
Os incidentes envolvendo passageiros de avi�es que se recusam a seguir regras e causam transtornos tiveram alta de 37% em 2022 no mundo.
Em m�dia, houve um relato do tipo a cada 568 voos em 2022, segundo dados da Associa��o Internacional de Transporte A�reo (IATA), entidade que re�ne mais de 300 companhias a�reas do mundo. Em 2021, houve um caso a cada 835 voos.
Os casos de conflito que terminaram em ataques f�sicos subiram 61% no per�odo, embora sejam mais raros: foram 7% do total de registros. Em 2021, houve um confronto f�sico a cada 17.200 voos.
As situa��es mais comuns foram de uso de cigarros, tradicionais ou eletr�nicos, dentro da cabine ou dos banheiros, o que � proibido, recusa em atar o cinto de seguran�a, excesso de peso ou de tamanho em bagagens e casos de passageiros que levaram suas pr�prias bebidas alco�licas para consumir durante o voo.
A Iata separa o casos de indisciplina em quatro n�veis: no primeiro, o passageiro se recusa a seguir regras de seguran�a, questiona as medidas ou age de modo exagerado, mas sem maiores consequ�ncias. Viajantes embriagados geralmente entram nesta categoria.
No n�vel dois, o cliente age de modo agressivo e causa danos ao avi�o. Na categoria tr�s, h� risco mais s�rio, como a amea�a de usar uma arma e de ferir as pessoas. No mais alto, o quatro, h� tentativa de sequestrar ou sabotar o avi�o e de matar.
No Brasil, a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (ANAC) notou um aumento de queixas de problemas do tipo por parte das empresas a�reas no p�s-pandemia, e criou um grupo de estudos para buscar sa�das.
Em agosto de 2022, por exemplo, um passageiro quebrou poltronas do avi�o ap�s ter um surto em um voo da Gol, entre S�o Paulo e Recife. V�deos mostram ele chutando as bandejas e os encostos de tr�s poltronas. Havia a suspeita de que ele estava alcoolizado.
Para minimizar o problema de indisciplina, a Iata defende que os governos sejam mais firmes para processar e punir os casos de passageiros. Em 2014, foi criado o Protocolo de Montreal, que prev� medidas neste sentido. At� agora, apenas 45 pa�ses, incluindo o Brasil, assinaram o tratado.
O Protocolo de Montreal busca atualizar outra conven��o, de 1963, que determina que a jurisdi��o sobre eventuais crimes ocorridos a bordo de voos internacionais cabe ao pa�s onde a aeronave est� registrada. Isso gera um problema: se a tripula��o de um avi�o registrado no Reino Unido, por exemplo, pousa na Col�mbia e relata um caso de viol�ncia, as autoridades locais n�o teriam poder para prender o agressor, que acabaria liberado.
Como mais de 50% da frota global das companhias a�reas � alugada, muitas vezes uma aeronave � registrada em um terceiro pa�s n�o envolvido no voo que teve problema.
Outra sa�da defendida � a preven��o, como a��es envolvendo os bares, restaurantes e duty-frees dos aeroportos, para que eles regulem a venda de bebidas. H� tamb�m recomenda��o de mais treinamentos para as equipes de bordo, para saberem como acalmar situa��es de conflito e evitar que elas tenham um desfecho tr�gico.
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O rep�rter viajou a convite da Iata.