilidade de proibir a importa��o de petr�leo russo, o que levou a cota��o do barril do tipo Brent a quase 140 d�lares, perto do recorde hist�rico. Os pre�os do alum�nio e do cobre tamb�m registraram valores in�ditos nesta segunda-feira.
O pre�o do petr�leo, que pode agravar uma infla��o j� elevada, fez com que as principais Bolsas europeias registrassem quedas de mais de 4% na abertura. Ao mesmo tempo, o pre�o do g�s natural europeu disparou 60%, a mais de 300 euros o megawatt-hora, em um cen�rio de medo por um poss�vel corte no abastecimento procedente da R�ssia.
Putin equiparou as repres�lias econ�micas a uma declara��o de guerra. Ele prometeu que a R�ssia conseguir� "neutralizar" a Ucr�nia, "seja pela negocia��o ou pela guerra".
Voz dissonante no cen�rio internacional, a China reiterou nesta segunda-feira a amizade "s�lida como uma rocha" com a R�ssia, mas se declarou disposta a participar em uma media��o de paz "se for necess�rio".
Uma terceira rodada de negocia��es russo-ucranianas est� programada para esta segunda-feira, mas as expectativas n�o s�o boas. O presidente russo estabeleceu como condi��o pr�via a aceita��o por Kiev de todas as exig�ncias de Moscou, especialmente a desmilitariza��o da Ucr�nia e um status neutro para o pa�s.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu na semana passada uma investiga��o sobre a situa��o na Ucr�nia. O governo dos Estados Unidos afirmou que recebeu informa��es "muito confi�veis" sobre crimes de guerra cometidos pela R�ssia.
"N�o perdoaremos, n�o esqueceremos, puniremos todos aqueles que cometeram atrocidades nesta guerra contra nossa terra", disse Zelensky no domingo. "Eles n�o ter�o um lugar tranquilo nesta Terra, exceto o t�mulo".
Reino Unido, Estados Unidos, Canad�, Austr�lia e Nova Zel�ndia pediram que a Interpol suspenda a R�ssia da organiza��o policial internacional, afirmou a ministra brit�nica do Interior, Priti Patel.
E no in�cio das audi�ncias na Corte Internacional de Justi�a (CIJ) nesta segunda-feira, como parte de um requerimento apresentado pela Ucr�nia, a R�ssia n�o enviou representantes ao tribunal com sede em Haia.
Em mais um tema provocado pela guerra, a seguran�a das centrais nucleares ucranianas tamb�m � motivo de grande preocupa��o, ap�s o ataque russo � usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa.
A Ag�ncia Internacional de Energia At�mica (AIEA) expressou "profunda preocupa��o" com a situa��o da central, que agora � controlada pela R�ssia e onde os funcion�rios n�o estariam conseguindo fazer seu trabalho da maneira adequada.